Analisando o futuro político da China – Parte 1

08/06/2012 07:40 Atualizado: 08/06/2012 07:40

Algumas figuras principais da facção das mãos ensanguentadas, os oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para conduzirem sua perseguição ao Falun Gong. Alto à esquerda: Zhou Yongkang, chefe de segurança pública do regime chinês, recentemente destituído de sua autoridade e colocado em investigação. (Liu Jin/AFP/Getty Images) Alto à direita: Bo Xilai, o ex-secretário do Partido em Chongqing, que em breve será julgado por corrupção. (Lintao Zhang/Getty Images). Embaixo à esquerda: Li Changchun, chefe de propaganda do PCC. (Feng Li/Getty Images). Embaixo à direita: Jiang Zemin, ex-presidente chinês criador da facção das mãos ensanguentadas. (Imagens Minoru Iwasaki-Pool/Getty)Um acadêmico da Universidade George Mason previu com precisão cada volta e reviravolta na tempestade política da China dos últimos quatro meses, e diz que há mais por vir.

Para muitos especialistas da China, nativos e estrangeiros, a atual crise política em torno do escândalo de Bo Xilai é extremamente misteriosa e desconcertante. Mas Zhang Tianliang, um professor-adjunto da Universidade George Mason, previu cada detalhe dela.

Em abril, Zhang resumiu suas “20 profecias” para o futuro político da China em seu blogue, que também foram publicadas no website da versão chinesa do Epoch Times.

Em 8 de fevereiro, logo após a tentativa de deserção de Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing, ser revelada pela primeira vez, Zhang escreveu em seu blogue, “Eu não ficaria surpreso se Bo [Xilai] perdesse sua carreira política, ou até mesmo fosse para a cadeia [devido à tentativa de deserção de seu braço-direito Wang Lijun].”

Naquela época, a maioria dos outros comentaristas estava supondo que o incidente reduziria as chances de Bo de ser eleito para o Comitê Permanente do Politburo, o órgão máximo do poder na China composto de nove membros.

Em 13 de fevereiro, Zhang disse que acreditava que Wang Lijun apresentou provas no consulado dos EUA de que Zhou Yongkang e Bo Xilai haviam planejado um golpe de Estado. Isso foi mais tarde confirmado por um oficial dos EUA ao Washington Free Beacon.

Em seu próximo blogue, postado 10 horas depois, Zhang previu que haveria consequências para Zhou Yongkang. Em outra postagem em 15 de fevereiro, ele disse que Zhou perderia o poder e enfrentaria uma investigação, ao invés de ter uma aposentadoria suave como muitos outros previam.

Quando Bo Xilai apareceu no Congresso Nacional e falou sobre o incidente de Wang Lijun com aparente confiança numa conferência de imprensa em 9 de março, Zhang disse que, ao contrário da crença popular, a crise de Bo não tinha acabado.

“A conferência de imprensa de Bo não significa que ele já esteja seguro”, disse Zhang. “Sua rotina ainda não foi interrompida, como é evidente a partir de seu encontro com o primeiro-ministro canadense Stephen Harper [em 11 de fevereiro]. Até o Partido Comunista Chinês (PCC) tomar a decisão final, eles sempre fazem as coisas parecerem normais.”

Zhang destacou também que o discurso de Bo foi um convite para um contra-ataque de seus antagonistas. Em seu próximo blogue, Zhang ainda previu que o líder chinês Hu Jintao revidaria muito rapidamente.

Na noite de 14 de março, Zhang publicou um blogue dizendo que o governo Hu-Wen havia decidido contra Bo, e que a facção de Jiang Zemin e Zhou Yongkang sacrificaria Bo para se proteger.

Apenas cinco horas depois, a mídia porta-voz do PCC, Xinhua, anunciou a demissão de Bo de todas as suas posições oficiais na cidade de Chongqing.

(Jeff Nenarella/The Epoch Times)Mais tarde, Zhang também previu corretamente que Bo trairia Zhou Yongkang vingativamente e o efeito que isso teria sobre Zhou e muitos outros oficiais.

Zhang disse que não tinha informações privilegiadas, mas baseava suas previsões em sua compreensão do sistema político da China e da mentalidade de seus líderes políticos. Zhang disse que ele e seus colegas do Epoch Times e da NTDTV foram capazes de fazer tal previsão porque usam a perseguição ao Falun Gong como o principal parâmetro em suas previsões.

Muitos especialistas da China erroneamente ignoram a questão do Falun Gong e seu peso no desenvolvimento da China na última década, disse Zhang.

“Não refletir sobre o porquê de o PCC haver começado a perseguição ao Falun Gong, não refletir sobre o porquê de eles não conseguirem erradicar o Falun Gong, e não tratar o Falun Gong, o maior medo do PCC, como um fator importante na análise política chinesa, é, em minha opinião, um grande erro”, disse Zhang.

De acordo com Zhang, a resposta do Falun Gong a perseguição é muito original em muitos aspectos. “Na história do PCC, nunca levou mais de três dias para o PCC esmagar e difamar um alvo, mesmo que fosse o presidente da nação ou algum general proeminente. Mas o Falun Gong é diferente”, disse Zhang.

A resistência do Falun Gong é notável por ser de longa duração, grande escala e pacífica, completou Zhang. Os praticantes do Falun Gong sacrificaram quase tudo para manter sua crença e revelar os fatos da perseguição.

“Não só o risco de serem torturados e perderem sua liberdade dentro da China, mas os praticantes estrangeiros desistiram do prazer pessoal e passam a maior parte de seu tempo promovendo a conscientização, criando programas de mídia, processando os responsáveis pela perseguição, e desenvolvendo software para romper o firewall da China”, disse Zhang.

Para continuar a perseguição e bloquear os fatos para não se espalharem ainda mais, Jiang e sua facção reestruturaram o aparato estatal do PCC para girar em torno da perseguição, ao invés do desenvolvimento econômico que Deng Xiaoping estabeleceu como prioridade da China, disse Zhang.

Além disso, o PCC gastou mais de um quarto do PIB da China na perseguição e em projetos como o reforço do firewall e fazendo lobbies com políticos e os sistemas judiciais estrangeiros para inclinar processos legais apresentados por praticantes do Falun Gong em vantagem do PCC. Esses lobbies são muitas vezes acompanhados por compromissos comerciais significativos, disse Zhang.

Na frente política, a facção de Jiang não só criou a “Agência 610”, um órgão extrajudicial com poder supremo para supervisionar a perseguição, mas também teve o cuidado de limitar o poder do presidente Hu Jintao e do primeiro-ministro Wen Jiabao, uma vez que eles não apoiavam a perseguição, disse Zhang.

A existência da “Agência 610”, que é livre de fiscalização ou restrição, minou o sistema legal da China e contribuiu grandemente para a deterioração dos direitos humanos e da justiça social na China, disse ele.

Zhang explicou que a facção de Jiang está ansiosa para tomar o poder, a fim de garantir que a política anti-Falun Gong não seja alterada, e que os responsáveis não sejam levados à justiça.

Por esta razão, Zhang disse que a facção de Jiang escolheu Bo Xilai como seu sucessor, uma vez que Bo realizou a perseguição agressivamente e tem muito sangue em suas mãos. Sabendo disso, tornou-se fácil prever que Zhou Yongkang daria seu total apoio a Bo, até que ele mesmo caísse muito profundamente na lama.

De acordo com Zhang, a carreira de Zhou Yongkang não acabará nada melhor do que a de Bo, e isso se tornará aparente antes de 18º Congresso Nacional do PCC marcado para o fim deste ano.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.