Na juventude, ele protegeu sua terra natal como um soldado no Exército chinês. Agora, demitido ilegalmente do trabalho e sem lugar para morar, ele implora por comida nas ruas de Pequim com uma placa explicando sua miséria.
Em 4 de dezembro, Gao Hongyi, um veterano do Exército da Libertação Popular (ELP) e desempregado, decidiu que ele sofreu o suficiente com o comunismo. Numa demonstração diante do escritório do Ministério de Supervisão, em Pequim, ele desfraldou uma faixa declarando sua intenção de renunciar ao Partido Comunista Chinês (PCC).
“Eu estou renunciando ao Partido Comunista”, disse Gao Hongyi em 15 de novembro numa entrevista à NTDTV. “Estou saindo o Partido para mostrar oposição aos funcionários corruptos de Qingdao.”
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Gao serviu no 38º Batalhão do ELP, de 1972 a 1977. Após a desmobilização, ele voltou para uma unidade de trabalho em sua cidade de Qingdao, província de Shandong, mas foi demitido em 2001, quando seus empregadores julgaram que sua posição poderia ser substituída com mão de obra mais barata.
Embora Gao tenha entrado com um processo e ganhado, os termos do veredito nunca foram efetivados. Sem renda e sem assistência social, o veterano foi a Pequim para pedir comida e apelar às autoridades. Ele tem vivido nestas condições em Pequim por mais de dez anos, resistindo a ameaças verbais de prisão e morte das forças de segurança pública. Sua família, desde então, se fragmentou, quando ele se tornou incapaz de sustentar-se e apoiar seus próximos.
“O fato é que eu sou um veterano, que não tem nada para comer”, disse Gao. “Faz algum sentido que o governo me trate dessa maneira? Eu me sinto verdadeiramente humilhado. Eu ganhei uma ação judicial, mas ainda não recebo qualquer pensão, e nunca recebi qualquer pensão. Eu não posso me aposentar. Tudo que posso fazer é exigir que cumpram a sua responsabilidade legal.”
O Ministério de Supervisão, diante do qual Gao e outros peticionários se manifestam e apresentam suas queixas, é um órgão do governo chinês destinado a garantir um governo limpo e prevenir a corrupção.
Gao, que estava com um grupo de cerca de cem peticionários no dia em que ele renunciou ao Partido Comunista, foi rapidamente detido pelas autoridades e acusado de “perturbar a ordem pública”. Ele passou cinco dias na cadeia. Liberado em 9 de dezembro, ele voltou ao Ministério de Supervisão para denunciar o Partido Comunista no dia seguinte.
“Aqueles que temem a morte não são aceitáveis no 38º Batalhão”, disse Gao, recordando seu passado militar. “No primeiro dia, eles nos ordenaram a não temer a morte.”
“Eu não morri”, disse Gao, “mas o país não me ajudará, apesar de suas belas palavras. Agora, eu realmente não tenho medo da morte. Aqui em Pequim, eu sou como um cão sem dono.”
O pessoal da segurança interna do regime novamente deteve e silenciou Gao após ele anunciar pela segunda vez que renunciava ao Partido Comunista.