O desafio da fitopatologia hoje é o controle das enfermidades das plantas de forma racional e sustentável
Desde o passado até os dias atuais, as enfermidades das plantas são a causa da falta de alimentos, perdas econômicas significativas, mudanças na paisagem e danos à saúde humana.
A ciência que estuda as enfermidades das plantas é a fitopatologia. “O desafio da fitopatologia na atual situação mundial é o controle das enfermidades das plantas de forma racional e sustentável”, afirma a fitopatologista Érika Sayuri Naruzawa, engenheira agrônoma e doutora de ciências florestais pela Universidade de Laval, no Canadá, em entrevista ao Epoch Times.
Contudo, a busca de plantas cada vez mais saudáveis causa danos aos produtores rurais, pelo usa cada vez mais exagerado de agrotóxicos. “O ideal seria diminuir ao máximo o uso de agrotóxicos. Por exemplo, em lugar de utilizar um agrotóxico para o controle de um fungo fitopatogênico, o uso de uma variedade resistente de planta evitaria o controle químico. Métodos de controle alternativos, como a aplicação de indutores de resistência de plantas também podem ser utilizados”, disse Érika.
Os agentes causadores comuns de enfermidade das plantas são fungos, bactérias, vírus, fitoplamas, micoplasmas, protozoários, e nematoides. “Os fungos, em especial, são os responsáveis pela maior parte das enfermidades das plantas conhecidas. Por esse motivo, os fungos fitopatogênicos, ou seja, que causam enfermidades nas plantas, são os microrganismos mais estudados”, afirma a especialista.
Na história da humanidade, as enfermidades das plantas tiveram impacto em muitas regiões. Na Europa, devido à escassez de alimentos no século XIX, tubérculos de batata foram perdidos devido a uma enfermidade hoje conhecida como ferrugem. “Na Irlanda, onde a alimentação se baseava praticamente em batata, cerca de dois milhões de pessoas morreram de fome”, disse a especialista.
Hábitos alimentares de uma população inteira foram afetados por enfermidades das plantas. Érika contou que no Sri Lanka se produzia café para exportação. Em 1869, uma enfermidade conhecida como “ferrugem do café”, causado pelo fungo Hemileia vastatrix, devastou as plantações de café. A Inglaterra, que importava café do Sri Lanka naquela época, procurou outra bebida, e, então, substituiu o café pelo chá, bebida mais popular entre os ingleses hoje.
A morte de muitas pessoas na Idade Média foi causada por uma enfermidade denominada de ergotismo. O fungo Claviceps purpúrea, que produz toxinas, infectava o grão de centeio. “O pão feito com centeio contaminado causava formigamento nos membros, elevação da temperatura corporal, problemas mentais, aborto, gangrena, alucinações e morte”, afirmou Érika.
Mudanças na paisagem podem ser causadas pelas enfermidades das plantas. Um exemplo, citado por Érika, foi o dos olmos, árvores da América do Norte e Europa, que foram dizimados pela enfermidade holandesa do olmo. “Na cidade canadense de Montreal, por exemplo, quase todos os 35 mil olmos foram exterminados por esta enfermidade. O agente desta enfermidade é o fungo Ophiostoma Ulmi, transmitido por besouros. Crê-se que estes fungos chegaram a América do Norte em pedaços de madeira importados do Reino Unido”, disse Érika.
No Brasil, enfermidades de plantas foram responsáveis por grandes perdas econômicas na Amazônia. As árvores que produzem borracha foram plantadas em grande escala no Pará para produzir borracha com a intenção de fazer pneus para automóveis. Uma enfermidade, “o mal das folhas”, causada pelo fungo Microcyclus Ulei, dizimou as plantações. No Sul da Ásia, onde não existia esta enfermidade, as plantações aumentaram, o que os fez atualmente serem os maiores produtores de borracha do mundo, explicou a especialista.