Argentina começa eliminar gorduras trans da indústria alimentícia

20/10/2015 11:37 Atualizado: 20/10/2015 22:26

Apesar das evidências científicas dos efeitos cardiovasculares adversos, a partir do início do século XX as gorduras trans ou ácidos graxos trans (AGT) são utilizados na indústria de alimentos para que estes pareçam mais frescos do que são.

Na Argentina, uma lei do ano 2010 entrará finalmente em vigor em 3 de dezembro, para reduzir o seu uso a menos de 2% em óleos e margarinas e 5% para outros produtos.

No entanto, no velho continente, mais especificamente na Espanha, o seu teor em produtos processados como margarinas, bolos, etc, “tem diminuído nos últimos anos e está a menos de 1% em mais de 90% destes produtos”, declarou a Federação Espanhola de Sociedades de Nutrição, Alimentação e Dietética em julho.

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Estas gorduras são produzidas através de um efeito químico de hidrogenação de óleos vegetais, o que faz com que eles se tornem gorduras sólidas, que são por vezes designadas como “gorduras hidrogenadas”. Também são produzidas nas gorduras cozidas. Por sua vez, são encontradas em pequenas quantidades em gorduras de animais ruminantes e leite.

A resolução Argentina de 3 de dezembro de 2010 (137/2010 e 941/2010) concluiu que “o conteúdo de ácidos graxos trans na produção de alimentos industrial de alimentos não deve exceder 2% do total de gorduras em óleos vegetais e margarinas destinadas ao consumo direto e 5% do total de gorduras em outros alimentos “.

Esses limites não se aplicam às gorduras “provenientes de ruminantes, incluindo a gordura do leite”.

O Ministério da Saúde do país reconheceu que as gorduras trans “são fatores que causam doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, diabetes e certos tipos de câncer”, em uma declaração de 27 de novembro.

Foi na última década, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), fez uma convocação para defender “as Américas livres de gorduras trans”.

Ricardo Uauy, então presidente do grupo, disse: “Os efeitos negativos das gorduras trans são as altas taxas de doenças cardiovasculares, que acarretam acidente vascular cerebral e infartos, evitáveis com uma boa educação e informação”, de acordo com um relatório da Procuradoria Federal do Consumidor do México (PROFECO), em 2007.

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A OPAS acredita que a redução do consumo de gordura trans de 2-4%, pelo menos, poderia evitar até 225 mil ataques cardíacos na América Latina e no Caribe.

O efeito negativo desses ácidos graxos “produzem alterações no metabolismo de lipoproteínas. Sua ingestão está relacionada com o aumento da concentração de colesterol total e colesterol LDL (ou “mau” colesterol) no sangue e com a redução do colesterol HDL ou “bom” colesterol, relata a FERNAD.

Em dezembro de 2014, quatro anos para cumprir uma lei já aprovada NA Argentina já havia se passado, e o vice-ministro da Saúde da Nação, Gabriel Yedlin, sublinhou “o trabalho que tem sido feito em conjunto com a indústria” para levar adiante o processo de mudança do Código Alimentar para que alimentos processados fiquem livres de gorduras trans, durante a reunião da Comissão Nacional de Alimentos (CONAL) de 27 de novembro, de acordo com o Ministério da Saúde.

Na Espanha, o teor de gordura trans ou AGT é regulado para menos de 4% em fórmulas infantis segundo uma diretiva comunitária aplicável em toda a União Europeia (DOCE, Diretiva 96/4, de 16 de fevereiro de 1996) e, posteriormente, publicada no Diário Oficial Espanhol (RD 72/1998).

“Apenas 2,1 g/dia, 0,7% da energia ingerida seja proveniente de AGT, valor inferior ao valor máximo recomendado (<1%)”, de acordo com pesquisasw da TRANSFAIR.

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Para o país ibérico, FERNAN recomendou em julho do ano passado como extremamente necessário, desenvolver e implementar regulamentos que regulem o conteúdo de AGT em produtos comercializados no país, incluindo a obrigatoriedade de mencionar esta informação no rótulo.

Em 2004, a Dinamarca aprovou leis limitando o uso de gorduras trans a 2% do total de gorduras em alimentos vendidos no país, incluindo aqueles servidos em restaurantes, de acordo com a PROFECO.

No Canadá e nos Estados Unidos, é obrigatório que os rótulos indiquem se os alimentos contêm mais de 0,5 g de gordura trans por porção.

No Chile, é obrigatório que os rótulos dos produtos indiquem se eles têm gorduras trans, e permite-se que a indústria destaque se o uso foi diminuído significativamente.

O consumidor deve ficar atento aos produtos que compra, especialmente para bebês, crianças e adolescentes; deveevitar gordura hidrogenada e aditivos químicos, os quais são frequentemente apontados com o título de biológico, e que só servem para melhorar o aspecto dos alimentos e esconder “alimentos perigosos”. Quando a gordura se acumula nas artérias, a situação se agrava e não há como voltar atrás; a prevenção é melhor.