Padrões específicos de sons de cliques que os cachalotes fazem permitem que outros membros de seu clã possam distingui-los individualmente, segundo um artigo recente do periódico Comportamento Animal.
Baleias cachalotes produzem uma série de cliques conhecidos como codas para se comunicarem durante o mergulho. Estudos anteriores sugerem que diferentes grupos de baleias cachalotes possuem repertórios distintos de codas. Essencialmente, há “dialetos coda” que ajudam a distinguir um clã de cachalotes de outro.
Pesquisadores da Universidade de St. Andrews na Escócia e da Universidade de Dalhousie na Nova Escócia observaram e gravaram os sons de um grupo de sete baleias cachalotes na costa Dominicana, no Caribe.
Eles descobriram que o intervalo entre os cliques numa coda específica, chamado de “5 tipos de coda regulares” (5Reg), varia significativamente entre indivíduos, o que permitiria distinguir as baleias individualmente.
Outros tipos de coda, enquanto tendo diferenças detectáveis entre indivíduos, aparentaram ser mais aleatórios, sendo “mais consistente com uma idiossincrasia estocástica”, diz o artigo.
“Nossos resultados sugerem que codas 5Reg poderiam ser utilizadas para codificar identidades individuais, o que também ajudaria a explicar sua ubiquidade e frequente ocorrência no início de intercâmbios”, escreveram os autores da pesquisa.
Baleias cachalotes, particularmente as fêmeas e sua prole imatura, viajam como uma unidade social e permanecem estáveis por décadas. Indivíduos dentro de cada grupo também têm relacionamentos específicos, levando os biólogos a supor que as baleias possuem um mecanismo para distinguir uns aos outros através de suas vocalizações.
Vocalizações no geral são importantes para a sobrevivência das baleias, e os biólogos estão preocupados com os efeitos da poluição sonora humana, tais como os sonares militares e os sons do tráfego marítimo.
“Ninguém quer viver num concerto de rock”, disseram o coautor Shane Gero e o estudante de graduação Dalhousie, num comunicado à imprensa.
Gero também está estudando como bezerros aprendem seu dialeto, começando com o balbucio que é refinado ao longo do tempo num leque diverso de chamados familiares.
Ele acredita que uma melhor compreensão do comportamento social das baleias pode ser adquirida seguindo-se o mesmo grupo familiar para ajudar na sobrevivência da espécie.
De acordo com o comunicado de imprensa, Gero “sente a responsabilidade de falar em nome [das baleias]” e espera avançar em direção à preservação, enquanto continua a trabalhar no campo da biologia.