Ar poluído da China estaria afetando o clima

16/02/2014 13:49 Atualizado: 16/02/2014 13:49

A poluição do ar sobre a Ásia, a grande maioria do qual se origina da China, estaria afetando o clima do mundo. Os resultados, publicados na revista Nature Communications, são baseados na análise de modelos climáticos e dados coletados sobre aerossóis e meteorologia nos últimos 30 anos.

“Os modelos mostram claramente que a poluição proveniente da Ásia tem um impacto sobre a atmosfera superior e parece provocar tempestades ou ciclones mais fortes”, diz Renyi Zhang, professor de ciências atmosféricas da Texas A&M University e coautor do estudo.

“Esta poluição afeta a formação de nuvens, a precipitação, a intensidade das tempestades e outros fatores e, eventualmente, impacta o clima. Muito provavelmente, a poluição da Ásia pode ter consequências importantes para o padrão climático aqui na América do Norte.”

Pequim e além

A economia em expansão da China nos últimos 30 anos levou a construção de enormes fábricas, instalações industriais, usinas de energia e outras instalações que produzem grandes quantidades de poluentes atmosféricos. Uma vez emitidas para a atmosfera, as partículas poluentes afetam a formação de nuvens e sistemas climáticos em todo o mundo, mostra o estudo.

O aumento na queima de carvão e as emissões de automóveis são as principais fontes de poluição na China e outros países asiáticos. Os níveis de poluição do ar em algumas cidades chinesas, como Pequim, frequentemente são mais de 100 vezes maior do que os limites aceitáveis estabelecidos pelas normas da Organização Mundial de Saúde, diz Zhang. Um estudo demonstrou que as taxas de câncer de pulmão aumentaram 400% em algumas áreas devido à crescente poluição.

Seis milhas na atmosfera

As condições tendem a se agravar durante os meses de inverno, quando uma combinação de padrões climáticos estagnados combinados com o aumento da queima de carvão em muitas cidades asiáticas pode criar poluição e denso nevoeiro que chega a durar semanas. O governo chinês prometeu endurecer os padrões de poluição e dedicar recursos financeiros suficientes para lidar com o problema.

“Os modelos que usamos e nossos dados são muito consistentes com os resultados a que chegamos”, diz o coautor R. Saravanan, professor de ciências atmosféricas da Texas A&M University. “Enormes quantidades de aerossóis da Ásia vão tão alto quanto seis milhas na atmosfera e têm um impacto inegável na formação de nuvens e no clima.”

Zhang acrescenta que “é preciso fazer alguma pesquisa futura sobre como exatamente esses aerossóis são transportados globalmente e impactam o clima. Há muitas outras observações atmosféricas e modelos que temos de observar para ver como todo esse processo funciona.”

Yuan Wang, que participou na pesquisa com Zhang quando estava na Texas A&M, trabalha atualmente no ‘Laboratório de Propulsão a Jato’ (JPL) da NASA como um Acadêmico Caltech de Pós-Doutorado.

Esta imagem de satélite mostra uma enorme nuvem de poluição saindo da China em direção ao Pacífico e ao Japão (NASA JPL)
Esta imagem de satélite mostra uma enorme nuvem de poluição saindo da China em direção ao Pacífico e ao Japão (NASA JPL)

A NASA, as instalações de supercomputação da Texas A&M e o Ministério de Ciência e Tecnologia da China financiaram o estudo.

Fonte: Texas A&M University

Originalmente publicado em Futurity.org