Gangues de vigilantes xenófobos na Grécia têm atacado imigrantes numa onda crescente de violência que as autoridades não conseguem resolver, segundo um relatório do Human Rights Watch (HRW) na terça-feira.
A organização de direitos nova-iorquina diz que tem havido uma série de ataques e evidências de que estão se tornando mais frequentes, mas a polícia está falhando em proteger as vítimas imigrantes ou levar os agressores à justiça.
A maioria dos ataques ocorre à noite ou próximo de áreas centrais das cidades. Normalmente, os assaltantes agem em grupos, sempre trajando roupas escuras e com os rostos cobertos. Os atacantes empunham garrafas de cerveja e porretes ou simplesmente usam os próprios punhos, informou a HRW, depois de entrevistar 59 pessoas que sofreram ataques. As testemunhas disseram que os atacantes também os insultam e ameaçam para deixarem a Grécia.
Vigilantes visam essencialmente imigrantes da África e Ásia. Alguns vieram para a Grécia para ganhar mais dinheiro, enquanto outros, incluindo imigrantes do Afeganistão e Somália, fugiram para escapar da guerra.
“As pessoas que vêm de zonas de guerra estão com medo de sair à noite em Atenas temendo serem atacados”, disse Judith Sunderland, uma pesquisadora da divisão da Europa Ocidental do HRW. “A crise econômica e a imigração não podem desculpar a falha da Grécia em combater a violência que está rasgando o liame social.”
Nos últimos anos, a Grécia tornou-se uma porta de entrada para todo tipo de imigrantes sem documentos que pedem asilo.
Um artigo de opinião na terça-feira no GreekReporter.com, uma fonte de notícias em inglês sobre temas gregos, diz que a mídia e extremistas na Grécia culpam os imigrantes, mas não examinam o papel do Estado ao permitir esta situação ou o papel do público ao votar em políticos corruptos.
“Agredir imigrantes com paus e facas é uma cena bastante comum para as pessoas que vivem em Atenas. Ninguém interfere, pois isso é perigoso. Mas eu me pergunto, quem tem a maior parte da responsabilidade por este perigo em ascensão, os políticos, os refugiados ou os extremistas?”, escreveu o colunista.
Sahel Ibrahim, um somali de 26 anos, disse que foi atacado no centro de Atenas e perseguido por uma rua por cinco jovens gregos. Sua mão estava quebrada quando ele tentou se defender contra os homens que lhe bateram com um pedaço de madeira.
Ele disse que não iria à polícia. “Eu não acredito que eles [a polícia] possam me ajudar”, disse Ibrahim conforme citado. “Eles sabem a situação, eles sabem todos os problemas. Por que eles ainda estão sentados? Precisamos de algumas regras. Precisamos de grandes passos. Este país precisa disso, este país merece isso.”
Em várias prisões, alguns dos atacantes eram supostos membros do partido de extrema-direita Aurora Dourada. A mídia local e políticos da oposição dizem que é um partido neonazista.