Milhares de espécies vivem no lago mais profundo do mundo

15/07/2013 07:00 Atualizado: 06/08/2013 16:56
Trabalho de perfuração na superfície do Lago Vostok, na Antártida (Wikimedia Commons)
Trabalho de perfuração na superfície do Lago Vostok, na Antártida (Wikimedia Commons)

Um grupo de cientistas revelou que o Lago Vostok, na Antártida, o mais profundo do planeta, coberto por mais de 3.700 metros de gelo e também conhecido como o maior lago subglacial do mundo, abriga milhares de espécies de bactérias e alguns eucariontes.

Análises de uma amostra obtida cerca de quatro quilômetros da margem sul do lago por uma equipe de cientistas russos encontraram um total de 3.507 sequências de DNA, sendo 1.623 delas identificadas entre os vários gêneros e espécies conhecidas.

Liderada pelo Dr. Yuri Shtarkman e Zeynep Koger, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Ohio, EUA, a equipe explicou que em suas profundezas há uma combinação de um sistema quente e frio, de uma possível atividade hidrotermal próxima. “Isso teria gerado uma série de nutrientes nesse local em que prevalece a escuridão completa”, afirmam em seu relatório publicado em 3 de julho.

Entre as espécies encontradas, 94% eram bactérias e 6%  eram eucariontes e apenas duas destas sequências eram do tipo Archaea (grupo de organismos que parece ter evoluído a partir de uma bactéria e ter adquirido algumas características dos eucariontes; são capazes de sobreviver em ambientes hostis aos demais seres).

“Em geral, as características destas espécies são semelhantes às dos organismos encontrados nos lagos, nos ambientes marinhos, solos, geleiras e no gelo, como também nos sedimentos de lagos e águas profundas”, disse Shtarkman em seu estudo.

As sequências de espécies foram descritas como sendo do tipo “aeróbico, anaeróbico, psicrofílico, termófilo, halófilo, alcalifílico e acidófilo”, além dos “resistentes à dissecação, autotróficos e heterotróficos”, diz o relatório, “incluindo eucariontes multicelulares”.

Corte transversal do Lago Vostok, na Antártida, obtido por medições de radar ao longo da geleira (Scott O. Ropgers- Universidad de Ohio)
Corte transversal do Lago Vostok, na Antártida, obtido por medições de radar ao longo da geleira (Scott O. Ropgers- Universidade de Ohio)

Os cientistas identificaram na Antártida 400 lagos subglaciais, alguns dos quais estão interligados a rios e córregos.

No gelo do Lago Vostok há menos inclusões minerais e baixas concentrações de íons, carbono e biomassa. É uma gelo relativamente claro, conhecido como “tipo II”.

Dr. Shtarkman explica que primeiro identificaram 18 espécies específicas de bactérias e  conseguiram isolar 31 tipos únicos de fungos em uma mesma seção da amostra do núcleo do Lago Vostok.

“Todas estavam filogeneticamente mais próximas de espécies aquáticas, sedimentos de lagos e do mar ou de ambientes frios e do mar polar”.

“A compilação dos resultados sugere que os organismos estão vivendo e reproduzindo-se no Lago Vostok”.

Mais informações sobre o estudo podem ser obtidas na publicação científica online Plos One de 3 de julho.

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