O Banco do Brasil suspendeu o patrocínio ao vôlei brasileiro nesta quinta-feira (11), após relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) comprovar irregularidades na gestão de dinheiro público na Confederação Brasileira (CBV). A auditoria foi feita pelo órgão do governo federal depois de denúncias feitas pela ESPN Brasil desde o início do ano.
O banco divulgou nota na qual diz que “suspendeu os pagamentos à CBV referentes aos contratos de patrocínio e condiciona a retomada (…) – e a continuidade do patrocínio – à adoção imediata pela CBV de todas as medidas corretivas apontadas pela CGU”. O acordo vigente da CBV com a instituição tem duração até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade. O valor pago anualmente à confederação é de R$ 70 milhões. O primeiro contrato entre as partes data de 1991. O mais recente foi assinado em 2012.
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Em março, a CGU determinou abertura de investigação sobre contratos firmados entre a CBV e o banco entre 2010 e 2013, na gestão do ex-presidente Ary Graça Filho, hoje mandatário da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A 602 dias do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o vôlei é considerado chave para o Brasil chegar à meta de ao menos 27 medalhas e um lugar no top 10 geral. Na história, vôlei de quadra e praia têm 20 conquistas olímpicas.
No relatório publicado nesta quinta-feira, a CGU afirmou que o Banco do Brasil deve adotar medidas corretivas com vistas a eliminar dois problemas principais. Primeiro, a “necessidade de realização de novos procedimentos para projetos de patrocínios com vistas a mitigação (alívio) de riscos para o Banco do Brasil”. Depois, a “readequação do instrumento do bônus de performance nos contratos”.
Neste caso, o relatório mostra “gerenciamento impróprio” em que houve “aumento desproporcional de despesas administrativas e operacionais em comparação com a diminuição das despesas com atletas e comissão técnica, inclusive com o bônus de performance” pago pelo Banco do Brasil. Ou seja, o dinheiro ganho com bônus em razão de títulos não chegou aos jogadores e técnicos.
Já o primeiro ponto diz respeito às denúncias de fraudes e favorecimento a parentes ou pessoas estritamente ligadas a CBV em contratos. Um dos casos foi o acordo com a empresa SMP, do ex-superintendente geral da CBV, Marcos Pina, que recebeu R$ 188 mil em 2014 “a título de assessoria de gestão administrativa esportiva”. Ele deixou o cargo após a denúncia. A CGU afirmou que não conseguiu realizar “a averiguação de sua execução”.
O banco disse que “não irá compactuar com (…) prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte e à comunidade do vôlei, e entende ser necessário que a CBV adote novas práticas de gestão que tragam mais disciplina e transparência à aplicação dos recursos”.