Em 2010, na véspera de Natal, um Sr. L contatou Tang dizendo que estava indo a Nova York para discutir uma colaboração com uma universidade de lá, e, “no caminho”, gostaria de se reunir com Tang.
O Sr. L era o marido de uma das colegas de faculdade de Tang. Ele trabalhou em vários escritórios de relações exteriores, alguns dos quais faziam parte de universidades. Todos estes escritórios são controlados pelo Ministério da Segurança de Estado. O Sr. L, em seguida, imigrou para o Canadá. Em 2010, ele foi convidado a voltar para servir como diretor do Departamento de Relações Internacionais de uma universidade no sul da China. “O Departamento de Relações Internacionais treina espiões e diplomatas”, disse Tang.
Em 19 de dezembro de 2010, Tang realizou uma festa em sua casa para comemorar a publicação de seu novo livro “Minhas Duas Chinas” e convidou o Sr. L para a festa.
Tang pediu ao Sr. L para ser discreto na festa e ficar longe de informações pessoais de outros convidados. Mas o Sr. L fez exatamente o contrário, se misturando com os convidados e abertamente distribuindo seus cartões entre eles.
Um dos convidados era a Sra. Yi Rong, que também era da província Hunan como o Sr. L. Ela disse ao Epoch Times, “Ele era da China continental, mas queria tirar fotos com a gente, sem medo de que isso pudesse tornar difícil sua volta à China posteriormente. Fiquei desconfiada dele.”
Tang compartilhou a mesma suspeita, e estava preocupado com os convidados que tiveram contato com o Sr. L.
Planos caros de “visitar parentes”
Durante sua estada em Nova York, o Sr. L ficou em Flushing Inn por três dias. Ele passou a maior parte de seu tempo lá com Tang.
Como um ativista famoso, Tang é incapaz de retornar à China e a mãe de Tang não pode viajar para os EUA para visitar Tang devido a problemas de saúde.
O Sr. L disse que conhecia alguém de alta posição em Pequim que poderia arranjar para Tang visitar sua mãe na China e garantir sua segurança.
Tang rejeitou esta oferta. O Sr. L, então, ao invés disso, ofereceu organizar uma reunião de família na Tailândia, e Tang “não precisaria se preocupar com o custo”. Tang disse que pensaria sobre isso.
Após o Sr. L voltar à China, ele e sua esposa visitaram a mãe de Tang durante o Ano Novo Chinês. A família de Tang ficou com muito boa impressão deles.
O Sr. L começou a planejar os detalhes da reunião na Tailândia com Tang. Tang perguntou se ele poderia trazer sua esposa junto. O Sr. L respondeu 3 meses mais tarde: 1. Não traga sua mulher junto; 2. Não conte aos departamentos relacionados nos EUA sobre sua viagem. Tang ficou desconfiado e rejeitou a oferta do Sr. L.
O Sr. L continuou a oferecer planos de reunir a família de Tang em outros países asiáticos. Ele mesmo viajou para os Estados Unidos várias vezes apenas para encontrar Tang. Tang rejeitou todas as ofertas.
Durante sua segunda visita aos EUA, o Sr. L finalmente revelou suas verdadeiras motivações por trás do reagrupamento familiar planejado. O Partido Comunista Chinês (PCC) queria reunir-se e se “conectar” com Tang, na verdade, eles esperavam convencê-lo a colaborar com eles.
O Sr. L implorou a Tang: “Por favor, me ajude. Se esta (reunião) for bem sucedida, eu serei promovido diversas patentes.” Mas Tang respondeu: “Não posso me sacrificar apenas para ajudá-lo.”
O Sr. L também revelou a Tang, “Antes de vir aos EUA, os chefes do Ministério da Segurança de Estado e do Ministério de Segurança Pública da província de Guangdong me chamaram e disseram que não querem que você (Tang) mantenha contato com qualquer oficial de outras províncias, (e lembre-se que) Guangdong é a província mais rica da China…”
A mensagem do chefe Zhou
No final da primavera de 2011, o Sr. L chamou Tang via Skype e disse-lhe que alguém dos níveis superiores de um determinado departamento “adquiriu profundo interesse” em Tang, e enviou pessoas de Pequim para Guangzhou para se reunir com o Sr. L várias vezes. Altos oficiais da província de Guangdong tinham se encontrado com o Sr. L.
