Autoridades chinesas amordaçam vítimas dos campos de trabalhos forçados após exposição

20/04/2013 21:04 Atualizado: 20/04/2013 21:15
Recriações dos métodos de tortura usados contra prisioneiros no Campo de Trabalho Masanjia; várias dessas técnicas foram desenvolvidas especificamente para perseguir os praticantes do Falun Gong e mais tarde foram aplicadas contra outros cativos (The Epoch Times)

Autoridades da província chinesa de Liaoning anunciaram em 8 de abril que estão investigando a tortura de detentos no Campo de Trabalho Masanjia, conforme relatada pela revista chinesa Lens, mas especialistas em China dizem que a polícia está na verdade tentando silenciar as vítimas.

A mídia estatal Diário do Povo informou que o Departamento de Justiça, a Secretaria de Reeducação pelo Trabalho (SRPT) e as Unidades da Procuradoria da província Liaoning uniram-se para analisar em detalhes os relatos de tortura.

No entanto, o ativista de direitos Hu Jia disse no Twitter que a investigação não é de forma alguma sobre os abusos em Masanjia, mas para descobrir como a informação vazou e foi divulgada pela mídia.

Zhang Chaoying, o diretor da SRPT de Liaoning, foi um ex-diretor de Masanjia, segundo a Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG).

Isso indica que os líderes da equipe de investigação incluem os próprios autores dos crimes e, de acordo com o advogado chinês de direitos humanos Jiang Tianyong, desta forma, eles não têm credibilidade.

Jiang Tianyong disse que havia apresentado uma queixa a todos os departamentos que agora estão conduzindo a investigação, em nome de Sun Yi, uma das vítimas e também praticante do Falun Gong. “Os oficiais nessas organizações estão bem cientes da tortura que se passa em Masanjia e são, portanto, todos criminosos”, afirmou o advogado.

A ex-oficial de tributos Li Wenjuan foi torturada em Masanjia em 2006. Após ouvir sobre a investigação, ela e vários ex-detentos foram ao Departamento de Justiça de Liaoning para fornecerem informações à equipe de investigação.

As vítimas foram orientadas a deixarem suas identificações e números celulares, mas “eles não nos perguntaram nada, não aceitaram qualquer documento que apresentamos nem ouviram o que tínhamos a dizer”, disse Li Wenjuan ao Epoch Times, “Eles somente fizeram um vídeo de nós antes de partirmos.”

Eles também foram ao escritório de Liaoning da mídia estatal Diário do Povo e primeiramente foram recebidos de forma calorosa pelos repórteres, segundo Li Wenjuan. No entanto, as coisas começaram a mudar quando mais vítimas visitaram o escritório dois dias depois, ocasião em que os repórteres declararam que receberam ordens de não reportar ou informar sobre Masanjia.

Enquanto isso, o artigo da revista Lens foi excluído de websites chineses. A mídia ‘China Digital Time’ relatou em 9 de abril que o Departamento Central de Propaganda emitiu instruções de censura dirigidas às mídias para “não reutilizarem, reportarem ou comentarem” sobre Masanjia ou sobre autoridades governamentais.

Li Wenjuan disse ao Epoch Times que um policial bateu em sua porta às 20h do dia 13 de abril, dizendo que precisava de sua colaboração com a investigação e que ela devia deixá-lo entrar.

Ela se recusou a abrir a porta e desde então esta confinada em casa. Ela disse à emissora NTDTV que estava com medo, porque foi torturada em Masanjia e, se fosse presa novamente, ela não sobreviveria.

Outro grupo de vítimas que foi ao Departamento de Justiça da província em 11 de abril para apresentar seus casos recebeu tratamento similar. Em seguida, eles visitaram o jornal local e pediram às autoridades em Shenyang, incluindo o Departamento de Justiça local, para serem mantidos fora da investigação.

Uma das vítimas era um peticionário chamado Gai Fengzhen. Uma fonte disse ao Epoch Times que Gai Fengzhen recebeu um telefonema ameaçador em 11 de abril de um desconhecido que disse ser um repórter, o homem o avisou para ficar longe de problemas.

Numa reportagem do Deutsche Welle de 8 de abril, Gai Fengzhen disse que sofreu tortura excruciante em Masanjia em 2008. “Eles eram tão cruéis. […] Outras pessoas veem coisas como essas nos filmes, mas nós as experimentamos pessoalmente.”

Na verdade, a polícia conseguiu localizar todas as vítimas relatadas pela mídia e forçá-las a assinarem uma declaração de garantia, segundo uma postagem de Twitter do ativista Hu Jia.

As autoridades em Liaoning, obviamente, estão tentando silenciar as vítimas, disse o comentarista político Heng Ele à Rádio Som da Esperança. “A equipe de investigação está fazendo exatamente o oposto do que as vítimas esperaram.”

Ele sugeriu que os atuais membros da equipe de investigação sejam removidos, pois eles têm conflito de interesses com as vítimas. “Eles foram os que iniciaram e incentivaram as torturas em Masanjia”, concluiu Heng He.

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