Um estudo de 10 anos realizado na China sobre antibióticos no ambiente foi publicado recentemente, concluindo que quantidades massivas de químicos estão sendo depositadas no meio ambiente, criando uma série de potenciais riscos à saúde a longo prazo.
O Instituto de Geoquímica de Guangzhou, da Academia Chinesa de Ciências, inspecionou 58 saídas de esgoto em toda a China, e encontraram altas concentrações de antibióticos na água. Em áreas densamente popularizadas perto do Rio Haihe e do Rio das Pérolas Basin, foram encontrados mais de 200 kg de antibióticos por milha quadrada.
A China é o maior produtor e utilizador de antibióticos do mundo, segundo o relatório. O país registrou mais de 162 mil toneladas de antibióticos consumidas em 2013. Destas, 48% foram consumidas por humanos, o resto por uso veterinário.
A investigação descobriu 36 tipos comuns de antibióticos usados e descartados na China, entre os quais o mais comum é a amoxicilina. Os químicos impactam principalmente o suprimento de água, pois são excretados pelo corpo através das fezes e da urina, e eventualmente penetram no ambiente.
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A China não possui sistema de supervisão da produção e da descarga de antibióticos. “O uso total de antibióticos tem sido um mistério em nosso país, porque não há dados autorizados a nível estatal”, diz Xiao Yonghong, professor de medicina na Zhejiang Medical University, de acordo com o jornal chinês Life Times.
No início de 2008, o professor Xiao e seu grupo de pesquisa demonstrou que os antibióticos consumidos atingiam, naquela época, entre 150 mil e 200 mil toneladas por ano, na China. Outra investigação publicada pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China em maio de 2014 revela que a superfície da água na China contém 68 tipos de antibióticos.
Um dos aspectos mais preocupantes da proliferação de antibióticos é a resistência a medicamentos. De acordo com a mídia estatal China Radio International, mais de 80 mil pessoas morrem todos os anos na China devido à resistência a medicamentos. E este número pode subir para 1 milhão até 2050, reportou o CRI.
A Universidade Fundan em Shanghai fez, em abril deste ano, uma pesquisa com mais de mil crianças entre 8 e 11 anos, e descobriu que mais de 58% tinha antibióticos presentes na urina. Mais de um quarto das crianças possuía mais de dois tipos, e algumas possuíam até seis. Dos antibióticos encontrados, alguns eram de consumo humano e outros de consumo animal.
O pneumologista Zhong Nanshan disse à mídia chinesa no início deste ano que não comia “peixes muito grandes”, devido à sua preocupação com antibióticos. “Eu preocupo que [o peixe] tenha crescido tanto porque comeu muito antibiótico. Eu prefiro comer peixe pequeno”, disse Zhong.