Em 13 de junho, o Centro de Informação para os Direitos Humanos e a Democracia (CIDHD) de Hong Kong revelou que durante seu período de prisão, o ativista da democracia e dissidente chinês falecido recentemente Li Wangyang foi preso por longo tempo na chamada “cela-caixão”, uma cela de prisão apenas pouco maior do que um caixão.
Em 1989, depois de tentar estabelecer um sindicato independente em Shaoyang, sua cidade natal, Li foi condenado a 13 anos de prisão no Presídio de Longxi na província de Hunan. De acordo com o CIDHD, Li foi colocado dentro do cela-caixão mais de 20 vezes como forma de tortura. Foi relatado que tal cela tem 2 metros de comprimento, um metro de largura e 1,6 metros de altura. Luo Xiaoqing, um amigo de Li, disso ao jornal Mingpao de Hong Kong que ele chegou a ficar três meses nessa cela numa das vezes.
Lin Jiancheng, o repórter de uma emissora de TV de Hong Kong que levou ao ar a última entrevista de Li antes de sua morte, relatou ao Mingpao que Li falou sobre a “cela-caixão” durante sua entrevista. Li descreveu a cela como sendo completamente escura, com vários mosquitos e outros insetos no interior. Na cela havia um buraco no chão para suas necessidades básicas e duas portas pesadas com um pequeno furo no centro, por onde Li recebia sua comida. Li seria frequentemente espancado enquanto estava na cela.
De acordo com o repórter, Li também disse que nos primeiros dias na prisão ele foi submetido a confinamento solitário. Quando ele protestou contra esse tratamento fazendo greve de fome, guardas da prisão forçaram-no a usar grilhões que pesavam mais de 50 quilos. Os ferros da perna também estavam enferrujados, o que fizeram sua pele ficar ulcerada até as nádegas. Na entrevista com a emissora, Li disse que a polícia também usou um alicate de ferro para prender seus pulsos. A dor era tão insuportável que ele imediatamente desmaiaria.
Li foi encontrado morto em 6 de junho no hospital onde estava sendo tratado por diabetes e doenças cardíacas. Embora tenha sido alegado que ele cometeu suicídio, grupos de direitos humanos, amigos de Li e familiares expressaram suas suspeitas sobre as circunstâncias estranhas de sua morte. Pessoas interessadas também pediram uma investigação completa sobre a causa de sua morte.
O CIDHD também relatou que Li Wangling, a irmã de Li, e Zhao Baozhu, seu cunhado, ainda não voltaram para sua casa na cidade de Shaoyang desde que deixaram o hotel onde estavam hospedados para supervisionar o funeral de Li, apesar de ter sido confirmado que fizeram check-out no hotel em 9 de junho. O CIDHD suspeita que Li e Zhao foram colocados sob vigilância policial em algum lugar e proibidos de abandonarem as instalações.
Enquanto isso, ativistas da democracia e dos direitos humanos na cidade de Shaoyang continuam a ser monitorados e reprimidos pela polícia local. O CIDHD relatou em 13 de junho que Huang Lihong, um amigo de Li e ativista dos direitos humanos, foi preso pela polícia local em sua casa na noite de 12 de junho. O grupo Defensores dos Direitos Humanos Chineses, baseado em Washington DC, relatou que Yin Zhengan, outro amigo de Li, está atualmente sob vigilância policial estrita e foi proibido de sair da casa de chá que possui.