Aqueles em Hong Kong que defendem o aumento da democracia estão preocupados que a liberdade de imprensa da cidade esteja em apuros, pois uma facção do Partido Comunista Chinês (PCC) cada vez mais tem usado os meios de comunicação de Hong Kong para espalhar propaganda.
Pandemocratas – legisladores de diferentes partidos unidos pela democracia de Hong Kong – iniciaram uma moção no Conselho Legislativo em 22 de janeiro em defesa da liberdade de imprensa em Hong Kong, a qual passou por 35 votos.
Alan Leung, o líder do Partido Cívico, que iniciou o movimento, disse que a recente onda de eventos em Hong Kong mostra que a liberdade de imprensa está ameaçada.
Ele disse que tudo começou com o Diário da Manha do Sul da China (DMSC), um jornal de Hong Kong que começou a apoiar o PCC quando Wang Xiangwei, do jornal Diário da China, foi nomeado vice-editor do DMSC, e pouco depois seu editor-chefe.
Isto foi seguido em setembro de 2011 pela nomeação incomum do diretor-administrativo de Hong Kong, Roy Tang Yun-Kwong, que não tinha qualquer experiência com mídia, para supervisionar as operações da Rádio Televisão de Hong Kong (RTHK).
Depois disso, em maio de 2012, o chefe-executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, enviou uma carta legal ameaçando o Hong Kong Economic Journal. Em novembro de 2013, o franco comentarista Lee Wai-ling da Commercial Radio Hong Kong foi transferido à força e, agora em janeiro, o editor-chefe do Ming Pao foi substituído por um conhecido pró-comunista.
Gary Fan, um membro do Partido Neodemocrata, disse que a mídia de Hong Kong, em sua maioria, se tornou “vermelha”. Por exemplo, a ATV World, o Sing Pao, o Diário da Manhã do Sul da China e o Sing Tao foram alistados, por meio de interesses comerciais ou políticos, para apoiar o PCC, disse Fan.
Alguns canais de televisão semioficiais da China continental, como a Phoenix Television e a One TV, estabeleceram filiais em Hong Kong, acrescentou Fan. A imprensa local foi empobrecida, e os dias da liberdade de imprensa em Hong Kong estão contados, disse ele.
Kwok Ka-ki, membro do Partido Cívico e do Conselho Legislativo, descreveu a situação da mídia de Hong Kong sendo assimilada pelo Partido Comunista: “Comprando as mídias de Hong Kong uma a uma, e depois queimando-as uma a uma.”
Chen Zhong, um especialista em China, destacou que quando o PCC usou a publicidade para exercer pressão sobre o AM730 e o Apple Daily, isso mostrou que é muito difícil hoje em dia para a mídia convencional de Hong Kong sobreviver sem os fundos do PCC.
Essas mídias de Hong Kong devem seguir as diretrizes do PCC em questões críticas e impor a autocensura na reportagem, e os termos que usam estão cada vez mais alinhados com a mídia oficial do PCC, disse Chen.
Luta política
Chen Zhong disse ao Epoch Times que, atualmente, a facção do PCC liderada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin e pelo ex-chefe da segurança interna Zhou Yongkang está fortemente envolvida na administração da mídia de Hong Kong. Anteriormente, Jiang Zemin tinha a intenção de que Bo Xilai assegurasse a continuidade e predominância de sua facção no Partido Comunista, mas o ex-líder chinês Hu Jintao conseguiu derrubar Bo Xilai, que agora cumpre prisão perpétua.
A facção de Jiang perdeu sua principal plataforma de mídia na China continental, onde seu único porta-voz restante é o Global Times. Por isso, eles usam a imprensa de Hong Kong que compraram anteriormente para descarregar propaganda e criar confusão.
Por exemplo, disse Chen Zhong, muitas mídias de Hong Kong informaram sobre a recente conferência de imprensa realizada em Nova York por Chen Guangbiao, um bilionário chinês apoiado pela facção de Jiang. Na conferência, Chen Guangbiao tentou reacender a farsa de “autoimolação” na Praça da Paz Celestial, encenada pela facção de Jiang em 2001 para justificar sua perseguição aos praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong.
Chen Zhong disse que a verdade sobre esta fraude se tornou de conhecimento comum na China, e a mídia continental chinesa optou por não informar sobre a conferência de imprensa. No entanto, a cobertura parcial do evento foi relatada em favor da facção de Jiang por várias mídias de Hong Kong, incluindo Sing Tao, The Standard, Ming Pao, Oriental Daily, Sing Pao, Apple Daily e RTHK. Chen Zhong disse que esta cobertura mostrou que a mídia perdeu sua consciência.
Jimmy Lai, o chefe do Apple Daily, disse à RTHK que o ex-editor-chefe do Ming Pao, Kevin Lau Chun-to, já era muito “cooperativo” com o PCC. No entanto, Lau ainda foi removido, o que Jimmy Lai achou intrigante.
De acordo com a análise de Chen Zhong, Lau foi uma vítima do duelo entre facções. Chen disse que Lau é um local de Hong Kong que não compreende a complexidade da política do PCC e os atritos entre as diferentes facções. Isso o levou a mudar de campo recentemente na cobertura do Ming Pao, o que levou à facção de Jiang a ficar insatisfeita.
Sob Kevin Lau, o Ming Pao apoiou o governo Leung em Hong Kong, afirmou o legislador Raymond Wong Yuk-man ao Conselho Legislativo em 22 de janeiro. Aqueles que não se conformam com as exigências do PCC não sobrevivem ao expurgo, mesmo que ajudem com pequenas críticas, disse Wong.
A mídia em Hong Kong, acrescentou Wong, tornou-se o departamento de propaganda de Pequim.
A mídia internacional, como o Washington Times, informou sobre a relação entre o proprietário do Ming Pao, Tiong Hiew King, e o PCC. Quando Bo Xilai estava no poder, a cidade de Chongqing bombeou um investimento anual de dezenas de milhões de dólares num jornal sob o controle de Tiong e sediado na Cingapura, a mídia chinesa United Morning Paper (UMP).
O UMP tem uma coluna especial dedicada a angariar apoio para Bo Xilai. O Asia Weekly, outra mídia controlada por Tiong, foi o primeiro a apoiar a campanha “Chongqing Modelo” promovida por Bo Xilai; a criticar o rival de Bo, Wang Yang; a ridicularizar o ex-líder chinês Hu Jintao; e a se opor ao atual líder Xi Jinping, que lidera a facção aposta a Jiang Zemin, Zhou Yongkang e Bo Xilai.
A ligação entre Bo Xilai e o UMP teria sido facilitada por Chong Tien-siong, que é agora o novo editor-chefe do Ming Pao.