Arquitetura deslumbrante da Dinastia Ming

01/10/2014 12:45 Atualizado: 01/10/2014 12:45

Ao longo da história chinesa, cada dinastia teve seu estilo único de arquitetura, vestimenta, cultura e arte. Este artigo descreve três construções realizadas por um imperador em particular durante a Dinastia Ming.

O Imperador Yongle (1360-1424), cujo nome de nascimento era Zhu Di, foi o terceiro imperador da Dinastia Ming (1368-1644). Durante seu reinado, que se estendeu desde 1402 até 1424, ordenou a construção da cidade proibida que hoje em dia é Pequim, o complexo arquitetônico Taoista no monte Wudang e a Torre de Porcelana de Nanjing. As três construções são muito coloridas e decoradas com ladrilhos brilhantes. Isto as diferencia dos edifícios tradicionais de paredes brancas e telhas escuras.

1. A beleza de esmalte colorido: a Torre de Porcelana de Nanjing

A Torre de Porcelana de Nanjing, que se traduz literalmente do chinês como o “Templo da gratidão retribuída”, foi desenhada e construída por ordem do Imperador Yongle. Toda a torre, e não apenas as telhas, foi construída com ladrilhos esmaltados coloridos.

As pessoas estavam acostumadas com as casas construídas de pedra e madeira, mas era realmente raro um prédio ser esmaltado por inteiro. A Torre Octogonal de porcelana de Nanjing construída por Yongle tinha 9 andares, uma base de 30 metros de diâmetro e uma altura de aproximadamente 80 metros. Tanto por dentro como por fora, foi construída com ladrilhos esmaltados de porcelana. Não havia madeira na estrutura, com exceção de um pilar na ponta. Os ladrilhos esmaltados e coloridos de porcelana se ajustavam entre si para formar a estrutura, tanto exterior quanto interior. Era uma rara estrutura.

A porcelana esmaltada foi eleita como o material principal para esta construção, devido ao seu brilho que refletia artisticamente todo seu esplendor.

Pela primeira vez, artistas pintaram afrescos sobre os ladrilhos de porcelana, que incluíam, dentre outros, desenhos de flores de lótus, animais divinos e seres celestiais. Os ladrilhos eram submetidos a altas temperaturas na qual proporcionavam esse lustre colorido tão único que tem o esmalte. Cada ladrilho não era somente de uma cor, ao invés disso, se utilizava um esmalte multicor para fazê-lo mais vistoso. Em seguida, estes ladrilhos eram integrados entre si para formar a torre.

A produção de afrescos esmaltados é muito diferente da pintura a óleo sobre tela ou do desenho no papel. Não havia um amplo espaço como o que havia no teto da capela Sistina. Por isso, criar figuras e cenas no espaço estreito de um tijolo resultou num trabalho artístico extremamente exigente. Apesar da dificuldade desta tarefa, os artistas pintaram muitas cenas encantadoras. Na arte ocidental, estamos acostumados com anjos e cavalos alados. No entanto, poucas pessoas sabem que estas imagens eram bastante comuns nos ladrilhos esmaltados que compunham a Torre de Porcelana de Yongle. Incluíam seres celestiais com asas, cavalos celestiais voadores, animais divinos que pareciam bois com asas, majestosos leões, elefantes domésticos e flores de lótus. Estas imagens eram muito requintadas e belas.

Durante os tempos antigos, as pessoas colavam papel sobre suas janelas para a luz brilhar através dele. Algumas famílias ricas utilizavam tecido. Nas janelas da Torre de Porcelana de Yongle utilizaram-se conchas de moluscos. Elas eram moídas em granulometria muito fina para permitir que a luz passasse. O nome dado a isto foi “azulejos brilhantes” e se tornou o melhor material de iluminação antes da introdução do vidro no ocidente. Durante as dinastias Ming e Qing, a torre de 80 metros era iluminada de cima a baixo à noite. As luzes atravessavam as conchas de moluscos, tornando esta torre um conto de fadas. Podia ser vista de todos os cantos de Nanjing e seu impacto visual despertava o interesse das pessoas pela cultura budista.

Os diplomatas estrangeiros estavam fascinados com a cultura chinesa contida na torre. Durante a dinastia Qing (1644-1912), a Torre de Porcelana de Nanjing foi amplamente reconhecida pelos aristocratas europeus, muitos dos quais consideravam como o sonho de sua vida poder ver pessoalmente sua magnificência.

2. A beleza do esmalte azul: o complexo arquitetônico Taoista do monte Wudang

O complexo arquitetônico taoista foi construído por decreto do Imperador Yongle. As telhas azuis esmaltadas foram amplamente utilizadas nesta construção. As telhas de cor azul pavão-real do teto fazem com que estes edifícios taoistas se destaquem entre as tranquilas e puras montanhas. Elas acentuam a magnificência Taoista. Estes edifícios também contam com beirais em camadas, colunas e vigas pintadas, que combinam a tranquilidade natural com a requintada magnificência. O tamanho do Complexo Arquitetônico Taoista de Wudang abrigava relações com a popularidade do Taoismo entre o povo Ming.

O mais surpreendente são os cavalos na coluna dos edifícios taoistas. Os cavalos são alados e estão expirando, o que suscita a admiração e respeito dos visitantes pelos mundos divinos.

Além das telhas esmaltadas azuis, o complexo arquitetônico também conta com elementos de cobre fundido, banhados a ouro. O Palácio Dourado do Monte Wudang é a maior estrutura fundida em cobre e coberto de ouro até hoje. Apesar de estar sofrendo as intempéries por mais de 500 anos, exposto ao sol e a chuva, segue sendo tão esplêndido como quando foi construído pela primeira vez.

3. A beleza do brilhante esmalte amarelo: a cidade proibida de Pequim

A cidade proibida de Pequim, construída por ordem do Imperador Yongle, tem telhas de cor amarelo brilhante. A lenda conta que os paraísos celestiais são vários mundos florescentes de edifícios palacianos e de diversas estruturas como pavilhões, plataformas e varandas. Os palácios, grades, corredores e pavilhões no Palácio Proibido contam com características próprias dos paraísos celestiais. A grandeza dos seus edifícios, seus pilares e vigas pintadas e as telhas esmaltadas coloridas, transmitem uma magnificência imperial.

Conclusão

O Imperador Yongle dedicou mais energia, tempo e recursos para a construção da Torre de Porcelana e o complexo arquitetônico Taoista dos que ele usou para construir a cidade proibida, que era para seu uso pessoal. O austero Imperador Yongle, que se abstinha de beber licor e vestia roupas remendadas, foi diligente na gestão da China. Se preocupava pelas pessoas comuns, que prosperaram durante seu reinado. Ele se dispôs a construir a Torre de Porcelana Budista de Nanjing e o Complexo Arquitetônico Taoista do Monte Wudang com materiais da mais alta qualidade e com os melhores desenhos, a fim de exibir a grandeza dos Budas e Deuses. São os Budas e os Deuses que merecem a mais grandiosa arquitetura.

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