O setor industrial da China encolheu em janeiro pelo segundo mês consecutivo, um início pouco auspicioso para 2015 diante da desaceleração da produção anual às vésperas do Ano Novo Chinês.
O amplamente seguido Índice dos Gerentes de Compras (PMI) do HSBC referente ao setor industrial da China para janeiro de 2015 foi de 49,7, arredondado para cima de 49,6. Agora essa medida está solidamente em território de contração após três meses de leitura inferior a 50, que é o limiar que os economistas usam para separar uma produção em expansão ou contração.
O relatório do banco global HSBC Plc veio após uma leitura oficial de 49,8 do regime chinês. “Tanto as novas encomendas como as novas ordens de exportação apresentaram resultados decrescentes, mas ainda sinalizavam expansão marginal”, disse Qu Hongbin, economista-chefe de Pesquisa Econômica da Ásia e China, do HSBC.
“Achamos que a demanda no setor manufatureiro continua fraca e serão necessárias medidas mais agressivas de flexibilização monetária e fiscal para evitar outro forte abrandamento do crescimento.”
O HSBC também estimou que postos na indústria têm diminuído por 15 meses consecutivos. Janeiro é normalmente um mês fraco para a mão de obra industrial na China, pois trabalhadores voltam para casa para as férias do Ano Novo Chinês.
O relatório também disse que os preços dos insumos caíram pelo sexto mês consecutivo, com a taxa de deflação aumentando acentuadamente em janeiro. Isto é provavelmente devido à redução dos custos do petróleo e dos combustíveis.
‘Abenomics’ é um fator?
A contração da manufatura na China vem num momento de relativo crescimento para a economia do Japão, que é também voltada para a exportação.
Economistas consultados pelo Centro de Pesquisa Econômica do Japão estimam que o PIB japonês provavelmente cresceu a uma taxa anualizada de 3% no último trimestre de 2014, segundo o Wall Street Journal.
A política monetária do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe de baixas taxas de juros para estimular a economia e enfraquecer o iene japonês tem tido o efeito de impulsionar o setor industrial do Japão, que depende de exportações.
Enquanto a economia do Japão se manteve estagnada nos últimos dois anos, a Abenomics [política econômica da administração Shinzo Abe] impulsionou seu setor manufatureiro. O iene fraco, em relação a seus vizinhos concorrentes, Coreia e China, já aumentou a produção em empresas como Sharp Corp. e Panasonic Corp.
O yuan chinês se fortaleceu em 11% em relação ao iene no ano passado, e em 22% nos últimos 24 meses.
Isso não augura nada de bom para o setor industrial da China. Na última década, a China fez a transição de seu setor manufatureiro predominantemente exportador de mercadorias de baixo custo, como roupas e utensílios domésticos, para se tornar um fabricante de equipamentos de alta tecnologia e máquinas, como autopeças e eletrônicos.
Isso colocou a China em concorrência direta com o Japão. E considerando o recente mergulho do yuan chinês em comercialização no exterior, é simplesmente uma questão de tempo antes que o Banco Popular da China decida diminuir as taxas de juros.