Ativistas querem China longe do Conselho de Direitos Humanos da ONU

07/11/2013 10:55 Atualizado: 07/11/2013 10:55

A China não está apta para ser uma representante ou comissária dos direitos humanos na ONU, afirmam ativistas. Um defensor veterano dos direitos humanos na ONU diz que os ativistas podem ser capazes de frustrar a candidatura da China de retornar ao ‘Conselho de Direitos Humanos da ONU’ (CDH).

Em 12 de novembro, os 193 membros das Nações Unidas elegerão 14 novos membros para o CDH. A China é um dos cinco países asiáticos concorrentes a quatro vagas da região asiática no próximo mandato do Conselho.

No passado, ativistas influenciaram a seleção do conselho visando um país, disse Lawrence Moss, que fez várias dessas campanhas para a Human Rights Watch no passado.

Falando num painel de debate em 5 de novembro, no Church Center da ONU, Moss citou os exemplos de Irã, Síria e Belarus, os quais se retiraram ou perderam o voto por causa da pressão de ativistas. Moss agora dirige o programa de direitos humanos no Hunter College na Universidade da Cidade de Nova York.

A função do conselho é proteger e promover os direitos humanos em todo o mundo. No entanto, vários países membros são grandes violadores dos direitos humanos, fato este bem documentado. Um notório violador dos direitos humanos como a China ser eleito para o conselho “garantiria o abuso do sistema de direitos humanos da ONU”, disse a ativista uigur Rebiya Kadeer, que quer derrubar a candidatura da China.

“Permitir que a China se torne um membro [do CDH] é permitir que um lobo cuide de ovelhas”, disse Kadeer, ecoando um sentimento semelhante de outro ativista, Yang Jianli.

As violações dos direitos humanos perpetradas pelo regime comunista chinês têm sido bem documentadas pelo Departamento de Estado dos EUA e vários investigadores internacionais.

No dia 22 de outubro, em Genebra, a secretária-adjunta interina para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Uzra Zeya, criticou a China durante sua revisão periódica universal dos direitos humanos naquele país.

O Departamento de Estado dos EUA também criticou a China por sua severa repressão das liberdades de expressão, religião e associação, principalmente de grupos étnicos e religiosos, como uigures, tibetanos, cristãos domésticos e praticantes do Falun Gong.

Campanha

Quando um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (sendo a China um deles) quer se eleger para um órgão da ONU, geralmente eles conseguem o que querem, disse Moss. Mas sobre a próxima eleição, Moss disse que não ter certeza se a China terá sucesso.

Falando aos ativistas, Moss disse: “É ótimo que haja uma eleição competitiva… o alinhamento é tal que vocês podem ganhar.” Cinco países competem pelos quatro assentos: Jordânia, Maldivas, Vietnã, Arábia Saudita e China. Um ficará de fora.

Moss disse que Maldivas e Jordânia são ambos favorecidos e fizeram lobby bem sucedido com outras nações em eleições passadas. O perdedor é mais provável que seja o Vietnã, a Arábia Saudita ou a China. Nações preocupadas com os direitos humanos na China ainda podem ser influenciadas, disse Moss.

Ele disse que as eleições do CDH são feitas com voto secreto, para que países não dispostos a se oporem abertamente à China ainda possam fazê-lo em privado.

O lobby pelo poderoso bloco de 56 países muçulmanos, a Organização da Conferência Islâmica, provavelmente favorecerá a Arábia Saudita. De acordo com Kadeer, o grupo manifestou preocupação com a condição dos muçulmanos no noroeste da China, na região de Xinjiang, e provavelmente não apoiará a candidatura da China.