Todos comem e é provavelmente por isso que o interesse em questões alimentares vem de todos os lados – pessoas preocupadas com a fome, o impacto ambiental, a saúde pública, o acesso à alimentação e condições e salários justos para os produtores de alimentos.
O uso de antibióticos na produção de alimentos de origem animal tem sido um ponto de discórdia. Cerca de 13,6 milhões de quilogramas de antibióticos por ano são usados na produção de alimentos de origem animal. Cerca de 80% são usados rotineiramente, em doses baixas mas constantes, disse Lance Price, professor de saúde ambiental e ocupacional da Universidade George Washington. Em tempo real, isso pode acontecer muito rapidamente, uma única célula de Escherichia coli pode se multiplicar em mais de um bilhão em 24 horas.
“Quando vejo essas operações de fazenda industriais, não vejo fábricas produzindo carne. Eu os vejo produzindo trilhões e trilhões de bactérias resistentes a medicamentos”, disse Price. Ele falava na conferência TEDxManhattan em Nova York no sábado passado, “Changing the Way We Eat” (“Mudando a maneira como comemos”).
A resistência aos antibióticos faz seu caminho para as carnes, mercearias e seres humanos. Todos os anos, 23 mil americanos morrem de infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos, disse Price. O uso indevido de antibióticos é um sinal de alarme que foi soado décadas antes em 1945 por Alexander Fleming, que descobriu a penicilina. “Ao invés de mudar a produção, estamos apenas usando antibióticos”, disse Price. “O contexto é crítico. É necessário observarmos como estamos criando animais.”
Olhando para o futuro
Problemas foram articulados, mas também alternativas e soluções. Apenas o tema da carne foi o foco de um punhado de palestras, dando origem a ideias sobre fontes alternativas de proteína, como grilos transformados em farinha para uso na cozinha. “Os grilos… o portal dos insetos”, brincou Ken Cook, presidente do Environmental Working Group. Ou evitar carne às segundas-feiras, o que aparentemente é mais produtivo para a mudança de comportamento do que qualquer outro dia da semana.
Pontuação de funcionários eleitos
Você sabe quando um movimento adquiriu influência quando ele pode influenciar os eleitores a manterem ou derrubarem um funcionário eleito com base numa única questão. É uma coisa a ser vista se a questão alimentar pode mobilizar os eleitores desta forma.
O chef Tom Colicchio, o último orador na conferência, apresentou a organização Food Policy Action, que busca mobilizar os eleitores e fazer os oficiais eleitos prestarem contas numa ampla gama de políticas alimentares e agrícolas por meio de uma Política Nacional de Pontuação sobre Alimentação.
Ele pediu que um público maior trabalhasse junto. “Tenho certeza que se eu pedisse nesta sala a quem se preocupa com a rotulagem de transgênicos, a quem se importa com livrar nosso sistema alimentar de antibióticos, a quem se preocupa com boa comida na merenda escolar, a quem se preocupa com os sistemas alimentares locais, a quem se importa em acabar com a fome, provavelmente todos nós levantaríamos as mãos para cada um desses pontos”, disse ele.
Defensores da fome perderam na última lei agrícola, embora defensores da alimentação tenham conseguido ganhos muito pequenos, disse ele. “E nós não temos de fazer isso, se nos mantivermos juntos… Não precisamos fazer essa barganha faustiana entre uma boa política alimentar e a fome.”