A “bomba de parafuso”, ou Parafuso de Arquimedes é um mecanismo que se emprega para efetuar a transferência de líquidos entre dois pontos que possuam diferencial de altura. Este tipo de máquina recebeu o nome de “Parafuso de Arquimedes” porque a sua construção é atribuída ao cientista grego Arquimedes, que viveu no sul da Itália antes da era cristã. Naquela época, a região era dominada pelos gregos e se chamava Magna Grécia. No entanto, há registros de que, cerca de 300 anos antes de Arquimedes, tal mecanismo já era utilizado na Mesopotâmia para o bombeamento de água e talvez tenha sido usado para irrigar os famosos Jardins Suspensos da Babilônia.
Este tipo de bomba d’água opera com um princípio bastante singelo e se constitui, basicamente, de um cilindro que contém em seu interior um parafuso que é girado por força mecânica e acaba carregando o material de uma ponta a outra do cilindro. Dita força de acionamento pode, por meio da força externa do vento, de motores, ou da própria água que mecanicamente impulsiona o parafuso dentro do cilindro, elevar a água empregada proporcionando o seu funcionamento.
Uma obra que está sendo construída na Inglaterra, além de inovar no uso de alternativas para fontes de energia em jogos olímpicos, é específica por utilizar a diferença de nível da água proporcionado pelo movimento das marés; a força desenvolvida no recuo natural das águas do mar é empregada para impulsionar o mecanismo. Quando os níveis de água alcançam determinada cota, quatro grandes ‘parafusos de Arquimedes’ mantêm o funcionamento do sistema.
Ao seu término, esta obra será a primeira pista de canoagem no mundo ecologicamente sustentável, um sistema livre de emissão de carbono. Ela recebe a água do rio Tees vizinho, que é fechado por uma barragem na maré alta, e opera no desvio da água ao longo do curso.
Conforme Mark Brown, da Spaans Babcock, empresa que faz “parafusos de Arquimedes”, há mais de um século “isto se apresentou como uma oportunidade única de oferecer equipamentos para viabilizar a pista de canoagem quando eles precisavam de uma bomba. Mas também acabamos gerando eletricidade para fazer o curso mais sustentável, porque pode realmente gerar um excedente de eletricidade acima dos requisitos de funcionamento da pista, e mantê-la em uma base contínua.”
Assim, pela primeira vez em um sistema de reutilização da água, o “parafuso de Arquimedes” será usado com dois propósitos, manter os níveis de água e fornecer eletricidade.
Quando as condições o permitirem, os dois ‘parafusos’ do sistema utilizarão o excedente da força da água do rio para gerar mais de 130kw cada um, tornando a pista de canoagem plenamente sustentável em termos energéticos.
Steve Moore, da empresa ABB, que forneceu os geradores do motor, comenta a respeito, “A ideia é que a força que geramos irá compensar a energia que usamos quando precisarmos da bomba de água, então quando eles correm na pista de canoagem em um sistema de reutilização de água limpa e precisamos elevar a água do nível inferior para o nível superior nós esperamos que sobre energia suficiente da geração, conservada em um acumulador, até que o regime geral resulte neutro.”
Tradicionalmente, desde a antiguidade, o mecanismo é usado para o bombeamento de água, seja para a elevação em canais ou para o esgotamento de minas; mais recentemente, ele vem sendo utilizado no bombeamento de resíduos como lamas e esgotos. Nas últimas décadas do século passado, os holandeses aperfeiçoaram o equipamento que é muito utilizado em locais onde circula grande quantidade de água e, sobretudo, para elevar água a pequenas alturas.
No Brasil, há vários locais públicos onde vários destes mecanismos estão em operação para atender a demanda por serviços públicos. Mais precisamente, no Rio de Janeiro, existem “bombas de parafuso” em operação para o bombeamento de esgotos da zona sul, dentro do interceptor que leva o material até o emissário submarino localizado no bairro de Ipanema.
A pista de canoagem que está sendo construída na Inglaterra será aberta nesta primavera, garantindo condições para o seu uso imediato, inclusive em outras atividades esportivas que são realizadas em água limpa; tudo isto é possível a partir de um projeto de engenharia essencialmente inalterado desde que foi desenvolvido pelo sábio Arquimedes em 200 a.C.