Banir o marfim não salvará os elefantes

11/03/2014 09:18 Atualizado: 11/03/2014 09:19

Robert K. Sweeney, um deputado de Lindenhurst, NY, quer proibir a venda de todo o marfim no estado de Nova York. Isto se aplica tanto ao marfim novo como antigo. As repercussões dessa ação são enormes e eu gostaria de destacar apenas algumas delas.

No entanto, quero ressaltar que fui ao Metropolitan Museum of Art este último domingo e comecei a fotografar com meu telefone todas as peças de marfim em exposição. Não há milhares delas, mas há muitas. Este é um patrimônio cultural em exposição e o marfim é um dos materiais mais importantes utilizados para esse fim.

O efeito de proibir a venda de marfim seria catastrófico para os comerciantes envolvidos em artes decorativas europeias dos últimos 600 anos. Isso também afetaria o comércio de antiguidades, os especialistas em Ásia, e meu próprio estabelecimento e negócio de móveis ingleses.

Marfim foi usado como uma superfície para a pintura de miniaturas e marfim foi moído para criar pigmento branco, em essência isso tornaria uma grande parte das pinturas renascentistas ilegais. É uma lista longa e, embora nossos negócios não sejam enormes e corporativos, nós fornecemos um serviço que é único. Entendemos objetos do passado como poucos, como especialistas em museus. Colocar-nos fora do negócio não muda nada para salvar os elefantes.

O aspecto realmente arrepiante da lei é que os proprietários de peças de marfim, ou os herdeiros dessas coleções, não terão qualquer maneira de se desfazer do que têm. Em essência, isso colocaria as pessoas na posição de procurarem ou criarem um mercado negro ou sucatear as peças.

Reitero, é de nossa cultura que estamos falando. Jogar coisas fora na vã esperança de parar a matança de elefantes é uma lógica não-sequencial. É o mesmo que dizer a Louis Vuitton, pararemos a venda das imitações que estão sendo feitas proibindo a venda de todas as bolsas Louis Vuitton. Isso é um absurdo.

Eu prontamente compreendo a dificuldade que a Alfândega dos EUA enfrenta. Como alguém que não é um especialista pode determinar a idade do que está examinando? No entanto, eu não vejo isso como sendo a principal dificuldade.

Sugiro que medidas draconianas sejam tomadas contra os transportadores e inclusive navios que transportam marfim ilegal. Mesmo que isso não resolve o verdadeiro problema que é a pobreza na África, que gera essa matança horrível.

As respostas são necessariamente complexas, isso não é algo simples. Proibir a venda de marfim parece simples e eficaz, como a proibição de álcool e maconha foram por um tempo, mas pouco fez para reduzir o apetite por ambos. É preciso outras abordagens para lidar com essas questões.

Clinton Howell é um negociante de móveis antigos ingleses do século 18 e sediado em Nova York. Este artigo apareceu primeiramente no website AAD