Ativistas criam sistema para rastrear prisioneiros políticos na China

08/05/2014 12:50 Atualizado: 08/05/2014 12:50

Um grupo chinês de defesa dos direitos humanos criou um banco de dados sobre presos políticos na China continental.

Administrado por voluntários, o grupo chamado “China Political Prisoner Concern” (CPPC), criou recentemente um website em língua chinesa com o intuito de coletar, verificar e publicar o status de presos políticos na China.

Desde sua criação em 1º de fevereiro, o grupo, que consiste principalmente de ativistas de direitos humanos na China continental, já publicou uma lista de 100 prisioneiros políticos. Eles incluem ativistas da democracia, dissidentes, ativistas de direitos humanos, bem como tibetanos, uigures, cristãos, prisioneiros de consciência do Falun Gong e outros. Entre eles estão Xu Zhiyong (nº 54), fundador da “Campanha Novo Cidadão”, e o intelectual uigur Ilham Tohti (nº 59).

Alguns dos voluntários do CPPC são presos políticos antigos. Nos últimos três meses, eles coletaram e catalogaram grandes quantidades de dados e milhares de fotos e produziram perfis dos primeiros 100 prisioneiros. Mais perfis e atualizações serão adicionados numa base contínua, segundo a emissora nova-iorquina NTDTV.

O objetivo do projeto é efetivar a libertação de cada um dos presos. Ao destacar os casos, o grupo espera chamar mais a atenção internacional para o problema. Outra meta é impulsionar o progresso social da China.

O advogado chinês de direitos humanos Tang Jingling já tem coletado dados sobre prisioneiros de consciência desde 2008. Ele também pediu aos internautas chineses que enviem cartões postais para os prisioneiros.

Tang disse a NTD que há muitos prisioneiros de consciência na China. Se desde o massacre de 4 junho de 1989 alguém houvesse coletado informações sobre esses prisioneiros e iniciado ações de resgate sistematicamente, incluindo o envio de cartões postais, isso teria colocado uma enorme pressão no regime comunista chinês. Ao mesmo tempo, isso também teria incentivado os presos por motivos de consciência.

A lista de prisioneiros provavelmente se tornará muito longa caso os voluntários do CPPC sejam capazes de identificar e catalogar todos os presos.

O website do Congresso Mundial Uigur lista dezenas de presos políticos uigures, muitos deles escritores, jornalistas e webmasters que estão presos cumprindo longas sentenças por acusações relacionadas à liberdade de expressão, liberdade de associação e acusações religiosas.

O número real é provavelmente muito maior, mas devido às restrições impostas pelas autoridades chinesas para revelar detalhes sobre uigures presos, é impossível determinar o número exato.

O número de praticantes do Falun Gong que foi detido ilegalmente provavelmente alcança centenas de milhares segundo registros incompletos mantidos por grupos do Falun Gong, como o Minghui.org e a Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong.

Se aqueles que morreram na prisão nos últimos 15 anos forem acrescentados à lista, como a ativista dos direitos humanos Cao Shunli (nº 63), a lista certamente abarcará muitos milhões.

*Imagem de “prisão” via Shutterstock