A tumba de uma criança se revela diante de um relevo que mostra o tesoureiro da rainha Hatshepsut recebendo oferendas e escutando um harpista e cantoras
O grupo de arqueólogos do Projeto Djehuty, que trabalha na Colina Dra. Abu el-Naga em Luxor, Tebas, descobriu quatro tumbas de figuras da elite antiga do Egito de 3.550 anos atrás, informou na semana passado o Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha.
“Estas descobertas, feitas durante a 12ª campanha de escavações arqueológicas, lança luz sobre um período histórico pouco conhecido em que a cidade de Tebas se tornou a capital do reino e quando se assentaram as bases do império e do domínio egípcio sobre a Palestina e a Síria, ao Norte, e a Núbia, ao Sul.”
Segundo os arqueólogos, os achados correspondem ao período de 1800-1550 a.C., ou a 17ª dinastia, que foi “um período político muito complexo”, em que a monarquia não podia controlar todo o território, por isso, às vezes, o poder estava nas mãos de governantes locais.
Na Colina Dra. Abu el-Naga, no extremo norte da necrópole de Tebas, estava o cemitério da família real e de seus principais cortesãos.
Intefmose
Um dos túmulos encontrados é de Intefmose, cujas inscrições em relevo dizem, “filho do rei”, certamente o monarca Sobekemsaf.
Seu túmulo é uma pequena capela construída de tijolos de barro diante de um poço funerário que conduz à câmara sepulcral. Um buraco tem acesso a esta câmara.
Outro dos túmulos é de Ahhotep, um dignitário famoso, conhecido como “porta-voz de Nejen”. Ali se encontravam três figuras de barro, conhecidas como shabtis, com o nome do falecido.
Dois dos shabtis estavam dentro de pequenos sarcófagos de barro, decorados com inscrições nas laterais e no topo.
“O terceiro estava envolto em nove tecidos de linho, como se fosse uma múmia real, e cada um dos tecidos tinha fragmentos de escrita com tinta preta. Estas figuras são de um estilo muito original e ingênuo, o que lhes dá um charme especial e um caráter único”, disse José Manuel Galán, do Instituto de Línguas e Culturas do Mediterrâneo e do Oriente Médio, integrante da equipe de estudo do CSIC da Espanha.
Tumba de uma criança de 3.550 anos atrás
Galán e sua equipe desenterraram um ataúde infantil intacto de um menino que viveu cerca de 3.550 anos atrás e um conjunto de shabtis e tecidos funerários de outra criança, o Príncipe Ahmose-sapair, que viveu na transição da 17ª-18ª dinastias.
Quando se fazia a inspeção do pequeno ataúde no dia 28 de fevereiro de 2013, um dia chuvoso que lhes fez permanecer mais tempo no interior, eles posicionaram-no numa mesa, mantendo-o na mesma posição em que foi encontrado no chão, ou seja, inclinado sobre o lado esquerdo (como numa das fotos).
“O cenário não poderia ser melhor, porque tínhamos ao fundo a cena em relevo mostrando Djehuty recebendo oferendas e ouvindo um harpista e duas mulheres cantando e afinando um sistro”, diz o relatório.
“Dentro repousava o corpo de uma criança de cerca de cinco anos, envolta num sudário atado com um nó na cabeça e com uma tira de linho enrolada várias vezes ao redor dos tornozelos”, destacaram os arqueólogos.
Sem retirar a múmia do ataúde, fez-se uma inspeção de raios-X; “e, sem tocá-la, deixaram-na coberta com papel japonês e dentro de seu ataúde”. Em seguida, procederam à limpeza e consolidação da tampa.
Djehuty
Anteriormente na Colina Dra. Abu el-Naga, encontraram-se tumbas de Djehuty, um supervisor do tesouro da rainha Hatshepsut, que governou em 1.470 a.C., e de Hery, um cortesão que viveu cerca de 50 anos antes deste escriba real.
A equipe espanhola dedica-se à reconstrução do sítio arqueológico e, num de seus trabalhos feitos nesta temporada, que terminou em fevereiro passado, eles se concentraram na parede com o Livro dos Mortos de Djehuty. Lucia, um dos pesquisadores, dedicou-se a recuperar os fragmentos.
A restauração também avançou pelo corredor da tumba de Djehuty e por uma capela ramséssida, onde a equipe começou a limpeza e consolidação da pintura.
“Ao contrário do que fizeram os outros cortesãos de seu tempo, por volta de 1.470 a.C., Djehuty não colocou seu túmulo nas imediações de Deir el-Bahari, onde foi erigido o templo mortuário da rainha Hatshepsut, mas ele escolheu para seu descanso eterno a Colina Dra. Abu el-Naga, meio quilômetro mais ao norte, porque ali estavam enterrados os membros da 17ª dinastia”, conclui o diretor do Projeto Djehuty.
Há doze anos, os arqueólogos abriram pela primeira vez a tumba de Djehuty e começaram sua aventura em Luxor. Hoje é apenas mais um capítulo.
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