Principal réu da ação penal do mensalão mineiro, o deputado federal Eduardo Azeredo (MG) não compareceu nem foi citado nesta segunda-feira (18) num ato do PSDB em Poço de Caldas, sul de Minas, com oito governadores do partido e as principais lideranças tucanas. Intitulado “Federação Já”, o evento se transformou numa festa de apoio à candidatura de Aécio Neves (MG) ao Palácio do Planalto.
Ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente nacional do PSDB, Azeredo responde a processo no Supremo Tribunal Federal acusado de envolvimento no desvio de recursos públicos para sua campanha à reeleição para o governo do estado em 1998. Petistas denunciam lentidão na apreciação do caso.
“Estamos num momento em que as estruturas políticas perderam a credibilidade porque aqueles que hoje exercem o papel maior na República não souberam honrar com a confiança que o povo depositou neles e transformaram-se em negocistas e, em nome de transformar o Brasil, transformaram suas próprias vidas”, discursou o ex-presidente Fernando Henrique, segundo a Agência Estado.
“Hoje vejo que a Justiça começa a se fazer e que aqueles que foram alcançados por ela, agora tentam transformar a Justiça num instrumento de sua própria história, de uma revolução que não fizeram. Querem descumprir a Constituição. Chega de desfaçatez.”
O senador Aécio Neves afirmou em entrevista coletiva que seu partido não “comemora prisões, o sofrimento de quem quer que seja, por mais radical que seja o adversário”.
“Porém, lamento que o presidente do PT confunda decisão da suprema corte com decisão política”, disse, se referindo à acusação do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de que as prisões teriam sido políticas. “Não contribui para a democracia um partido querer transformar esse caso em fato político”, completou.
Em nenhum dos diversos discursos o nome de Azeredo foi citado. Indagado ao final pela Agência Estado, Aécio apenas disse que “a lei vale para todos”. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também não se aprofundou no tema. “Não é questão político-partidária, é institucional”, afirmou.
Aécio Neves aproveitou para destacar os 30 anos da Declaração de Poços de Caldas, primeiro documento público do Movimento Diretas Já, divulgada em 19 de novembro de 1983 pelos então governadores Tancredo Neves (MG) e Franco Montoro (SP).