Levados pela decisão egípcia, analistas políticos palestinos e jordanianos têm insistido com seus líderes para que aproveitem a oportunidade e reprimam os islamitas em seus países.
A bola está agora no campo da Liga Árabe, que tem o direito de solicitar aos líderes árabes que ponham em prática o tratado de 1998 contra o terrorismo, o que bloquearia o envio de fundos e o apoio financeiro para a Fraternidade Muçulmana. O rei Abdullah, da Jordânia, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, podem usar o tratado como uma desculpa para declarar a Fraternidade Muçulmana ilegal na Jordânia e o Hamas ilegal na Faixa de Gaza.
As autoridades egípcias rotularam oficialmente a Fraternidade Muçulmana como um grupo terrorista, desencadeando um debate: se outros países árabes devem ou não fazer o mesmo.
A decisão foi tomada à luz da suposta responsabilidade da Fraternidade Muçulmana numa série de ataques terroristas contra civis e soldados egípcios.
A pergunta que está sendo feita é se outros países tomarão ou não medidas semelhantes contra os grupos e as ramificações da Fraternidade Muçulmana.
Levados pela decisão egípcia, analistas políticos palestinos e jordanianos tem insistido com seus líderes para que aproveitem a oportunidade e reprimam os islamitas em seus países.
Mas, por ora, parece que a maioria dos árabes, especialmente os jordanianos e os palestinos, estão relutantes em seguir os egípcios – motivo pelo qual, recentemente, os egípcios instaram com os membros da Liga Árabe para que façam cumprir o tratado contra o terrorismo, que bloquearia o envio de fundos e o apoio financeiro para a Fraternidade Muçulmana.
Badr Abdelatty, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Egito, disse que os membros da Liga Árabe que assinaram o tratado de 1998 deveriam fazê-lo vigorar contra a Fraternidade Muçulmana, que tem presença na maior parte dos países árabes.
A Fraternidade Muçulmana tem ampla penetração na Jordânia, enquanto que o Hamas, uma ramificação daquela organização, controla inteiramente a Faixa de Gaza e goza de apoio popular na Margem Ocidental.
“Aos olhos da Fraternidade Muçulmana, somos infiéis e inimigos”, disse o analista jordaniano Fares al Habashneh. “Eles acreditam que um Califado Islâmico é inevitável e buscam destruir nosso país e nossa identidade nacional.”
Habashneh disse que as autoridades jordanianas deveriam aproveitar a oportunidade e tomar medidas contra a Fraternidade Muçulmana naquele reino. “A opção ideológica e política deles fracassou”, acrescentou ele. “Está na hora de reconsiderarmos a presença da ideologia da Fraternidade e de terminarmos com a provocação e o ódio deles.”
Mas as autoridades jordanianas, que ainda devem comentar a decisão do Egito de designar a Fraternidade Muçulmana como um grupo terrorista, não parecem ter a coragem para agir da mesma maneira.
O ministro do Desenvolvimento Político da Jordânia, Khaled Kalaldah, anunciou que a Fraternidade Muçulmana é uma organização licenciada no reino. Ele negou que seu governo tenha planos para declarar o grupo ilegal.
Até mesmo os líderes da Fraternidade Muçulmana na Jordânia dizem que têm confiança de que o rei Abdullah II não tomaria uma medida assim tão drástica contra sua organização. “Não temos medo de que a decisão tomada pelos líderes do golpe no Egito nos afetaria na Jordânia”, disse Zaki Bani Irsheid, um alto representante da Fraternidade Muçulmana. “Não é do interesse do regime da Jordânia apoiar tal ação porque uma decisão assim ameaçaria a estabilidade (na Jordânia).”
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também parece estar relutante ou amedrontado para tomar uma decisão semelhante contra seus rivais do Hamas. Em vez disso, Abbas continua a conversar sobre seu desejo de alcançar a “unidade nacional” com o ramo palestino da Fraternidade Muçulmana.
Por ora, Abbas está se fazendo de cego diante das exigências de alguns de seus consultores e apoiadores para que declare o Hamas um grupo terrorista. Ele e seus apoiadores do Fatah reagiram à decisão do Egito conclamando o Hamas para se “desengajar” da Fraternidade Muçulmana – uma convocação que foi rejeitada pelo movimento islâmico na Faixa de Gaza.
Adel Abdel Rahman, um analista político palestino, afirmou que a decisão das autoridades egípcias deveria se aplicar ao Hamas, que ele disse ser uma “ramificação da Fraternidade Muçulmana e seu parceiro nos ataques terroristas”.
A liderança palestina, acrescentou ele, deveria dar ao Hamas um ultimato de um mês para se desengajar da Fraternidade Muçulmana ou enfrentar as consequências. “Dever-se-ia solicitar ao Hamas que pedisse desculpas ao povo egípcio e à sua liderança por todos os ataques terroristas dos quais o grupo participou”, disse ele. “O Hamas deveria também imediatamente desmontar sua milícia armada e entregar o controle da Faixa de Gaza.”
Muwafak Matar, outro analista palestino, disse que o Hamas agora se defronta com apenas uma opção: se desengajar da Fraternidade Muçulmana e retornar ao povo palestino.
O Hamas, disse ele, “representa apenas uma pequena fração dos palestinos na Faixa de Gaza. Nós descartamos a possibilidade de que o Hamas se desengajaria da Fraternidade Muçulmana. Em vez disso, o Hamas pode recorrer à escalada militar contra Israel para distrair a atenção da decisão egípcia.”
Abdel Bari Atwan, um proeminente editor palestino, disse que agora espera que os egípcios declarem o Hamas como grupo terrorista. “Depois de declarar guerra contra a Fraternidade Muçulmana e prender seus líderes e membros, o próximo passo certamente será acusar o Hamas de terrorismo”, disse ele. “As autoridades egípcias veem o Hamas como algo pertencente ideologicamente à Fraternidade Muçulmana e isto é parcialmente verdadeiro. Mas os egípcios não serão capazes de fazer a mesma coisa aos grupos da Fraternidade Muçulmana na Jordânia, no Iraque, na Turquia e na Tunísia, porque as autoridades egípcias não conseguem alcançar esses grupos e sufocá-los, como estão fazendo com o Hamas na Faixa de Gaza.”
A relutância dos árabes em declarar a Fraternidade Muçulmana um grupo terrorista significa que agora a bola está no campo da Liga Árabe, que tem o direito de solicitar aos líderes árabes a implementação do tratado de 1998 contra o terrorismo. O rei Abdullah, da Jordânia, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, podem usar o tratado como uma desculpa para declarar a Fraternidade Muçulmana ilegal na Jordânia e o Hamas ilegal na Faixa de Gaza.
Khaled Abu Toameh, um muçulmano árabe, é jornalista veterano, vencedor de prêmios, que vem dando cobertura jornalística aos problemas palestinos por aproximadamente três décadas. Ele estudou na Universidade Hebraica e começou sua carreira como repórter trabalhando para um jornal afiliado à Organização Para a Libertação da Palestina (OLP), em Jerusalém. Atualmente, ele trabalha para a mídia internacional, servindo como “olhos e ouvidos” de jornalistas estrangeiros na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza. Os artigos de Abu Toameh têm aparecido em inúmeros jornais, como Wall Street Journal, US News & World Report e Sunday Times de Londres. Desde 2002, ele tem escrito sobre os problemas palestinos para o jornal Jerusalém Post e também trabalha como produtor e consultor da NBC News desde 1989
Do site do Gatestone Institute
Publicado na revista Notícias de Israel