Produtora se inspira em estudos e experiências que sugerem que o som pode influenciar o crescimento das plantas
Um novo estilo de cultivar bananas vem fazendo sucesso na fazenda Gaia, localizada em Itabira, região central do estado de Minas Gerais. Além de serem orgânicas, as bananas crescem ao som de música clássica.
A ideia foi da jornalista e produtora rural Bernadete Ribeiro, que conta que desde que tomou a decisão de produzir bananas, a intenção dela era provar que é viável retornar ao modo de produção ancestral onde há harmonia entre o homem e a natureza, e que é possível plantar e colher sem degradar o solo, o ar, e a água.
Inspirada por pesquisas e pelo exemplo dos japoneses, que importam bananas verdes das Filipinas e as amadurecem ao som de músicas clássicas, Bernadete pensou: “Se está funcionando lá fora, porque não funcionaria com as bananas do Brasil?”.
O sistema de som é artesanal e foi implantado há alguns meses. Em qualquer lugar da plantação é possível ouvir a música através de uma corneta acústica, resistente ao sol e à chuva.
“Fizemos vários testes e instalamos quatro destas cornetas nos locais mais altos e de forma que abrangessem toda a área. O mais trabalhoso foi proteger os fios e trazê-los de grandes distâncias até à central na sede da fazenda, que distribui o som”, explica Bernadete.
As plantas ouvem quatro horas de música clássica no período da manhã e mais quatro à tarde. “Tentamos um equilíbrio, porque penso que tudo em excesso, mesmo a boa música, também se torna prejudicial”, pondera.
Segundo Bernadete, o sistema de som para incentivar o crescimento das bananas é inovador. “Nosso pioneirismo está no fato de termos conseguido um fato inédito no país: sonorizar uma extensa área onde as plantas não só amadurecem, mas também crescem ao som musical”.
Além do som, a produtora está pensando em alternativas sustentáveis para o combate às doenças em seu plantio. “Estou investindo agora na produção de um óleo essencial para combater a temível sigatoka amarela, o fungo que ataca bananais em todo o planeta”.
A produtora rural disse que ainda é cedo para dimensionar os resultados, mas já notou aumento do número de folhas novas nas plantas. Mas o que surpreendeu Bernadete foi o aumento de pássaros no local, de novas cores e espécies que não se via antes na região. “Pela manhã é uma alegria ouvir esta orquestra natural”.
Além das bananas
Há vários anos, a produtora pesquisa práticas alternativas de plantio e manejo, entre elas o efeito das ondas sonoras sobre os vegetais.
Bernadete explica que estas teorias não são recentes e que no início da década de 70 a organista e soprano americana Dorothy Retallack realizou experiências em laboratório que descortinaram uma nova fronteira de pesquisas. Ela provou que os vegetais reagiam a certos tipos de som. Ao colocar melodias lentas e calmas, por exemplo, as plantas cresciam em direção ao local de onde partia o som. Com a música pesada, como alguns tipos de rock, o vegetal se inclinava na direção oposta.
A produtora também cita que os autores do livro “A Vida Secreta das Plantas” comprovaram que as plantas são seres sensíveis e que memorizam experiências. Além deles, pesquisadores como o Dr. Masuro Emoto também demonstraram os mesmos efeitos. Ele chegou à conclusão de que emoções e pensamentos humanos podem alterar a estrutura de cristais de água congelada.
“Boas palavras e intenções formam belas figuras geométricas. O contrário acontece aos cristais das moléculas de água quando emitimos maus pensamentos ou palavras. E sabemos que a água compõe de 80 a 90 por cento do peso dos vegetais”, explica a produtora.
A produtora também apontou que, recentemente, pesquisadores provaram que certas ondas sonoras possuem a capacidade de ativar dois genes de crescimento das plantas, um papel exercido, até onde se sabia, apenas pelas ondas de luz solar.
Conscientização ambiental
A principal intenção de Bernadete é a de contribuir para a preservação do meio ambiente, que ela acredita ser um dever de todo ser humano. “Espero chamar atenção para o fato de que em muitos momentos da vida é preciso ser menos racional e usar mais a intuição, uma ferramenta importante, mas praticamente atrofiada por falta de uso, na maioria de nós”, conclui ela.
Ela também acredita que há realmente muito mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. “A experiência de Findhorn, na Escócia, por exemplo, em que se conseguiu uma grande produção em uma área desértica, mostrou que os chamados enteais ou elementais da natureza são seres que podem se tornar importantes aliados do ser humano, seja na produção de alimentos ou de qualquer cuidado que se queira ter com a natureza. Estes seres estão presentes na maioria das tradições orais, e eram vistos por muitos povos em diferentes épocas. Nosso intelecto e racionalidade extinguiu nossa capacidade de vê-los, o que não significa que eles deixaram de existir”, acrescenta Bernadete.
Seja qual for o motivo, a utilização de técnicas como essa demonstram diversas e surpreendentes interações entre o Homem e a Natureza. Esse plantio mostra que as complexas e elegantes partituras são capazes de causar grandes emoções não somente nos humanos, mas também de motivar um crescimento orgânico de nossos cultivos.
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