Ativistas não aceitarão ‘não’ como resposta em incidente de morte

17/06/2012 02:15 Atualizado: 17/06/2012 02:15

Suicídio suspeito de Li Wangyang tem animado os manifestantes contra a ditadura de partido único na China

Manifestantes pela democracia na China e ativistas dos direitos civis pretendem manter a pressão sobre Pequim a respeito da morte misteriosa do dissidente Li Wangyang. Eles estão exigindo uma investigação criminal formal e querem os suspeitos em custódia.

Entre os que pedem justiça está Lee Cheuk Yan, o presidente da ‘Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos e Democráticos na China’. Lee pretende expressar suas demandas ao líder chinês Hu Jintao quando ele visitar Hong Kong em 1º de julho pelo 15º aniversário do retorno de Hong Kong à China e pela posse do novo governo de Hong Kong, liderado por Leung Chungying. “Onde quer que Hu Jintao vá, nós iremos também!” disse Lee.

Li Wangyang, um líder sindical e ativista da democracia de Hunan, foi encontrado morto em seu quarto de hospital em 6 de junho, que as autoridades locais alegaram ter sido um suporto suicídio. No entanto, muitas questões permanecem sobre as circunstâncias suspeitas de sua morte. “Os cidadãos de Hong Kong pediram um inquérito por mais informações e o governo central é obrigado a responder às solicitações do público”, disse Richard Tsoi, vice-presidente da Aliança de Hong Kong.

A Frente Civil de Direitos Humanos tem planejado marchas para 1º de julho. De acordo com seu porta-voz, Gary Fan Kwok-wai, eles elaboraram uma petição para as autoridades chinesas investigarem a morte de Li Wangyang e vários grupos recolherão assinaturas do público para a petição. Ele disse, “Faremos Leung Chunying submeter a petição a Hu Jintao. Se ele não estiver disposto a fazê-lo, encontraremos outra oportunidade de entregá-la a Hu Jintao.” “Esperamos que Hu Jintao permaneça em Hong Kong na tarde de 1º de julho e pessoalmente ouça os apelos do povo de Hong Kong”, acrescentou ele.

A autópsia forense foi feita pelo centro médico da Universidade Sun Yat-sen e foi encomendada pelas autoridades de Hunan. Este centro médico foi o mesmo que realizou a autópsia de Xue Jinbo, um líder camponês cuja morte em custódia policial em Wukan foi oficialmente declarada como suicídio. Ambos os relatórios das autópsias foram feitos pela mesma pessoa, Ren Luobin, o vice-diretor do centro. Xue Jianwan, a filha de Xue Jinbo, disse que não acredita numa única palavra do relatório da autópsia de seu pai e que qualquer médico legista selecionado pelas autoridades não é confiável. Luobin foi contatado por jornalistas na segunda-feira, mas apenas respondeu que não era adequado ser entrevistado nesta fase e se recusou a responder a qualquer pergunta.

Segundo um informe da Rádio France Internationale (RFI), o Departamento de Informação das autoridades no distrito de Daxiang, na cidade de Shaoyang, enviaram por fax de Hong Kong em 10 de junho uma declaração sobre a morte de Li. O comunicado divulgado disse que o corpo de Li Wangyang foi cremado dias atrás a pedido de seus familiares. Além disso, suas cinzas seriam enterradas na presença de sua irmã Li Wangling, o cunhado Zhao Baozhu e seus amigos e parentes. No entanto, tanto Li Wangling e Zhao Baozhu desapareceram misteriosamente por dias, sem ninguém ter sido capaz de contatá-los. Desde 6 de junho, muitos dos conhecidos de Li Wangyang têm desaparecido ou sido colocado em prisão domiciliar.

Segundo o relatório da RFI, até agora, apenas o governador do distrito de Daxiang respondeu publicamente sobre a morte de Li. No entanto, autoridades de toda a China parecem estar agindo. Oficiais da Segurança Pública local têm supostamente advertido verbalmente qualquer um que expresse preocupação sobre a morte de Li.

Segundo a BBC News, o primeiro oficial a questionar a morte de Li foi o Dr. York Chow Yat-Ngok, o secretário do Departamento de Saúde e Alimentação de Hong Kong. O Dr. Chow disse que Li foi severamente aleijado, por isso, teria sido difícil para ele se suicidar. Chow também questionou por que Li não deixou uma nota de suicídio se ele realmente cometeu suicídio.

Lin Jiancheng, o último repórter a entrevistar Li Wangyang, caiu em lágrimas quando foi entrevistado pelo Apple Daily. Ele nunca acreditou que Li cometeria suicídio e culpou a entrevista como possível causa da morte de Li. “Estou tão triste. Eu já chorei tantas vezes desde hoje de manhã […] eu indiretamente causei sua morte!” “A maneira como ele morreu, sendo também um chinês eu mesmo e ter um governo desse tipo; eu estou realmente deprimido!”