Autoridade investigada em Henan é um reconhecido perseguidor

28/09/2014 12:53 Atualizado: 28/09/2014 12:53

Um associado de facção do periclitante Zhou Yongkang, o ex-chefe da segurança pública do Partido Comunista Chinês, foi recentemente colocado sob investigação pela agência anticorrupção do regime por “graves violações da disciplina e da lei”, segundo um anúncio oficial.

Qin Yuhai, secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) e vice-diretor do Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional na província de Henan, Centro da China, é o mais alto funcionário daquela província a ser investigado pelo Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), a força-tarefa anticorrupção do PCC. O anúncio de que ele estava sendo investigado foi feito em 21 de setembro.

Embora no momento haja pouca evidência pública de uma relação direta entre Qin Yuhai e Zhou Yongkang, aspectos de sua carreira política e as circunstâncias de promoções significativas e mudanças na carreira de Qin sugerem um forte alinhamento político com Zhou e sua facção.

Proeminentemente, ambos os funcionários dedicaram atenção especial a promover a perseguição à prática espiritual do Falun Gong, uma campanha lançada em 1999 pelo ex-líder chinês Jiang Zemin. A participação ativa das autoridades chinesas nessa violenta campanha política tem sido frequentemente uma prova de fogo para delimitar o alinhamento faccional e pessoal na China nos últimos 15 anos.

De petróleo para a segurança

Qin foi transferido de um cargo no setor do petróleo – onde Zhou Yongkang reinava – para um escritório de segurança do regime, um ano após Zhou obter uma alta posição no Ministério da Segurança Pública.

Zhou, o funcionário de mais alto escalão do PCC a ser punido em uma geração, está atualmente sob custódia, acusado de violar a disciplina do PCC e é esperado que seja julgado no futuro próximo.

Os fundamentos da relação entre esses homens são significativos, porque muitos dos funcionários que o atual líder chinês Xi Jinping tem purgado em sua campanha anticorrupção nos últimos 19 meses foram reunidos de forma semelhante: eles eram aliados do ex-líder chinês Jiang Zemin e de suas políticas, principalmente sua cruzada genocida contra o Falun Gong. Uma vasta rede de funcionários como Qin foi estabelecida em toda a China, em áreas locais e na administração central, e Xi Jinping ainda está em processo de extirpá-los.

A carreira de Qin no PCC começou na Liga da Juventude Comunista em Heilongjiang, no extremo Norte da China. Ele trabalhou na indústria do petróleo na cidade de Daqing, em Heilongjiang, onde se tornou vice-secretário do Comitê Municipal do PCC em Daqing e membro do Comitê Permanente do Gabinete de Gestão de Petróleo.

Em 1997, Qin foi nomeado vice-secretário do PCC e prefeito da cidade de Hegang, em Heilongjiang, e um ano depois foi deslocado para a província de Henan como secretário local do PCC e prefeito de Jiaozuo. A partir de então, sua ascensão foi rápida; em 2004, ele se tornou vice-governador interino de Henan e secretário-adjunto provincial do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), um órgão do regime chinês que controla as forças de segurança pública. Em janeiro de 2013, Qin foi nomeado secretário do PCC e vice-diretor do Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional, o legislativo-carimbo do PCC, em Henan.

De acordo com o Beijing News, as autoridades anticorrupção obtiveram algumas informações incriminatórias sobre Qin durante uma viagem de inspeção pela província de Henan entre 28 de março e 27 de maio, depois da qual mais de 20 funcionários foram submetidos à investigação, incluindo Meng Gang, o chefe municipal da Secretaria de Segurança Pública de Xinxiang, e Mao Zhibin, o ex-presidente do Colégio da Polícia de Henan.

Enquanto Qin ocupou vários cargos na indústria do petróleo em Heilongjiang, Zhou Yongkang foi vice-ministro do Ministério do Petróleo de 1985 a 1988. E quando Zhou se tornou ministro da Segurança Pública em 2003, Qin logo obteve um posto na segurança pública em Henan no ano seguinte.

Batalha política atroz

De acordo com a ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ (WOIPFG) – uma organização sem fins lucrativos que pesquisa sobre a campanha de segurança e propaganda do Partido Comunista contra o Falun Gong –, um dos focos mais intensos da campanha de perseguição tem sido a província de Henan.

Qin Yuhai foi citado dizendo: “Temos de lutar contra o Falun Gong”, no Diário de Jiaozuo em 4 de setembro de 2003.

O Diário de Jiaozuo, um jornal estatal publicado pela prefeitura local, também reportou sobre a visita de Qin ao Centro de Educação Política e Transformação Ideológica de Jiaozuo em 10 de junho de 2003; Qi disse que a luta contra o Falun Gong era “uma batalha política seríssima. É uma batalha evidente que disputa pelas massas, uma disputa no campo de batalha ideológico. Nesta luta, por meio dos esforços coletivos de toda a cidade… nós conseguimos uma vitória preliminar.”

Esta “vitória” consiste na detenção e tortura física e psicológica dos praticantes do Falun Gong em Henan, como parte da tentativa de fazê-los abandonar suas crenças e princípios espirituais. “Mais esforços devem ser colocados na educação-transformação dos praticantes do Falun Gong, com a finalidade de melhorar a estabilidade social na cidade… e facilitar o desenvolvimento econômico geral da cidade”, disse Qin, conforme citado no mesmo artigo da mídia estatal.

“Transformação” é o termo oficial usado para se referir ao processo de conversão ideológica forçada de praticantes do Falun Gong, quando é esperado que eles renunciem à prática do Falun Gong e jurem lealdade ao Partido Comunista. Normalmente isso é feito por meio de tortura com bastões elétricos aplicados em partes sensíveis do corpo, submetendo as vítimas à fome, privação do sono e espancamentos, e amarrando as vítimas em posições dolorosas por dias, o que frequentemente resulta em aleijamento permanente.

Uma série de outras brutalidades foi relatada durante o mandato de Qin em Henan, levando um internauta chinês a comentar: “Os 10 anos que Qin foi vice-governador de Henan, secretário do CAPL e chefe da Secretaria de Segurança Pública foram anos de regime fascista.”