Artesã usa resíduos de pesca como matéria-prima para sua arte

30/11/2012 11:00 Atualizado: 30/11/2012 19:22
A artesã Karine mostra detalhe da bolsa confeccionada a mão usando como matéria-prima a rede de pesca descatada pelos pescadores. (Marcia Cunha/The Epoch Times)

A artesã Karine Portela é um exemplo do empreendedorismo da mulher brasileira e da diversidade e riqueza do artesanato das diferentes regiões do Brasil. Da Colônia de Pescadores São Pedro, localizada no segundo distrito de Pelotas, extremo sul do Brasil, Karine transforma lixo em arte. Recicla redes de pesca, escamas e couro de peixe.

A artesã retira da rede de pesca descartada pelos pescadores a matéria-prima para suas peças. As redes de pesca, que serviram para arrastar safras de camarão, se transformam em charmosas bolsas, carteiras e nécessaires, tecidas em um rústico tear.

“Nós usamos esta rede que seria jogada fora na praia. Fazemos a higiene da rede para limpar, desfiamos e tecemos com ela”, explica a artesã.

As escamas de peixe viram delicadas biojóias. São colares, pulseiras e brincos, que misturam escamas e prata, aliando criatividade ao requinte.

“Trabalho também com o couro do peixe. Faço carteiras, pulseiras e alguma coisa em chaveiro também” completa Karine.

O couro da corvina, tainha, cascuda e linguado, vira também tecido para criativas bolsas e detalhes ornamentais de lenços.

Há uns dez anos, uma professora ensinou Karine e outros artesãos a fina arte de usar material como conchinhas do mar, ossos, pele de peixe e sementes para melhorar a renda familiar deles. Mais tarde, a Emater os ensinou a fazer bijouteria de escamas.

Karine explica que desfia a rede antes de usar para tecer seus artesanatos (Marcia Cunha/The Epoch Times)

Mais recentemente, há quatro anos, um projeto do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS) mostrou aos artesãos outras formas de agregar mais valor ao seus trabalhos manuais. Eles passaram então a fazer artesanato com rede de pesca, que após 5 a 6 anos de uso precisam ser substituídas.

“Comecei a trabalhar para gerar renda, mas hoje é mais do que isto: é o prazer, a alegria de trabalhar com aquilo que gostamos. É também gratificante porque damos oportunidade [de trabalho] para outras pessoas, pois às vezes precisamos de auxiliares na produção”, diz Karine.

Ela faz parte do grupo de artesãs Redeiras do projeto Artesanato Mar de Dentro do Sebrae/RS, que orienta e fortalece o protagonismo das artesãs na produção, gestão, comercialização e acesso as politicas públicas.

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