O ex-editor de um jornal de grande circulação em Hong Kong foi esfaqueado e cortado nas costas e nas pernas por dois homens no dia 26 de fevereiro, informou a polícia. O ataque resultou em Kevin Lau Chun-to, até recentemente editor-chefe do jornal Ming Pao, sendo levado em estado crítico para um hospital.
A demissão de Lau Chun-to como editor do Ming Pao, que é publicado em Hong Kong, ganhou as manchetes na cidade e em todo o mundo no mês passado. O esfaqueamento estaria de alguma forma relacionado a este evento, e segue uma série de atos violentos contra figuras da mídia de Hong Kong nos últimos anos.
Os atacantes agiram às 10h da manhã de quarta-feira, logo após Lau sair de seu carro em Sai Wan Ho, uma zona residencial de Hong Kong. O agressor fugiu com um parceiro numa motocicleta, segundo Simon Kwan King-pan, o inspetor-chefe da polícia de Hong Kong.
Lau recebeu seis estocadas, sendo duas nas costas e duas em cada perna, segundo C.N. Tang, um médico do Hospital Oriental Pamela Youde. A maior ferida, nas costas de Lau, media 16 centímetros. Após uma cirurgia de emergência, Lau já não corre risco de morte, mas ainda está numa condição delicada, indicou o médico.
Lau, de 49 anos, foi abruptamente demitido de seu cargo no Ming Pao no início de janeiro. Pouca explicação foi oferecida por seu empregador, que tem laços com a China continental, e jornalistas e outras personalidades ativas na comunidade questionaram se havia uma conspiração política por trás da demissão.
Muitos em Hong Kong acreditam que o Partido Comunista Chinês está trabalhando duro para influenciar e controlar toda a imprensa na cidade, que faz parte da República Popular da China, mas é seria governada independentemente. Milhares realizaram protestos de rua em Hong Kong no último mês.
O ataque a Lau irritou muitos, e também gerou profunda preocupação com a liberdade de expressão em Hong Kong. “Estamos preocupados que o incidente seja uma ameaça à liberdade de mídia e de expressão em Hong Kong”, disse a Associação de Jornalistas de Hong Kong, num anúncio sobre o atentado a Lau.
Políticos de Hong Kong, incluindo o chefe-executivo Leung Chun-ying, visitaram Lau no hospital, qualificando o ataque de “selvagem” e “inaceitável”.
O Ming Pao publicou um anúncio nesta quarta-feira, oferecendo HK$ 1 milhão (US$ 129 mil) em recompensa por informações sobre os agressores. O texto condenou veementemente a “violência a sangue frio em plena luz do dia”.
O caso de Lau é um dos muitos ataques anônimos semelhantes contra figuras da mídia em Hong Kong nos últimos anos. Em junho passado, o magnata da mídia e anticomunistas Jimmy Lai, chefe do jornal Apple Daily de Hong Kong, teve seu portão dianteiro destruído por um carro roubado, enquanto um machado e um facão foram deixados na calçada. Ninguém ficou ferido, mas a polícia disse que o evento parecia ser o envio de um aviso.