O Sr. L pediu a Tang, “Você sabe quem é o chefe Zhou?” Tang respondeu digitando o nome de Zhou Yongkang. O Sr. L ficou animado e disse orgulhosamente “sim” antes de revelar que ele era a pessoa do alto escalão de quem tinha falado, e que ele mesmo encontrou o Sr. L pessoalmente.
Naquela época, Zhou Yongkang ordenou ao Sr. L para anotar cinco pontos importantes em sua palma da mão que ele gostaria de comunicar a Tang. Também foi dito ao Sr. L para apagá-los de sua mão logo que deixasse a reunião.
O “chefe Zhou” ordenou ao Sr. L que dissesse a Tang, “podemos remover qualquer pessoa deste mundo se quisermos. É tão fácil como mover uma mão.” Tang perguntou ao Sr. L, “Bem, ele pode remover Obama?” O Sr. L ficou sem resposta.
Tang disse, “Mesmo que me dessem a posição que [o presidente] Hu Jintao tem agora, eu não estou interessado! Porque este Partido no poder se desintegrará em breve. É como a situação que ninguém quer estar na posição de Kadafi.”
Em 6 de agosto de 2011, o Sr. L realizou outro bate-papo pelo Skype com Tang e disse-lhe que dois altos oficiais particulares do PCC queriam encontrá-lo no Canadá. Tang insistiu que a reunião fosse realizada nos EUA, mas lhe foi dito que era “impossível”.
Em fevereiro de 2012, após o incidente de Wang Lijun, o Sr. L quis encontrar-se com Tang novamente. “O chefe Zhou se importa muito com você.” Tang pediu ao Sr. L para dizer a Zhou, “não jogue mais comigo”. Eles romperam todos os contatos depois disso.
Baseado nas informações oferecidas por Tang, o Epoch Times encontrou uma foto do Sr. L e relatos sobre ele participando em eventos no website da escola do sul da China, onde ele está empregado.
Assédio e ameaças
Desde 1996, o PCC tem incessantemente tentado convencer Tang a colaborar com eles, e as ameaças contra sua família nunca pararam. O FBI tem esses detalhes arquivados, e presta muita atenção em sua segurança.
O PCC ainda convenceu os amigos íntimos de Tang a espioná-lo. Eles relatam suas ideias, atividades e conflitos com outras pessoas ao PCC. Mas um grande número deles, eventualmente, revelou suas identidades verdadeiras a Tang e até mudaram suas lealdades para se juntar a ele.
Tang Baiqiao acha que o PCC tem uma estratégia especial contra os dissidentes. Ele disse que este método tem funcionado muito bem em alguns deles. Por exemplo, Peng Ming, um famoso dissidente; Wang Bingzhang, organizador dos movimentos democráticos chineses ultramarinos; e Zhang Hongbao, o fundador da prática de qigong Zhonggong. Todos morreram em circunstâncias controversas fora da China.
Através de suas conversas com esses mensageiros do PCC, Tang Baiqiao descobriu que agora existem duas facções dentro do PCC. Os leais a Zhou não ouvem o presidente chinês Hu Jitao, e chamam o primeiro-ministro Wen Jiabao apenas de “garoto de recados” de Hu.
Para os mensageiros do PCC, Tang disse que “é uma relação predestinada nos encontrarmos. Espero que depois de ler este artigo, eles possam se salvar antes que o perigo os atinja. Para ajudá-los a escapar do naufrágio do PCC, eu acho que fiz a minha parte em nossa amizade.”
Tang Baiqiao, líder do movimento estudantil de 1989, foi preso depois de 4 de junho. Em 1992, ele partiu para os EUA e serviu como um contato da primeira geração para os dissidentes de 1989, secretário-geral do Comitê Glad para o 4 de junho, presidente da Federação para a Democracia e Paz na China, comentarista especial para a Rádio Free Asia e para a NTDTV. Agora, residente em Nova York, ele também é diretor da Universidade da Democracia. Ele é autor de dois livros, “Minhas Duas Chinas” e “Hinos de Derrota”, e publicou centenas de comentários sobre política.
A primeira parte desta história pode ser encontrada aqui.