O vídeo da execução do jornalista americano James Foley terminava com o jihadista que o matou fazendo uma ameaça direta a Barack Obama de que iria executar outro jornalista, Steven Joel Stoloff, caso os ataques americanos continuassem. Obama reagiu garantindo que faria tudo pela segurança dos americanos e dos seus aliados e ontem (21) aviões americanos participaram em novas operações de apoio ao combate dos peshmergas curdos.
Desde que o vídeo com a execução de Foley foi lançado, as forças americanas já participaram em 14 ataques perto da barragem de Mossul, um local estratégico e que foi recuperado esta semana pelos combatentes curdos das mãos dos militantes islamitas. Os raides dos drones americanos tinham a missão de dar cobertura às forças curdas e ao exército iraquiano nas montanhas a sudoeste da barragem. Fontes oficiais americanas confirmaram que os drones destruíram veículos e outros alvos pertencentes às forças do Estado Islâmico, incluindo pontos onde os jihadistas tinham colocado explosivos.
A forma como tem decorrido a operação curda já está levando os responsáveis a pensar em ampliá-la para outras regiões do país. O ministro curdo responsável pelas forças de segurança, Mostafa Said Qadir, afirmou que os raides “são muito eficazes, destroem os objetivos com precisão e isso baixa a moral do EI e aumenta a dos peshmergas”. Said Qadir ressalta que o êxito da ofensiva do EI se deve apenas pelo fato de ser “uma força terrorista, suicida e cruel” e à sua “brutalidade, à sua experiência de combate na Síria e à apropriação das armas que o exército iraquiano abandonou”.
Depois do vídeo de Foley, o grupo extremista divulgou ontem outro vídeo em que mostra a conversão ao islamismo de dezenas de membros da minoria religiosa curda yazidi. A gravação começa pela definição dos yazidis como “uma seita de infiéis”, que pratica “rituais estranhos” como “a adoração do maldito Satanás” e depois de recitar a shahada, a profissão de fé islâmica, os yazidis são vistos rezando uma oração muçulmana, e vários declaram que o islã é “a religião verdadeira e da justiça”.
A ofensiva do Estado Islâmico continua sendo condenada até entre países muçulmanos, como a Arábia Saudita. Ontem foi a vez do presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, o país com maior população muçulmana, de afirmar que o grupo extremista “embaraça e humilha” o islã. O Irã também se mostrou disponível para participar no combate aos extremistas, mas em troca de progressos nas negociações nucleares com as grandes potências, afirmou o chefe da diplomacia iraniana, Mo-hammad Javad Zarif. A França, membro do grupo 5+1 (cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha), que negoceia com Teerã, pediu a todos os países do Oriente Médio, incluindo o Irã, que agissem em conjunto contra os jihadistas. “Se aceitarmos fazer alguma coisa no Iraque, a outra parte nas negociações deve fazer alguma coisa em troca”, disse Zarif à televisão estatal, pedindo ainda o cancelamento de “todas as sanções” econômicas decretadas pela ONU, os Estados Unidos e a União Europeia. As negociações devem ser retomadas em setembro com vista a garantir o caráter exclusivamente pacífico do programa nuclear iraniano.