Banalização do termo “fascista”

14/02/2014 15:33 Atualizado: 14/02/2014 15:59

Nunca ouvi tantas vezes a expressão fascista como ao longo dessa última semana. A polícia é fascista, a mídia é fascista, a população que sai às ruas pedindo o fim da corrupção é fascista, o pessoal que se opõe às manifestações (por razões variadas) é fascista. Enfim, hoje impera uma certa banalização do termo “Fascista”. E por isso me disponho a comentar um pouco a respeito.

O Fascismo é uma doutrina política totalitária. Foi posto em prática mais notoriamente na Itália, mas também em outros locais com suas variações. Quase sempre que se fala em Fascismo, uma figura vem à mente: Benito Mussolini.

Pois bem, o regime fascista italiano tinha como slogan “Tudo para o Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado” (“Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato”). Qualquer semelhança com aquilo que advogam os nossos socialistas de hoje NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.

A perseguição e a oposição histórica do fascismo (e do nazismo) ao socialismo é muitas vezes vista como uma prova de que fascistas/nazistas e socialistas apresentariam ideologias contrárias, dada sua posição de extremos opostos no espectro político (estes à esquerda, aqueles à direita). Ledo engano. Fascistas e Nazistas buscaram eliminar socialistas muito mais por uma questão de reserva de mercado do que que por diferenças programáticas. Eles disputavam o mesmo nicho de mercado e o faziam por meio de estratégias similares. Todos eles prometiam soluções miraculosas para os problemas, buscavam bodes expiatórios para justificá-los e utilizavam-se do terror e da lealdade ao Estado como estratégias de coesão social.

O Fascismo de Mussolini, o Nacional-Socialismo de Hitler e o Socialismo Soviético de Stalin nada mais foram do que irmãos gêmeos que se vestiam diferente e falavam línguas diferentes. Seus fins e seus objetivos eram similares. Os três eram coletivistas, colocavam o Estado como centro da sociedade e sempre acima dos indivíduos.

Não nos deixemos enganar pela (pequena) diferença na retórica de cada um. Coletivismo mata!

Aqui uma breve e didática explicação visual sobre como o esquerdista brasileiro enxerga o espectro político (via Marx da Depressão):

Como o esquerdista brasileiro enxerga o espectro político (reprodução)
Como o esquerdista brasileiro enxerga o espectro político (reprodução)

 

Fábio Maia Ostermann é Bacharel em Direito (UFRGS), Graduado em Liderança para a Competitividade Global (Georgetown University) e Mestre em Ciência Política (PUCRS)

Esse conteúdo foi originalmente publicado no portal Ordem Livre