Ano tumultuado à frente para o regime chinês

13/01/2012 17:33 Atualizado: 21/12/2012 17:37
Entre 5 e 10 mil trabalhadores da estatal ‘Grupo Pangang e Companhia de Aço e Vanádio de Chengdu’ da cidade de Chengdu, província de Sichuan, iniciaram no dia 3 de janeiro de 2012 uma greve contra os baixos salários e bônus de fim de ano (Weibo)

A grande onda de greves e protestos ocorreu na China na primeira semana de 2012 levando especialistas a preverem que o regime comunista chinês enfrentará pressão crescente dos milhões de agricultores e trabalhadores insatisfeitos e de outros desfavorecidos neste ano.

Protestos irromperam em pelo menos seis provinciais chinesas – Guangxi, Guandong, Sichuan, Jiangsu, Henan e Liaoning – na primeira semana deste ano.

Em 1º de janeiro, milhares de pessoas que perderam suas economias num esquema de investimento foram às ruas na província oriental de Henan. A raiva dos manifestantes também se dirigia aos oficiais locais por não ficarem do lado deles.

Em 4 de janeiro, trabalhadores em diversas províncias realizaram uma greve relacionada aos baixos salários.

Na cidade de Chengdu, província de Sichuan, de 5 e 10 mil trabalhadores de uma companhia siderúrgica estatal iniciaram uma greve de três dias, exigindo aumento salarial e bonificações.

Em Wuzhou, província de Guangxi, todos os trabalhadores de uma fábrica de brinquedos entraram em greve para protestar contra a demora da empresa em pagar os salários atrasados e contra o cancelamento de bonificações de fim de ano.

Cerca de 300 trabalhadores numa fábrica em Panyu, cidade de Guangzhou, província de Guangdong, realizaram uma terceira greve quando a demanda por acréscimo salarial não foi cumprida.

Em 4 e 5 de janeiro, mais de mil funcionários de uma fábrica de eletrodomésticos em Wuxi, província de Jiangsu, estavam em greve devido a demissões, cortes salariais e cancelamento de bônus anuais.

Milhares de trabalhadores numa fábrica de cerveja na cidade portuária do Nordeste de Dalian, província de Liaoning, também entraram em greve por causa de baixos salários e pobres benefícios.

Em Shenzhen, província de Guangdong, cerca de 500 veteranos fizeram uma manifestação em 9 de janeiro em frente à Secretaria de Cartas e Chamadas, protestando sobre pobres benefícios de segurança social.

Mais protestos e desaceleração econômica

Wu Fan, um comentarista político nos EUA, diz que a China tem enfrentado mais protestos após a Revolução Jasmim de 2011 no Norte da África e no Oriente Médio. No entanto, a numerosidade e a escala das greves e protestos que surgiram na China no primeiro mês de 2012 não era algo que o regime comunista chinês esperava, disse Wu Fan ao Epoch Times.

Ele disse que há diversas razões para estas manifestações. Uma delas é que o ano novo chinês, o maior feriado da China, está se aproximando e os trabalhadores precisam de dinheiro para celebrá-lo com suas famílias. No entanto, por causa da desaceleração econômica, as companhias são incapazes de pagar os funcionários ou têm de abaixar suas remunerações.

Outra razão para o repentino aumento das manifestações é que o incidente de Wukan influenciou o povo a defender seus direitos. Wu Fan disse que espera muito outros protestos na China este ano.

“2012 está cheio de incertezas na China e muitas pessoas esperam que algo grande ocorra”, disse ele.

O comentarista político e social Huang Hebian concorda com esta avaliação. Os protestos de Wukan tiveram o efeito de acordar as massas em toda China e isso prenuncia um aumento das tensões entre o regime e os trabalhadores e camponeses, disse ele ao Epoch Times.

Huang Hebian também prevê que mais protestos aparecerão em março, durante o Congresso Nacional Popular.

Pressão no sistema político

Enquanto a economia continua a declinar, o regime enfrentará mais pressões políticas, segundo o economista Cheng Xiaonong, um ex-assessor do líder chinês falecido Zhao Ziyang, que tinha tendências liberais antes de ser deposto. Mas resolver os problemas sociais na China é impossível sob o atual sistema politico, disse Cheng à emissora NTDTV.

He Qinglian, uma proeminente escritora e economista chinesa que vive nos EUA, disse num artigo recente, “A próxima leva de novos líderes chineses estará condenada a assumir um país difícil de governar.”

A julgar pela onda de greves e protestos no inicio de 2012, os novos líderes da China não terão o luxo de manter as mesmas práticas e ideologias de seus predecessores; lidar com crises se tornará parte de suas rotinas diárias, disse ela.

Se Pequim não afrouxar seu apertado controle, as tensões ferventes na China não diminuirão e isso levará o regime a perder seu poder, disse ela.

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