Para Ma Junfei, o ex-vice-diretor do Departamento Ferroviário Hohhot, na Mongólia Interior, a questão não era sobre aceitar ou não subornos, mas onde esconder todo o dinheiro que ele recebia.
Todos os dias, Ma receberia subornos numa média de US$ 30 mil. Esse fato se tornou estranho quando a polícia descobriu-o com mais de US$ 21 milhões em dinheiro. O funcionário de 44 anos foi condenado à morte, adiada por dois anos, em dezembro do ano passado.
A corrupção é desenfreada na China e, como muita dela ocorre com dinheiro, os envolvidos inventam várias maneiras de camuflar seus ganhos ilícitos.
Conforme descrito num artigo de 4 de janeiro no Beijing Times (BT), uma mídia baseada na China continental, esconderijos tão simples como forros de calças e tão sofisticados como contas bancárias secretas no estrangeiro são amplamente utilizados.
Se Ma Junfei tivesse feito alguma pesquisa rudimentar que fosse, brincou o BT, ele teria descoberto uma abundância de “métodos avançados de esconder dinheiro”, usados por outros funcionários corruptos.
Funcionários civis corruptos guardam dinheiro ad hoc e pronto para fugir com ele: em travesseiros e almofadas e sob a cama, escondidos em camadas secretas da roupa pendurada em seus guarda-roupas, em sistemas de ventilação do banheiro e em frascos de arroz na cozinha. Alguns funcionários foram encontrados com barras de ouro escondidas nas paredes da casa. Claro, melhor ainda são espaços de armazenamento alugados e bancos no exterior.
Xu Qiyao, chefe do Departamento de Construção do Estado na província de Jiangsu, desviou a quantia de US$ 655 mil e colocou os rolos de notas em sacos plásticos para serem escondidos em cavidades de árvores, poços de estrume e arrozais.
A corrupção do funcionário Hu Fangyu da província de Guizhou, condado de Changshun, foi descoberta quando sua calça, roubada por um ladrão, foi encontrada pela polícia local. Depois que o ladrão esvaziou as calças de seus pequenos trocados, ele descartou a roupa atrás de um hospital, onde foi descoberta e entregue à Secretaria de Segurança Pública local por estudantes. A polícia encontrou um forro duplo na calça onde havia quatro cheques num total de US$ 7 mil, todos nominais a “Hu”, referindo-se ao pai ou ao filho. Desconfiadas, as autoridades começaram a investigar Hu, o que resultou numa pena de prisão de 11 anos.
Casos ainda mais extraordinários indicam os cuidados tomados da China para proteger os ganhos ilícitos. O chefe da Segurança Pública na província de Jiangxi escondeu o dinheiro entre duas camadas da tubulação de gás de carvão e um ex-chefe distrital de Tianjin, no distrito de Tanggu, armazenou o dinheiro na barriga de peixes.