Nem todos os príncipes são feitos da mesma forma. Esses descendentes de revolucionários comunistas chineses são agora cinco no Comitê Permanente do Politburo, o centro de poder e governo do Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo seu atual líder Xi Jinping. As diferenças entre eles, bem como a forma como eles interagem com outra grande força política no PCC – a facção da Liga da Juventude – poderia influenciar a estabilidade da liderança pelos próximos anos.
Há dois tipos principais de príncipes, segundo Shi Zangshan, um analista sobre China baseado em Washington: os “aristocratas vermelhos”, cujos pais se juntaram ao PCC antes de assumirem o poder na China em 1949 e que têm um forte sentimento de obrigação pela manutenção do regime comunista. Embora os aristocratas vermelhos não sejam muitos, eles têm influência política e dinheiro e estão na frente e no centro entre os príncipes, disse Shi Zangshan.
Os príncipes também incluem os descendentes de altos oficiais que ascenderam após o PCC estabelecer seu reinado; eles são menos politicamente focados e são “basicamente capitalistas” e oportunistas, disse Shi Zangshan.
Os príncipes de ambas as denominações teriam dominado totalmente o mundo político da China há muito tempo, não fosse o ex-líder chinês Deng Xiaoping promover, no final dos anos 1970, Hu Yaobang, um oficial da Liga da Juventude Comunista (LJC), que mais tarde se tornou líder do Estado, para a execução de reformas econômicas.
Hu Yaobang e muitos oficiais jovens da LJC que ele promoveu se tornaram uma nova força política, comumente conhecida como “Tuanpai”, ou facção da Liga da Juventude. Esta facção se destacou visivelmente quando Hu Jintao se tornou o líder do PCC.
A facção da LJC desde então se tornou uma grande concorrente, quando não uma adversária, dos príncipes. Tipicamente ascendendo da base, os oficiais da LJC aprenderam a permanecer discretos e serem cautelosos ao subirem a escada passo a passo. Como Hu Jintao, eles geralmente mostram uma face inexpressiva e seus discursos públicos contêm poucas palavras emocionais ou gestos.
A última geração de líderes do PCC foi quase toda de tecnocratas treinados – engenheiros como Jiang Zemin, Hu Jintao e Wen Jiabao. O caminho tecnocrático é comum nos países comunistas, segundo Shi Zangshan. “Eles normalmente só cuidam de vazamentos e da substituição de partes. Eles não consideram problemas estruturais ou sistêmicos como sua responsabilidade”, disse ele numa entrevista ao New Epoch Weekly.
O novo grupo regente será muito diferente de seus antecessores de várias maneiras.
Os príncipes acreditam que as contribuições de seus pais ao regime naturalmente lhes dá direito ao poder, disse Chu-Cheng Ming, professor de Ciência Política na Universidade Nacional de Taiwan, ao New Epoch Weekly. Suas formações, educação, experiências e vida privilegiada dão aos príncipes um estilo pessoal e de liderança diferente, disse Chu-Cheng Ming.
Wang Dan, um ex-líder estudantil do movimento pró-democracia de 1989, delineou quatro características diferentes possuídas por muitos príncipes, falando num seminário em 19 de novembro em Taipei.
Primeiro, eles são muito emocionais. “Isso é evidente no oficial deposto Bo Xilai, ex-membro do Politburo, que agrediu no rosto Wang Lijun [seu ex-chefe de polícia e braço-direito]”, disse Wang Dan. “Não é possível imaginar pessoas como o ex-premiê Wen Jiabao ou Hu Jintao fazerem algo assim.”
Segundo, eles têm sérios conflitos entre facções. “Os príncipes carregam consigo a bagagem histórica da geração mais velha e herdaram o amor e o ódio de seus pais”, disse Wang Dan, notando que o PCC enfrenta nos últimos tempos sua pior luta interna entre facções e líderes.
Terceiro, eles têm uma forte inclinação pela “política de desempenho”. Wang Dan disse que a estreia dos novos líderes, Xi Jinping e os outros membros do Comitê Permanente, foi um show político clássico. “Ele falou sobre a felicidade do povo e colocou o povo acima do PCC. Fazer um show como este para demonstrar que se importam com o povo é uma tática típica dos príncipes”, disse Wang Dan.
Em quarto lugar, eles têm fortes traços pessoais. Ao contrário dos inexpressivos oficiais da Liga da Juventude que são extremamente cautelosos e sempre hesitam em fazer qualquer grande avanço, os príncipes normalmente têm personalidades excêntricas.
Um exemplo é Wang Qishan, um dos membros do Comitê Permanente e genro do ex-líder Yao Yilin. Entre as muitas anedotas sobre Wang Qishan há uma sobre suas demandas incomuns quando visita outros países: ele faz os hotéis prepararem uma cama de tábua de madeira para ele e insiste em fumar em seu quarto mesmo que o alarme de incêndio dispare.
“Esses traços dos príncipes darão origem a mais figuras políticas atípicas na China e uma chance muito maior de incidentes inesperados entre a liderança”, disse Wang Dan.
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