Ativistas chineses estão pedindo a libertação do recém-detido intelectual uigur Ilham Tohti, que tem criticado as políticas de repressão étnica do regime chinês em Xinjiang, no Noroeste da China.
A polícia invadiu a casa de Tohti em Pequim na quarta-feira e o levou sem apresentar mandado ou dar explicações. Não houve nenhum anúncio oficial das acusações contra ele, embora o Ministério das Relações Exteriores tenha dito que ele está detido por “suspeita de cometer crimes”.
Uma petição no website do ativista tibetano Woeser relaciona os fatos da prisão e apela pela soltura imediata de Tohti. A petição pede às autoridades que anunciem publicamente as acusações contra ele e garantam os seus direitos a um advogado. Também pede que as autoridades parem de restringir os movimentos de sua família.
Woeser, que está sob prisão domiciliar, destaca as políticas do regime chinês em lidar tanto com os uigures de Xinjiang como com os tibetanos, dizendo que “o fracasso da política étnica da China é óbvio para todos. A detenção de Ilham Tohti demonstra que o governo chinês insiste nos seus erros.”
A mídia estatal controlada têm publicado artigos criticando Tohti recentemente. Estes incluem um editorial no sábado no Global Times, uma mídia porta-voz do regime comunista chinês, acusando-o de promover o separatismo na província uigur de Xinjiang predominantemente muçulmana e de “tentar encontrar uma desculpa moral para os terroristas”.
“A violência usada pela polícia em sua pesquisa de seis horas no apartamento de Tohti depois de sua prisão é uma evidência precisa do tipo de perseguição que ele tem denunciado”, esclareceram os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) numa declaração, chamando a atenção para o ataque à residência de Tothi. A esposa de Tohti disse a agências de notícias estrangeiras que pelo menos 30 policiais de Pequim e Xinjiang participaram na operação.
A detenção de Tohti exemplifica a repressão persistente à comunidade uigur, “incluindo àqueles que apenas expressam livremente suas opiniões e informam o mundo sobre a situação desastrosa dos direitos humanos na província noroeste de Xinjiang”, afirmaram os RSF.
O Departamento de Estado dos EUA comentou sobre o assunto no sábado, algo que normalmente não faz, e expressou “profunda preocupação com a detenção do professor Tohti e de pelo menos seis de seus alunos”.