O ativista chinês da democracia Li Wangyang, que passou mais de duas décadas na prisão após os protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), foi encontrado morto num hospital da cidade de Shaoyang, província de Hunan, na manhã de 6 de junho. Embora a polícia local tenha determinado a morte de Li como suicídio, amigos, parentes e grupos de direitos humanos expressaram suas suspeitas sobre as circunstâncias estranhas de sua morte.
Em 1989, Li foi condenado a 13 anos de prisão após tentar estabelecer um sindicato independente em Shaoyang, sua cidade natal. Ele estava em liberdade condicional em 2000 devido a problemas de saúde, mas em maio de 2001 foi julgado e novamente condenado a 10 anos sob a acusação de “incitar a subversão do poder do Estado”. Segundo um artigo do New York Times, em 2001, Li foi condenado depois que fez contato com dissidentes estrangeiros e falou com a imprensa estrangeira sobre as condições prisionais na China. Ele foi liberado em maio de 2011, cego, aleijado e quase surdo devido aos maus tratos na prisão.
Li estava sendo tratado no Hospital Distrital de Daxiang por diabetes e doença cardíaca, segundo a Associated Press (AP). Zhao Baozhu, cunhado de Li, disse ao Epoch Times que a família recebeu um telefonema do hospital na manhã de quarta-feira por volta das 7 da manhã notificando-os da morte de Li. Li foi encontrado pendurado numa barra de segurança da janela com uma tira de pano branco ao redor do pescoço, apesar de ambos os pés estarem plantados no chão, disse Zhao à AP.
“Estamos todos muito chocados. Isto é impossível. Ele nunca teve o pensamento [de cometer suicídio], estes dois dias [ele estava] muito normal”, disse Zhao. Zhao também recontou que poucos dias atrás Li disse a sua irmã que queria comprar um rádio para estimular seu ouvido esquerdo que estava perdendo a audição. É difícil acreditar que ele queria acabar com sua vida, disse Zhao.
O ativista de direitos humanos Zhu Chengzhi, um amigo de Li, disse ao Epoch Times que por volta das 9 horas da manhã, a polícia levou o corpo de Li sem a aprovação da família e os proibiu de tirarem fotografias.
O grupo Centro de Informação dos Direitos Humanos e da Democracia de Hong Kong divulgou um comunicado na quarta-feira lembrando que no último sábado Li aceitou uma entrevista com uma emissora de TV a cabo de Hong Kong expressando que continuaria a pedir a reparação do governo chinês pelo Massacre da Praça Tiananmen que ocorreu em 4 de junho de 1989.
Enquanto isso, amigos de Li expressaram suas suspeitas sobre sua morte. Zhou Zhirong, um amigo e ativista da democracia de Hunan, disse, “Li Wangyang esteve preso por 22 anos e não cometeu suicídio. No dia 4 de junho, ele estava feliz conversando com Zhu [Chengzhi] e muito otimista sobre o futuro da democracia na China. Ele acreditava firmemente que a democracia logo chegaria à China e que a ditadura teria seu fim. Então, Li não poderia ter cometido suicídio.” Ele também expressou que no dia 4 de junho 10 guardas de segurança apareceram para acompanhar Li ao hospital, por isso, é difícil imaginar que Li possa ter cometido suicídio enquanto os guardas o vigiavam.
Zhou também divulgou um comunicado na quarta-feira anunciando a criação do “Comitê para investigar a verdade sobre o suicídio de Li Wangyang”. O comunicado ainda listou quatro pontos principais que levaram Zhou e outros amigos ativistas da democracia de Li a suspeitarem que as autoridades locais forjaram o suicídio de Li depois de o terem matado elas mesmas.
O ativista da democracia Tang Baiqiao também é um dissidente político na província de Hunan e era um líder estudantil durante os protestos de 1989 na Praça Tiananmen. Ele atualmente vive no exílio em Nova York, mas ainda está em contato com seus amigos dissidentes em Hunan.
Em 2001, Tang estava em contato com Li Wangling, a irmã de Li, para discutir questões relativas à tentativa de Li de divulgar a tortura que sofreu na prisão. Mas logo depois, seus contatos com Tang foram descobertos pelas autoridades e ela foi acusada de “entrar em contato com forças estrangeiras hostis” e enviada por três anos a um campo de trabalho.
Tang disse ao Epoch Times que, “Eu queria expor isso hoje para que mais pessoas possam entender as brutalidades do Partido Comunista Chinês.”
Com reportagem de Gu Qing’er e Ariel Tian.