Tian Xiaoping, de 51 anos e praticante do Falun Gong, foi enviada para a prisão por 14 anos em maio. A polícia a capturou em novembro do ano passado, depois que ela e outros visitaram a casa de familiares de outro praticante que foi morto. Sua sentença é uma das mais severas na campanha de 13 anos contra a prática e é parte de uma campanha de maior repressão contra o Falun Gong este ano, enquanto o Partido Comunista Chinês (PCC) caminha para seu 18º Congresso.
Jiang Tianyong, um advogado chinês de direitos humanos, considerou o caso notável. “Ultimamente, a perseguição ao Falun Gong ficou mais grave”, escreveu ele no Twitter em agosto.
“Após a reunião de Beidaihe”, disse ele, referindo-se a um encontro secreto do PCC num resort à beira-mar que ocorre anualmente no fim do verão, “houve um grande número de casos criminais com penas severas”. Ele listou 10, 11, 13 e 14 anos de prisão decretados contra praticantes da disciplina de meditação. “Isso é completa loucura.”
Enquanto o PCC faz preparativos meticulosos para seu 18º Congresso Nacional a ser realizado em 8 de novembro, quando uma nova geração será introduzida para governar o país por mais uma década, muitos grupos que supostamente constituem um desafio para a “estabilidade” do PCC têm sido alvo de uma mobilização maciça das forças de segurança.
Isso inclui advogados do interesse público, peticionários, ativistas de todos os matizes e praticantes do Falun Gong, que fazem exercícios de meditação pacíficos e vivem segundo os princípios de verdade, compaixão e tolerância.
Congresso como ‘desculpa’
A campanha contra o Falun Gong ocorre desde 1999, mas as atividades anti-Falun Gong e a gravidade com que são realizadas parecem ter sido intensificadas este ano.
Uma revisão de websites do regime chinês em diferentes níveis departamental e administrativo em todo o país mostra uma campanha concertada, estendendo-se aos bairros e blocos de apartamentos, para identificar e atacar praticantes do Falun Gong antes do 18º Congresso e em nome deste.
Mas segundo Levi Browde, diretor-executivo do Centro de Informação do Falun Dafa, as forças de segurança do PCC estão usando a ideia de “salvaguardar” o evento como uma desculpa para perseguir o Falun Gong, tentando reavivar a campanha.
“É muito difícil manter uma campanha por 12 ou 13 anos com a mesma intensidade”, disse ele. “É por isso que eles dividem-na em pequenas campanhas, como uma forma de empacotá-la, dar-lhe novos objetivos e empurrá-la adiante. O Congresso não é diferente.”
Como os Jogos Olímpicos e outros grandes eventos na China, o evento se tornou simplesmente uma forma de “avançar o objetivo de longo prazo contra o Falun Gong, que é eliminá-lo”, disse ele. “Observe as longas penas de prisão. Se eles estivessem preocupados com a segurança do Congresso, eles deteriam todos e os deixariam ir depois. Eles não dariam sentenças de 14 anos de prisão.”
Autoridades do PCC estão mobilizando voluntários para conduzir agitação oral e intensificar a exibição de propaganda anti-Falun Gong. Vigilância intensiva está sendo realizada e as forças de segurança comunistas estão usando violência típica naqueles que eles capturam. Várias mortes por tortura foram notificadas.
Repressão em todo país
Websites do governo chinês mostram que a campanha está sendo realizada em todo o país, de grandes cidades como Pequim até locais obscuros como o escritório de transmissão no condado de Yuhuan, na cidade de Taizhou, província de Zhejiang.
Em teleconferências e videoconferências aos camaradas das forças de segurança de todo o país, reprimir o Falun Gong é listado como um dos “pontos mais importantes” e parte do “trabalho de controle” necessário para um Congresso suave.
O Falun Gong é marcado como um “elemento instável”, presumivelmente devido à resistência do grupo à perseguição que já dura 13 anos. Como praticantes do Falun Gong podem realmente atrapalhar o 18º Congresso nunca é especificado em qualquer das diretivas de segurança.
No distrito de Haidian em Pequim, o lar de muitos intelectuais e dissidentes, o Falun Gong seria alvo antes do Congresso como parte de uma campanha de transformação em curso há três anos. Em 2009, o PCC lançou um programa multibilionário de conversão ideológica, uso de tortura e violência, para prender e fazer lavagem cerebral nos praticantes do Falun Gong, o que continua até hoje.
Atividades anti-Falun Gong também foram integradas com outros projetos de controle social. A Administração Geral de Imprensa e Publicação, um escritório-chave da censura, incluiu uma operação contra o Falun Gong em setembro como parte de suas campanhas “antipornografia”.
