A grande onda de greves e protestos ocorreu na China na primeira semana de 2012 levando especialistas a preverem que o regime comunista chinês enfrentará pressão crescente dos milhões de agricultores e trabalhadores insatisfeitos e de outros desfavorecidos neste ano.
Protestos irromperam em pelo menos seis provinciais chinesas – Guangxi, Guandong, Sichuan, Jiangsu, Henan e Liaoning – na primeira semana deste ano.
Em 1º de janeiro, milhares de pessoas que perderam suas economias num esquema de investimento foram às ruas na província oriental de Henan. A raiva dos manifestantes também se dirigia aos oficiais locais por não ficarem do lado deles.
Em 4 de janeiro, trabalhadores em diversas províncias realizaram uma greve relacionada aos baixos salários.
Na cidade de Chengdu, província de Sichuan, de 5 e 10 mil trabalhadores de uma companhia siderúrgica estatal iniciaram uma greve de três dias, exigindo aumento salarial e bonificações.
Em Wuzhou, província de Guangxi, todos os trabalhadores de uma fábrica de brinquedos entraram em greve para protestar contra a demora da empresa em pagar os salários atrasados e contra o cancelamento de bonificações de fim de ano.
Cerca de 300 trabalhadores numa fábrica em Panyu, cidade de Guangzhou, província de Guangdong, realizaram uma terceira greve quando a demanda por acréscimo salarial não foi cumprida.
Em 4 e 5 de janeiro, mais de mil funcionários de uma fábrica de eletrodomésticos em Wuxi, província de Jiangsu, estavam em greve devido a demissões, cortes salariais e cancelamento de bônus anuais.
Milhares de trabalhadores numa fábrica de cerveja na cidade portuária do Nordeste de Dalian, província de Liaoning, também entraram em greve por causa de baixos salários e pobres benefícios.
Em Shenzhen, província de Guangdong, cerca de 500 veteranos fizeram uma manifestação em 9 de janeiro em frente à Secretaria de Cartas e Chamadas, protestando sobre pobres benefícios de segurança social.
Mais protestos e desaceleração econômica
Wu Fan, um comentarista político nos EUA, diz que a China tem enfrentado mais protestos após a Revolução Jasmim de 2011 no Norte da África e no Oriente Médio. No entanto, a numerosidade e a escala das greves e protestos que surgiram na China no primeiro mês de 2012 não era algo que o regime comunista chinês esperava, disse Wu Fan ao Epoch Times.
Ele disse que há diversas razões para estas manifestações. Uma delas é que o ano novo chinês, o maior feriado da China, está se aproximando e os trabalhadores precisam de dinheiro para celebrá-lo com suas famílias. No entanto, por causa da desaceleração econômica, as companhias são incapazes de pagar os funcionários ou têm de abaixar suas remunerações.
Outra razão para o repentino aumento das manifestações é que o incidente de Wukan influenciou o povo a defender seus direitos. Wu Fan disse que espera muito outros protestos na China este ano.
“2012 está cheio de incertezas na China e muitas pessoas esperam que algo grande ocorra”, disse ele.
O comentarista político e social Huang Hebian concorda com esta avaliação. Os protestos de Wukan tiveram o efeito de acordar as massas em toda China e isso prenuncia um aumento das tensões entre o regime e os trabalhadores e camponeses, disse ele ao Epoch Times.
Huang Hebian também prevê que mais protestos aparecerão em março, durante o Congresso Nacional Popular.
Pressão no sistema político
Enquanto a economia continua a declinar, o regime enfrentará mais pressões políticas, segundo o economista Cheng Xiaonong, um ex-assessor do líder chinês falecido Zhao Ziyang, que tinha tendências liberais antes de ser deposto. Mas resolver os problemas sociais na China é impossível sob o atual sistema politico, disse Cheng à emissora NTDTV.
He Qinglian, uma proeminente escritora e economista chinesa que vive nos EUA, disse num artigo recente, “A próxima leva de novos líderes chineses estará condenada a assumir um país difícil de governar.”
A julgar pela onda de greves e protestos no inicio de 2012, os novos líderes da China não terão o luxo de manter as mesmas práticas e ideologias de seus predecessores; lidar com crises se tornará parte de suas rotinas diárias, disse ela.
Se Pequim não afrouxar seu apertado controle, as tensões ferventes na China não diminuirão e isso levará o regime a perder seu poder, disse ela.
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