O deputado federal André Vargas (PT/PR) é o nome do momento nos bastidores do Partido dos Trabalhadores (PT). Vargas é acusado de envolvimento ilícito com o doleiro Alberto Youssef para enriquecer através de fraudes em contratos com o governo. Entre esses contratos estão fraudes envolvendo a Petrobras, o Ministério da Saúde e figuras como a Senadora e ex-ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann e o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
André Vargas é uma bomba ambulante e ameaçou contar tudo o que sabe sobre a sujeira por debaixo do tapete do PT. Vargas foi secretário nacional de Comunicações do partido, logo, não possui poucas informações, principalmente sobre os bastidores.
A relação de Vargas com Youssef e Paulo Bernardo é antiga. Em 1998 o hoje deputado federal foi responsável pela coordenação da campanha de Paulo Bernardo para a Câmara dos Deputados. Nessa época, Vargas e Youssef foram alvos de um processo judicial por desvio de R$14 milhões da prefeitura de Londrina (PR) via contratos fraudulentos e lavagem de dinheiro através do fundo de campanha de Paulo Bernardo.
Atualmente, ambos (Vargas e Youssef) são investigados por envolvimento em fraudes que contabilizam aproximadamente R$10 bilhões. O deputado federal pelo Paraná é acusado de facilitar e até intermediar as relações de Youssef com estatais e ministérios, entre eles a Petrobras e o Ministério da Saúde. No primeiro caso, Vargas é acusado de atuar, junto com o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, na obtenção de contratos fraudulentos para empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Uma dessas empresas é a MO Consultoria, utilizada para pagar propinas a funcionários públicos e políticos e que recebeu R$34,7 milhões de nove fornecedores da petroleira estatal brasileira.
Contudo, o caso da MO não é nada se comparado aos casos da Ecoglobal Ambiental (Macaé/RJ) e sua filial nos Estados Unidos, a Ecoglobal Overseas, que através de convite assinaram contratos no valor de R$443,8 milhões, em 2013, com a Petrobras. Na mesma época da assinatura do contrato, as empresas Ecoglobal negociavam a venda de 75% de suas ações para uma empresa cujos sócios são Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. O valor da compra das ações era de R$18 milhões. Ora, como uma empresa que assina um contrato de R$443,8 milhões vende 75% de suas ações por “apenas” R$18 milhões? Na negociata está também a empresa Tino Real Participações, sendo uma das Maria Thereza Barcellos da Costa. Segundo despacho da Justiça do Paraná, Maria Thereza está envolvida com outra pessoa acusada de participação em crimes relacionados a Fundos de Pensão.
No segundo caso, a revista Veja disponibilizou conversas em que Vargas e Youssef planejam suas “independências financeiras” através de contratos na ordem de até R$150 milhões (isso foi descoberto depois) com o Ministério da Saúde. A empresa envolvida é a Labogem, que já possui histórico de negócios suspeitos com a pasta, sempre sob a chancela do ex-ministro Alexandre Padilha. Explorarei melhor essa relação em artigo próximo.
Após toda essa confusão, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou processo de cassação do mandato de André Vargas (PT/PR), que desistiu de renunciar por tal fato. Ao ser pressionado por setores do próprio PT para que renuncie e saia de cena para não atrapalhar os planos do partido nas Eleições 2014, principalmente as candidaturas de Gleisi Hoffmann ao Governo do Paraná (da qual era o coordenador, mas foi afastado) e do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao Governo de São Paulo, o deputado federal ameaçou abrir a boca e rapidamente houve uma “mudança de postura” do partido em relação ao seu caso.
Antes tentavam se livrar de Vargas, agora tentam livrar Vargas.
Essa matéria foi originalmente publicada pelo Blog do Roberto Lacerda