Partidos políticos, um oceano de diferença nos debate sobre refugiados
Autoridades australianas assistiram outro barco de requerentes de asilo em 11 de julho, enquanto o Partido Trabalhista no poder e o Partido Liberal de oposição deliberam sobre a futura política de refugiados da Austrália.
O barco tinha 65 pessoas, segundo relatos iniciais da Autoridade Australiana de Segurança Marítima (AMSA). Todos foram transferidos para embarcações australianas e levados para a Ilha Christmas, o destino habitual dos refugiados detidos. O período máximo de detenção na Austrália foi de sete anos, segundo a Anistia Internacional.
Outro barco com 81 pessoas passou pelo mesmo procedimento também na terça-feira, embora aviões de vigilância da AMSA tenham informado que “nenhum sinal visível de perigo” foi visto, segundo outro comunicado de imprensa.
Apenas duas semanas atrás, dois barcos de requerentes de asilo viraram fatalmente. O primeiro estava carregado com 200 passageiros e cerca de 90 se afogaram, pelo menos quatro pessoas morreram no segundo barco, que estaria carregando 134 pessoas.
Tony Abbott, o líder do Partido Liberal, permanece firme em sua dura e polêmica postura sobre o tratamento dos requerentes de asilo, apesar das tragédias recentes. Ele diz que faria as coisas de maneira diferente se fosse primeiro-ministro.
“Eu compreendo que o pessoal naval tem um trabalho difícil, muitas vezes em circunstâncias altamente angustiantes. Mas o fato é que a Marinha retornou barcos antes, isso é feito com grande profissionalismo, pode ser feito novamente com o devido apoio do governo e isso é o que eu estaria dando a eles”, disse ele na quarta-feira, segundo a transcrição de uma entrevista postada em seu website.
Abbott acrescentou que os liberais continuariam demandando “o processamento rigoroso em Nauru [uma pequena ilha perto da Austrália], vistos de proteção temporários para negar que os traficantes de pessoas tenham um produto para vender e a opção de retornar barcos onde é seguro fazer isso.”
Chris Bowen, o atual ministro da Imigração, disse que os oficiais teriam de encontrar uma solução melhor. “A política de devolvê-los é perigosa e inviável”, disse ele num comunicado na segunda-feira. Ele acredita que pedir ao pessoal marítimo australiano para navegar os refugiados de volta para seus países põe em risco a vida do pessoal.
Num artigo recente para o The Conversation, uma fonte de notícias para análise acadêmica e pesquisa, a professora de criminologia Sharon Pickering da Universidade Monash, em Victoria, escreve que várias questões estão ausentes no debate atual, incluindo o destino daqueles têm entrada negada na Austrália e o fato de que dos 5.732 requerentes de asilo da Indonésia para a Austrália, apenas 24 foram reassentados.
“Prevenir ou dissuadir as pessoas de virem para a Austrália não significa parar a perseguição. Em vez disso, os que estão sendo perseguidos se tornam problema para algum outro país”, escreve ela.
No ano passado, o governo australiano assinou um acordo com a Malásia sob o qual a Austrália poderia enviar supostos refugiados para lá para processamento, em troca de a Austrália concordar reassentar cerca de 4 mil reconhecidos refugiados em espera na Malásia. No entanto, o negócio foi bloqueado pela decisão do Supremo Tribunal australiano, julgando que não havia garantia de que os requerentes de asilo seriam tratados de forma segura na Malásia.