Ativista de direitos da mulher é ameaçada de estupro por polícia chinesa

07/05/2015 18:42 Atualizado: 07/05/2015 18:42

Uma ativista chinesa dos direitos da mulher, há pouco libertada da prisão, disse recentemente que a polícia ameaçou encarcerá-la numa prisão masculina para que fosse estuprada em série pelos prisioneiros. Não é a primeira vez que tais abusos contra mulheres são reportados na China.

Wu Rongrong, uma mulher 30 anos de idade responsável por um centro de direitos da mulher em Hangzhou, foi presa no dia 6 de março por planejar uma série de protestos públicos. Ela foi uma das cinco mulheres ativistas presas nessa ocasião pelas mesmas razões. Todas elas foram libertadas sem qualquer acusação no dia 13 de abril, devido à intensa pressão internacional.

Um relato do tratamento que Wu sofreu nas mãos da polícia chinesa enquanto detida, redigido por autor anônimo, foi publicado no Boxun, um website de notícias dissidentes, e em vários blogs chineses e web sites de notícias.

“Você seria amarrada e atirada para dentro de um cela com prisioneiros para ser estuprada em série por eles”, Wu recorda ter ouvido da polícia. “O teu filho de quatro anos encontrará problemas na escola e terá dificuldade para encontrar emprego no futuro”.

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Wu diz que suportou outros insultos, e que foi obrigada a dormir no chão durante os seus 37 dias de encarceramento, apesar de sofrer de doença crônica de fígado. A polícia também afirma que perdeu o cartão de identificação dela, que havia sido confiscado quando foi detida, tornando-se difícil para ela resolver os assuntos da vida diária.

É comum, na China, que as fontes que denunciam abusos permaneçam anônimas. Um dia antes, Wu tornou pública uma declaração relatando o interrogatório policial de oito horas que ocorreu depois de sua detenção. Wu não conseguiu confirmar pessoalmente a veracidade do relatório, pois foi banida de falar com as mídias. Contudo, seu advogado afirma que a declaração é autêntica, de acordo com a Associated Press.

Wu não pôde ser contactada para comentar e confirmar a autenticidade do relato sobre a ameaça de estupro em série por prisioneiros. Não obstante, o uso da violação sexual contra as mulheres detidas na China, particularmente as prisioneiras de consciência, é amplamente documentado.

Du Bin, um antigo jornalista do New York Times, publicou recentemente livros e um documentário baseado em testemunhos de sobreviventes do campo de trabalhos forçados para mulheres Masanjia, no centro de Shenyang, Província de Liaoning, que é infame por torturar praticantes de Falun Gong do sexo feminino. Falun Gong é um disciplina espiritual que foi banida, e seus praticantes são perseguidos desde 1999 pelo Partido Comunista Chinês.

“Enquanto ser humano, não existe razão ou desculpa para tolerar as atrocidades contra mulheres que aconteceram no campo de trabalhos forçados de Mansajia, incluindo o uso por longo período de dilatador uterino para alimentação forçada, obrigar as mulheres a deitarem-se nos seus próprios dejetos, atar várias escovas de dentes e rodá-las dentro da vagina, colocar pó de malagueta dentro da vagina, eletrocutar com bastões elétricos os seios e o interior da vagina, colocar mulheres em celas de prisioneiros…”, escreveu Du no Twitter, após a publicação do seu livro de 2014 , “Coma Vaginal”.

“Os guardas violavam as praticantes de Falun Gong”, afirmou Xin Suhua, uma sobrevivente de Masanjia nascida em Benxi, ao Minghui, um portal de informação sobre a prática de Falun Gong.

O campo de trabalho é como o “inferno na terra”, disse a antiga prisioneira Liu Hua. O local deveria ter sido supostamente encerrado em 2013, mas foi descoberto em 2014 que o regime chinês meramente deu ao Mansajia dois nomes novos e manteve as instalações. É provável que o programa de tortura se mantenha em operação.