Vigilância pesada
A mobilização anti-Falun Gong inclui um foco em vigilância intensiva em algumas áreas. Um documento da Segurança Pública do distrito de Gangshang, uma pequena localidade com cerca de 60 mil habitantes na província de Jiangsu, contém instruções explícitas sobre o que identificar.
O documento, dirigido a “toda unidade de trabalho” na cidade, diz que as unidades de segurança pública devem “usar uma abordagem arrastão” para encontrar todos os praticantes do Falun Gong. A informação que deveria ser descoberta inclui “seus canais de transmissão, horários de atividade, número de pessoas, os horários que se reúnem, ambientes familiares, sua situação econômica, sua educação e nível cultural, suas experiências de vida, seus temperamentos individuais, sua motivação para praticar o Falun Gong”, e assim por diante.
“Nenhuma família” seria deixada de fora do exercício de coleta de inteligência, segundo o documento.
Converta seus amigos
O distrito de Tianxin, na cidade de Changsha, província de Hunan, realizou uma série de eventos de grande escala num estádio esportivo para se preparar para “acolher o 18º Congresso do PCC” e convocar recrutas para a batalha contra os meditadores pacíficos do Falun Gong.
A primeira ordem era acabar com a papelada que tinha slogans anti-PCC ou em apoio ao Falun Gong. Voluntários deveriam fazer uma varredura em seus edifícios residenciais e remover qualquer sinal relacionado ao Falun Gong. Sinais e pichações anti-Falun Gong seriam apagados e limpos das paredes também. Voluntários também deveriam tentar “converter” todos os amigos que tivessem que praticam o Falun Gong, tudo a serviço do 18º Congresso Nacional.
No distrito de Huairou em Pequim, o Comitê do PCC foi um pouco mais brando. Eles simplesmente convocaram todo o pessoal que praticasse o Falun Gong ou tivesse “comportamento religioso” para ser anotado, encaminhado a uma “pessoa responsável” e fortemente vigiado para “evitar problemas”.
Batalha ideológica
Um esforço de mobilização semelhante foi anunciado na cidade de Baoding, província de Hebei, onde “a harmonia e a estabilidade” para criar um “ambiente favorável” para o 18º Congresso foram associados a atacar o Falun Gong. Pequenas equipes foram organizadas para limpar “cada rua, cada esquina, cada ponto. Sem deixar qualquer lacuna.”
Como na China maoísta, os camaradas também foram acusados de realizar “trabalho ideológico” em praticantes do Falun Gong. “Faça-os romperem completamente com a organização do Falun Gong”, dizia a ordem. “Remova as crenças espirituais de suas consciências e entregue-os aos cuidados do PCC”, prosseguia, acrescentando que os camaradas devem “evitar serem seduzidos” pelas crenças do Falun Gong, cuja ênfase na moralidade tradicional atraiu mais de 100 milhões de adeptos na década de 90 na China.
Tortura e morte
A Agência 610 tem coordenado em muitas regiões a campanha contra os praticantes do Falun Gong. Este órgão do PCC foi criado em 10 de junho de 1999 como uma agência extralegal para conduzir a perseguição usando todos os recursos do Estado. O website da Secretaria de Segurança Pública do condado de Nongan, na província de Jilin, por exemplo, identifica a Agência 610 como a agência que dá instruções nas atividades anti-Falun Gong.
Isso inclui “dar um golpe severo” no Falun Gong e aplicar “controle estrito”. Os termos podem ser entendidos literalmente. O Centro de Informações do Falun Dafa tem documentado numerosos casos de morte violenta de praticantes do Falun Gong ao longo dos últimos meses, justamente em meio a atual campanha do PCC.
Lu Caixia, uma professora da província de Hebei, foi sequestrada de sua casa, que foi saqueada, e levada para um centro de lavagem cerebral em julho. Sua família foi proibida de fazer visitas e lhe foi informado que ela permaneceria em cativeiro até depois do Congresso em novembro.
Uma mulher de 65 anos do sul da China morreu três semanas depois de ter sido trancada numa instalação de lavagem cerebral na província de Hunan. Ela foi raptada de sua casa em setembro. A polícia disse que ela tinha “algumas coisas a aprender” antes do Congresso, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa.
A tortura contra praticantes em detenção também foi intensificada, informou o Centro de Informações. Fontes dizem que os esforços de “transformação”, envolvendo tortura e abusos, acorrem numa seção especial de uma prisão na província de Jilin, no norte da China. “De acordo com o esposo da praticante Sun Fengjie, ela estava irreconhecivelmente magra quando ele a visitou em 7 de setembro”, informou o centro. “Ele disse que ela estava sendo privada do sono e sendo obrigada a permanecer sentada num banquinho minúsculo 14 horas por dia.”
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