Apresentador de TV chinês afirma que o regime está perto da falência

13/03/2012 00:00 Atualizado: 13/03/2012 00:00

Larry Lang, professor titular de finanças na Universidade de Hong Kong. (Wu Lianyou/The Epoch Times)

A economia chinesa tem a reputação de ser forte e próspera, mas de acordo com uma personalidade conhecida da televisão chinesa, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês está indo na direção errada.

Larry Lang, professor titular de finanças na Universidade de Hong Kong, afirmou numa palestra, que ele não sabia estar sendo gravada, que o regime chinês se encontra numa séria crise econômica e à beira da falência. Larry Lang afirmou “Na China, cada província é uma Grécia.”

As restrições que Lang impôs em 22 de outubro quando deu a palestra na cidade de Shenyang, na província de Liaoning, norte da China, incluíam não permitir gravação de áudio ou vídeo, ou a presença da mídia. Pode ser ouvido na gravação Lang afirmar que as pessoas não deveriam postar sua palestra online, ou “todos vão aparecer mal”, num áudio que agora se encontra no Youtube.

Na palestra pouco usual a portas fechadas, Lang fez uma análise franca sobre a economia chinesa e a censura que sofrem os intelectuais e figuras públicas. “O que estou prestes a dizer é totalmente verdadeiro, mas sob este sistema não estamos autorizados a falar a verdade”, disse ele.

Apesar da aparência polida de Lang em seus programas de TV de perfil refinado, ele disse: “Não pensem que vivemos tempos pacíficos. Na verdade, a mídia não pode reportar absolutamente nada. Nós que fazemos programas de TV somos tão infelizes e frustrados, porque não podemos fazer qualquer programa. Se algo estiver relacionado com o governo, não podemos reportar.”

Lang afirma que o regime não ouve as opiniões dos especialistas e que os oficiais do Partido são insuportavelmente arrogantes. “Se não concordam com eles, pensam que estão contra eles”, disse ele.

A avaliação de Lang de que o regime está falido se baseia em cinco conjecturas.

Em primeiro lugar, a dívida do regime situa-se nos 36 trilhões de yuanes (5,68 trilhões de dólares). Chega-se a este cálculo somando-se a dívida do governo local chinês que se situa entre os 16 e 19,5 trilhões de yuanes (2,5 e 3 trilhões de dólares), e a dívida das empresas estatais (outros 16 trilhões de yuanes), disse ele. Mas com juros de dois trilhões ao ano, ele pensa que os fatos se revelarão rapidamente.

Em segundo lugar, a taxa de inflação oficial publicada pelo regime de 6,2% é falsa. A taxa de inflação real é de 16%, de acordo com Lang.

Em terceiro lugar, há um sério excesso de capacidade de produção na economia, e o consumo privado é de apenas 30% da atividade econômica. Lang afirmou que no princípio de julho de 2011, o Índice Geral de Compras, um valor da indústria manufatureira, caiu para um novo baixo valor de 50,7. Isto é um indicador, segundo ele, de que a economia chinesa está em recessão.

Em quarto lugar, o PIB oficial de 9% é também uma fabricação. De acordo com os dados de Lang, o PIB da China decresceu 10%. Ele afirma que os números inflacionados advêm da construção de infraestrutura, incluindo o ramo imobiliário, vias férreas e autoestradas que ocorre a cada ano, e que em 2010 contabilizaram até 70% do PIB.

Em quinto lugar, os impostos são demasiado altos. No ano passado, os impostos sobre o empresariado chinês (incluindo impostos diretos e indiretos) contabilizaram 70% de suas receitas. O imposto de renda sobre a população situa-se nos 51,6%, disse Lang.

Uma vez que o “tsunami econômico” comece, o regime perderá a credibilidade e a China se tornará o país mais pobre do mundo, afirmou ele.

Vários comentadores expressaram amplo acordo com as análises de Lang.

O Professor Frank Xie da Universidade da Carolina do Sul, Aiken, afirma que a ideia da China falir não é improvável. Grandes projetos de construção ajudaram a inflacionar o PIB, afirma ele. “Na superfície é um grande número, mas a inflação é ainda maior. Por isso, na realidade, a economia chinesa está em recessão.”

Além disso, Xie afirmou que os números oficiais não são confiáveis. O vice-presidente do regime, Li Keqiang, por exemplo, admitiu a um diplomata norte-americano que ele não acredita nas estatísticas produzidas por oficiais de baixo escalão, e que quando era governador da província de Liaoning, ele “tinha que verificar os dados por si mesmo”.

Cheng Xiaonong, um economista e antigo assistente do ex-líder banido do Partido Zhao Ziyang, afirmou que os grandes elogios ao “modelo da China” são frequentemente baseados nos visíveis projetos de construção, no PIB elevado, e na grande reserva de moeda estrangeira. “Eles prestam pouca atenção no fato dos direitos básicos das pessoas estarem garantidos, ou se a qualidade vida melhorou ou não”, afirma ele.

Por trás do controle restrito de uma economia que aparenta eficiência, esconde-se enorme desperdício e corrupção, afirmou Cheng. Isso significa que pouco é gasto na educação, segurança social, sistema de saúde, etc.

Cheng afirma que na última década o regime chinês tem acumulado sua riqueza principalmente com a construção imobiliária, comprando propriedades residenciais urbanas ou suburbanas a preços baixos (ou simplesmente tomando-as), e vendendo-as a construtores por preços elevados.

De acordo com Cheng, os objetivos dos oficiais do regime (de se enriquecer e aumentar seu poder) estão em conflito direto com os interesses do povo, e por isso a injustiça social cresce; a propaganda econômica serve para retratar uma situação diferente da realidade.

Poucos acadêmicos dentro do país se atrevem a falar como Lang fez, disse Cheng. E é provável que isso tenha acontecido porque ele exerce sua profissão em Hong Kong.