Atraso em especial da TV estatal chinesa gera especulações

16/09/2014 12:49 Atualizado: 16/09/2014 12:49

Todos os anos em julho, ou mais tardar em agosto, a mídia estatal chinesa anuncia com muito alarde quem será o próximo diretor da ‘Gala de Ano Novo’ da Central Chinesa de Televisão (CCTV), uma festa anual de propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC) em que mensagens pró-regime são marteladas na mente da audiência entre chavões bregas e vestidos carregados de lantejoulas.

Até meados de setembro, no entanto, nem uma palavra da CCTV sobre a Gala emergiu, gerando especulações na mídia que talvez o evento não seja realizado em 2015.

“Não é algo que esteja em produção”, disse a sra. Ding, a responsável pela promoção da Gala, segundo a filial de Pequim do Jinghua Times. Quando pressionada pelo repórter sobre se a Gala foi cancelada em 2015, ela disse que não tinha o que comentar.

“Não há qualquer notícia. Ainda não começou. No momento, eu não tenho o que comentar… Eu não ouvi nada sobre cancelamento”, disse Li Xinyan, o diretor da CCTV, segundo a Peng Pai, um mídia online financiada pelo Estado.

Um ponto de especulação que tentou explicar o atraso diz que a CCTV pode estar muito ocupada lidando com a enorme corrupção e escândalos sexuais este ano internos, além das prisões de Li Dongsheng, o ex-vice-diretor da CCTV; Guo Zhenxi, o ex-diretor do Canal de Finanças; Rui Chenggang, um âncora de notícias conhecido; e Li Yong, o vice-diretor do Canal de Finanças. Centenas de funcionários da CCTV foram interrogados e muitos foram demitidos e presos por seus papéis em ajudar esses indivíduos.

Li Dongsheng, em particular, teria usado sua posição na CCTV para subornar e chantagear altos funcionários do PCC com apresentadoras e repórteres jovens e atraentes da emissora; incluindo o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang, que agora está sob investigação. Depois de sua passagem pela CCTV, Li Dongsheng chefiou a Agência 610, uma força policial secreta e extralegal do Partido Comunista Chinês criada para coordenar a perseguição à prática espiritual do Falun Gong.

Outra possibilidade mais inocente para o aparente atraso da Gala é que o Ano Novo Chinês cai em 19 de fevereiro no ano que vem, em vez de janeiro como em 2014. Seja qual for a razão para o silêncio até o momento, os internautas chineses estão animados com a ideia de que a Gala possa ter sido eliminada por completo.

Um internauta escreveu no Weibo, a versão chinesa do Twitter: “Ela [a Gala] é muito mal feita. Parem de desperdiçar dinheiro.” Outro comentou no Sina, um website popular de agregação de notícias: “Enfim a Gala deste ano foi a última… Assistir a Gala é um desperdício de energia elétrica.”