Base aliada do PT tem sido infiel e tem falhado nos momentos decisivos

19/01/2015 09:40 Atualizado: 19/01/2015 09:40

Desde que o PT assumiu com Lula temos visto os esforços hercúleos do PT para formar uma “base aliada”, eufemismo para dizer que o partido quer consolidar uma maioria parlamentar, supostamente para facilitar a governabilidade. Isso seria o normal em todos os governos. Ocorre que a tal base aliada tem sido infiel e tem falhado nos momentos decisivos. Por quê?

O problema central é que o PT não quer apenas a governabilidade, mas quer também implantar, pela via parlamentar, sua agenda revolucionária, aprovando suas proposituras de lei. Acontece que o “centrão”, representado pelo PMDB, faz tudo para apoiar o governo, menos aquilo que é decisivo: não apoiou a CPMF, a reeleição de Lula, o decreto de sovietização do Estado, a “democratização” da mídia, a criminalização da homofobia e coisas do mesmo naipe. O PMDB também tem servido de oposição eficaz ao PT. Isso está levando o partido ao desespero, pois o fraco desempenho de Dilma Rousseff nas últimas eleições pode significar o fim do projeto eleitoral do PT proximamente, sem que ele tenha logrado alcançar seus objetivos estratégicos.

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Proposituras revolucionárias importantes estão para ser apresentadas, como aquela que pretende mexer na federação, modificando as responsabilidades sobre a segurança pública. Tudo que o PT quer é desmilitarizar as Polícias Militares, comandar a operacionalidade das forças necessárias a manter a ordem e transformar os governadores em vaquinhas de presépio. É claro que algo assim não apenas não pode acontecer e não vai acontecer.

Vimos também que o Congresso Nacional como um todo não está facilitando a vida dos seus membros pegos em falcatruas, como as do mensalão e, já agora, do petrolão, operações notoriamente destinadas a remunerar adequadamente seus apoiadores. Uma base aliada mais fiel poderia poupar a possível cassação de quadros preciosos que estão por vir. Não basta apenas dinheiro, é preciso fazer com que os aliados percam qualquer veleidade de independência. O PT não quer aliados, quer escravos.

Nesse começo de legislatura estamos vendo a presidente tomar um atalho para driblar a rebeldia do PMDB, fortalecendo as siglas menores da base aliada. Acho que é em vão e o tiro poderá sair pela culatra, uma vez que o movimento colocou em alerta as lideranças do partido, fazendo-as mais oposicionistas do que nunca. Ademais, as siglas menores são do mesmo naipe do PMDB: apoiam o governo em tudo, menos na agenda revolucionária. São uma espécie de PMDB descentralizado, de muito mais difícil gerenciamento. Não vai ajudar muito.

Evidentemente o Brasil não tem problema de governabilidade se o governo quiser se limitar a governar, abrindo mão de transformar as instituições. O caso é que o PT entende que não foi eleito apenas para isso, quer a transformação social. Suas lideranças devem estar chegando à mesma conclusão de Lênin: sem violência e golpe de Estado não é possível consolidar a revolução. O PT, todavia, não tem os meios materiais para dar um golpe. Está travado nos seus maus propósitos, ao menos por enquanto.