No dia 29 de abril deu-se o encerramento das manobras “Espada de Abdullah” que cobriram ações em todo o Reino da Arábia Saudita. Foram realizadas operações nas regiões leste, sul e norte do país. A imprensa saudita afirmou que cerca de 100 a 130 mil militares e forças de segurança, apoiados por aviões, helicópteros e unidades navais e lançadores de mísseis antinavio, apresentaram-se “no que foi o maior exercício militar na história do reino saudita.”
A Arábia Saudita vê o Irã e o Iraque como ameaças para seu reino, enquanto o país está mais preocupado com a aliança cada vez maior entre as duas nações predominantemente xiitas. O chefe do Estado-maior, Tenente-General Hussian Al Qabeel, afirmou: “Estamos preparando nossas forças armadas para proteger a nação. As forças armadas não têm o objetivo de atacar qualquer um, e esta não é a política do nosso governo”.
Os exercícios foram realizados em todo o Reino Saudita com um controle central na capital Riad e coincidem com o nono aniversário da subida ao trono do rei Abudllah. No encerramento houve um desfile militar, o que atraiu um número de dignitários de todo o mundo árabe, em especial do Paquistão e países do Golfo. O desfile de encerramento ocorreu no complexo militar King Khalid Military City (KKMC), de Hafr Al-Baten, instalações onde estiveram posicionadas as forças aliadas que participaram da Guerra no Golfo em 1991.
As novidades apresentadas são significativas e colocam sob outra perspectiva a sempre convulsionada área do Golfo. Além de uma maciça demonstração de forças convencionais, a Arábia Saudita revelou, pela primeira vez, um segredo estratégico do reino. Desfilaram dois exemplares do Míssil Balístico de Alcance Intermediário (IRBM) chinês, Dong Feng-3 (DF-3), com ogivas nucleares múltiplas (50-100kT), adquiridos em 1987. Os IRBM têm um alcance entre 3.500 a 5.500 quilômetros. Fontes de inteligência acreditam que a Arábia Saudita possua ao menos 24 DF-3.
Além dos equipamentos de apoio ao IRBM DF-3, também desfilaram indicadores de que o “Reino dos Saud” possui o Míssil Balístico de Médio Alcance (MRBM), DF-21, também chinês. O alcance de um MRBM é de 1.000 a 3.000 quilômetros.
A parada ocorreu dias após a visita do presidente americano Obama ao Reino Saudita. Analistas acreditam que a parada é uma clara indicação à Washington, ao regime dos Aiatolás iranianos e aos russos, de que a Arábia Saudita entrou em um processo independente na defesa de seus próprios interesses e dos aliados do Golfo contra a contínua expansão de armamentos nucleares do Irã.
Compareceram à parada o Príncipe Saudita Salman e os seus convidados Rei Hamad do Bahrein, Sheikh Muhammad bin Zayed, Príncipe de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos e o chefe do Estado-maior do Paquistão, General Raheel Sharif, que foi convidado a se sentar próximo ao Príncipe Mitab, filho mais velho do Rei Abdullah. O Paquistão fornece as ogivas nucleares para os mísseis DF-3 e DF-21 da Arábia Saudita. É relevante observar que, 48 horas antes dos Sauditas revelarem suas armas nucleares, o primeiro-ministro israelense Netanyahu declarou que a ameaça aos judeus pelas armas nucleares do Irã é a mesma que a dos Nazistas há 75 anos atrás.
Os mísseis nucleares chineses IRBM DF-3, anunciados publicamente pela primeira vez, foram comprados em 1987 durante a guerra Irã-Iraque. Os MRBM DF-21 foram adquiridos da China em 2007, com ajuda americana, com a condição de que não possuíssem ogivas nucleares. A Arábia Saudita contribui com o programa estratégico do Paquistão, com cerca de 1,5 bilhão de dólares americanos anualmente. Os detalhes sobre onde são aplicados estes recursos não são conhecidos.
O Brasil
É importante notar a posição de prestígio dada aos sistemas ASTROS II, da AVIBRAS, na disposição das forças passadas em revista pelas autoridades suaditas. Não é conhecido o atual estágio das relações sauditas com a AVIBRAS, mas acredita-se que acompanhem com interesse o desenvolvimento do ASTROS 2020 e o Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM300.
Nelson Düring é editor-chefe do portal DefesaNet
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