As jovens vítimas das enchentes no Himalaia

23/07/2013 16:18 Atualizado: 23/07/2013 16:18
Um jovem indiano, resgatado das áreas atingidas pelas enchentes, espera com outros num campo de refugiados em Dehradun, capital do estado de Uttarakhand, Índia (Manan Vatsyayana/AFP/Getty Images)

Após as enchentes que devastaram a região do Himalaia indiano em junho, mais de 1.200 crianças ainda estão desaparecidas, 250 mil deixaram de frequentar a escola e um número desconhecido de órfãos pode estar vulnerável ao tráfico de pessoas e outros traumas.

“As enchentes em Uttrakhand tiveram impacto direto nas crianças das áreas afetadas”, disse Gargi Banerji, diretora da Pragya, uma organização não-governamental de distribuição de alimentos, kits de higiene e roupas para crianças e bebês. “O deslocamento das comunidades e a infraestrutura destruída pós-desastre continuam a expor as crianças a inúmeros riscos e apresentam vários desafios ao bem-estar das crianças no estado”, disse Banerji.

Educação prejudicada

Muitos edifícios escolares foram destruídos ou danificados ou estão em zonas vulneráveis. Algumas escolas estão sendo usadas como campos de refugiados ou centros de distribuição. Banerji deu o exemplo de uma escola primária em Agastyamuni que foi completamente arrasada, deixando seus 600 alunos sem educação.

Embora as escolas devessem reabrir em 10 de julho, as condições ainda não permitem que a maioria tenha acesso às escolas. Organizações de ajuda estão trabalhando para fornecer instalações alternativas rapidamente para minimizar a evasão.

Um relatório da ‘Save the Children’, uma organização de ajuda que tem atuado no local, mencionou a Escola Secundária Takshila, na mesma área de Agastyamuni, que foi submersa pelas enchentes. O rio Mandakini agora flui pela escola.

Órfãos feridos

Krishna Tirath, o ministro indiano para o Desenvolvimento das Mulheres e da Infância, analisou anteriormente o impacto das inundações sobre as crianças. De acordo com um comunicado de imprensa do ministério no início de julho, as inundações recentes deixaram muitas crianças sem-teto e órfãs. Tirath disse no comunicado que o governo foi incapaz até o momento de avaliar quantas crianças foram afetadas.

Banerji explicou: “Um grande número de crianças ficou órfã ou foi separada da família. Por exemplo, apenas na pequena aldeia de Barginda, oito crianças ficaram órfãs.”

“Quase todas as crianças que sofreram ou testemunharam as enchentes e a devastação experimentam traumas psicológicos graves”, acrescentou ela. “Muitos também sofreram lesões, como hematomas [e] membros fraturados.”

Uma menina admirável

Ela contou a história da menina Kumari Rajjita de nove anos da aldeia de Syaba. Rajjita sofria de febre e dores de cabeça recorrentes e recebia tratamento em Dehradun, a capital do estado, pois sua aldeia carece de instalações médicas avançadas.

“Devido à falta de acesso rodoviário, ela não pode mais viajar para Dehradun para exames regulares de saúde. Suas dores de cabeça voltaram, mas ela não reclama e tenta ser firme e corajosa”, disse ela.

O pai de Rajjita caminha todos os dias para a cidade de Uttarkashi ou para onde quer que haja alimentos e materiais de socorro sendo distribuídos para coletar suprimentos essenciais para a família. Às vezes, ele parte por um dia ou dois, porque os centros de distribuição são relativamente distantes.

Mais ajuda humanitária necessária

Enquanto as agências quase terminaram as operações de socorro imediato e em breve se concentrarão em programas de reabilitação de longo prazo, há uma preocupação generalizada de que o desastre deixará crianças órfãs ou separadas vulneráveis a mais traumas psicológicos, violações dos direitos humanos e, particularmente, ao tráfico de pessoas.

“É necessário aconselhamento psicossocial e outras medidas para ajudar estas crianças a lidarem com o trauma, o medo e a confusão”, disse Banerji. “O desenvolvimento de meios de vida alternativos para as famílias também deve ser garantido para que possam prover segurança alimentar às crianças.”

Uma análise de campo das agências envolvidas destaca também a necessidade de desenvolver instalações de cuidados de saúde pós-natal adequadas para crianças e mulheres grávidas.

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