Banco Central do Japão comprará 13 trilhões de ienes (145 bilhões de dólares) em títulos públicos por mês a partir de 2014
Analistas e autoridades têm alertado sobre uma guerra cambial global há um longo tempo. Com o Banco do Japão anunciando um programa de flexibilização ilimitada, esta guerra entrou numa nova dimensão.
“Quando você tem muita dívida, que emperra o balanço fiscal, bloqueia o comércio e interrompe o crédito, você não tem crescimento suficiente, assim, surgem as guerras monetárias”, diz James Rickards, autor do livro best-seller “Currency Wars”.
Segundo ele, os bancos centrais e os governos de todo o mundo têm se revezado em baratear suas moedas contra outras. “Quando você tem uma economia mundial que não tem crescimento suficiente, os países são tentados a roubar o crescimento de seus parceiros comerciais desvalorizando sua moeda”, diz Rickards.
Com seu anúncio em 22 de janeiro de fazer flexibilização, o Banco do Japão agora se juntou à guerra cambial global. O Banco Central japonês começará a comprar 13 trilhões de ienes (145 bilhões de dólares) em títulos do governo a partir de janeiro de 2014.
Em dezembro de 2013, o programa atual de compra de ativos de 76 trilhões de ienes (860 bilhões dólares) acabará. Dez trilhões de ienes serão gastos na compra de títulos de vencimento de curto prazo do governo japonês e cerca de 2 trilhões serão gastos na compra de títulos de maior prazo.
Uma vez implementado, o programa não tem prazo definido. Em vez disso, o Japão pretende alcançar a meta de 2% de inflação anual para o índice de preços ao consumidor no país, que tem estado plano ou em declínio pela maior parte da última década.
Outra meta menos explícita é enfraquecer a taxa de câmbio do iene contra o dólar e o yuan chinês. Gigantes da indústria japonesa, como a Sharp, têm pressionado por um iene mais barato para fazer as exportações do país mais competitivas.
Medidas políticas provocam medidas políticas
De acordo com Rickards, este movimento dos japoneses acompanha a guerra cambial iniciada pelos Estados Unidos em 2010 com o objetivo de desvalorizar o dólar e aumentar as exportações numa segunda rodada de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve.
“Bernanke fez um discurso em 2002. Quando suas taxas de juros chegam a zero, você não está no fim da política de flexibilização monetária, você ainda pode criar flexibilização desvalorizando o dólar. Você importa inflação do exterior; o único problema é que nossos parceiros comerciais querem manter o valor do dólar. Nós queremos barateá-lo, eles querem mantê-lo o mesmo”, diz Rickards.
Depois que o Fed começou a flexibilização quantitativa, praticamente todos os outros bancos centrais ao redor do mundo pelo menos mantiveram o ritmo e ampliaram seus balanços, imprimindo dinheiro e comprando ativos diferentes.
Segundo pesquisa de Kyle Bass,do Hayman Capital, os quatro grandes bancos centrais – Banco Popular da China, Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco do Japão – expandiram seus balanços em mais de 10 trilhões de dólares nos últimos 10 anos. Seus ativos agora compõem 25% do PIB global, acima dos 10% de 2002.
“Como investidores, o que pensamos sobre a quadruplicação dos balanços dos bancos centrais para mais de 13 trilhões de dólares em dez anos? Certamente não me sinto nada melhor ao dizer isso rápido ou esquecer que passamos tão rápido de problemas de milhões para bilhões e então trilhões de dólares”, escreve Bass, numa carta a investidores.
Embora programas de compra de ativos tenham sido inicialmente limitados seja por um prazo fixo ou um número limitado de compras, o Federal Reserve, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão já mudaram para programas de compras ilimitadas.
O Fed está comprando 85 bilhões de dólares em títulos do governo e hipotecas a cada mês até que a taxa de desemprego caia abaixo de certo nível. O BCE disse que comprará, se necessário, um número “ilimitado” de títulos de curto prazo de nações com problemas na zona do euro a fim de preservar o euro.
Devido à calmaria recente nos mercados de títulos europeus, a ativação do programa do BCE não foi necessária até agora. O BCE injetou 1,3 trilhão de dólares de liquidez no sistema bancário através das chamadas Operações de Refinanciamento de Longo Prazo, aumentando assim drasticamente seu balanço.
O Banco Popular da China nunca teve um limite de impressão de dinheiro em primeiro lugar. Ao longo da década, foi necessário continuar a imprimir yuan e comprar dólares para manter a taxa de câmbio com o dólar num nível artificialmente baixo.
“[Brasil ou China] mantêm o câmbio relativamente fixo. E a maneira como fazem isso é dizendo aos exportadores: vocês têm de entregar seus dólares e nós lhes daremos moeda local. Isso significa que quanto mais rápido imprimimos dólares, mais rápido os bancos centrais estrangeiros imprimem suas moedas locais para absorver os dólares e a taxa de inflação cresce lá”, diz Rickards explicando o fenômeno.
O Banco da Inglaterra, apesar de não ter anunciado um programa ilimitado ainda, é provável que se mova em direção similar. Mervin King, presidente do Banco da Inglaterra, disse à imprensa em 22 de janeiro: “O Banco da Inglaterra está pronto para fornecer mais estímulo se for necessário.”
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