Com o crescimento econômico da China gradualmente desacelerando, um número crescente de empresas chinesas do continente têm adquirido empréstimos em bancos de Hong Kong, espalhando a crise para a cidade.
Hong Kong decidiu controlar rigorosamente o fluxo de capitais de curto prazo para a China continental e o Banco Hang Seng (HSB) de Hong Kong planeja evitar conceder empréstimos a indústrias de alto risco com excesso de capacidade. O HSB manifestou preocupação de que dívidas podres da China continental comecem a aparecer na segunda metade do ano.
De acordo com as estatísticas mais recentes da Comissão Regulatória Bancária da China, na primeira metade do ano o setor bancário da China teve mais de US$ 100 bilhões em crédito inadimplente, e a detenção de empréstimos inadimplentes apresentou sinais de expansão e crescimento rápidos.
A farra da China obtendo empréstimos em Hong Kong elevou as preocupações sobre os riscos associados. Os créditos líquidos dos bancos de Hong Kong para a China em relação ao percentual total se aproximavam de 40% no final de 2013, em contraste com 0% em 2010, segundo dados da Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA).
A HKMA reforçou sua supervisão sobre empréstimos bancários a empresas da China continental. No entanto, Rose Lee, a vice-presidente e CEO do HSB, disse numa conferência de imprensa recente que a demanda do continente por empréstimos transfronteiriços ainda está em ascensão.
Porque a China continental tem requisitos mais rigorosos para empréstimos, e empréstimos vencidos na cidade não podem ser renovados, a maioria das empresas da China continental tem tentado obter empréstimos no exterior. As empresas chinesas são atraídas pelos juros dos empréstimos em Hong Kong, que é muito menor do que no continente.
Outro fator interessante é a política relaxada sobre empréstimos no exterior sob garantia nacional, que permite a empresas da China continental hipotecar seus ativos no país.
Reguladores da China continental têm esperado que no segundo semestre do ano maus empréstimos apareçam por todos os lados, devido à crise econômica e à queda na demanda por imóveis. Lee disse que esta é uma situação que todos podem entender. “Será que isso afetará os empréstimos concedidos pelos bancos? Isso é difícil de dizer”, disse Lee.
No entanto, ela disse que os empréstimos para a China continental representam apenas uma pequena parcela dos empréstimos a bancos estrangeiros, pois uma parcela considerável de empresas estatais e locais não é cliente do HSB.
Lee disse que atualmente o HSB empresta principalmente a indústrias fundamentais em cidades de primeiro e segundo nível da China, como empresas tradicionais e indústrias nas regiões de Guangdong e Fujian. No entanto, o banco evitará emprestar a indústrias de fabricação de aço ou de construção naval, aquelas que eles não estão familiarizados ou que enfrentam a possibilidade de excesso de capacidade.
No primeiro semestre deste ano, o HSB reservou fundos para cobrir empréstimos para várias empresas da China continental, aumentando os juros de 0,35% no ano passado para 0,42%.
Enorme exposição financeira
O Fitch Ratings calculou que a exposição financeira de Hong Kong em relação à China continental alcançou US$ 798 bilhões, que é o dobro de todos os bancos nos países e regiões da Ásia-Pacífico.
Portanto, a HKMA estabeleceu uma nova política para todos os bancos em Hong Kong, pedindo aos 69 bancos que têm aumentado os empréstimos que expandam imediatamente suas fontes de financiamento de longo prazo, como as contas de poupança. A HKMA aconselha os bancos a reverem as informações de mutuários em detalhes, especialmente para empresas com aumento anual de empréstimo de mais de 20%.
Muitas instituições financeiras em Hong Kong manifestaram preocupação com o aumento frenético dos empréstimos de Hong Kong para o continente. A Moody’s Corporation afirmou que em 2013 os empréstimos de Hong Kong para a China continental aumentaram 29% para cerca de HK$ 2,3 trilhões (US$ 297 milhões), o que representa 20% do total de ativos dos bancos locais.
O HSB atualmente precisa acessar o mercado chinês por meio do Banco Industrial da China, e o HSB foi perguntado várias vezes se venderá suas ações no Banco Industrial. Lee disse que o Banco Industrial é um parceiro de negócios de longo prazo, e eles examinarão vários ativos com flexibilidade.