Ambições expansivas dos militares chineses ameaçam região

27/11/2012 21:20 Atualizado: 27/11/2012 21:20
Economia em contração aumenta influência dos militares chineses
Embarcações da guarda costeira japonesa e taiwanesa usam jatos d’água numa disputa nas proximidades das disputadas ilhas Diaoyu/Senkaku no Mar Oriental da China em 25 de setembro de 2012 (Sam Yeh/AFP/Getty Images)

Enquanto a economia da República Popular da China se aperta, assim também aumentará sua agressividade, especialmente nos Mares do Sul e Oriental da China, prevê Gordon Chang, um especialista em China.

Segundo Chang, estamos vendo o fim do crescimento de três décadas da China: a economia chinesa está desacelerando rapidamente; a liderança está dividida; e a transferência de poder, que culminou no 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), não foi nada suave. Os chineses também estão criticando abertamente o sistema, indo para as ruas e para websites de mídia social realizando protestos em massa.

No entanto, ao invés de uma primavera árabe, Chang acredita que os militares já estão se movendo para preencher o vazio de poder, exercendo maior influência na política externa e flexionando seus músculos na região. “Houve indicações ao longo da semana passada sobre os militares receberem controle muito maior após o 18º Congresso do PCC”, disse Chang em entrevista por telefone.

Chang, um advogado e autor do livro de 2001 ‘The Coming Collapse of China’, viveu e trabalhou na China e em Hong Kong por quase duas décadas. Ele credita que o boom econômico da China foi uma combinação de momento, sorte e enganação descarada do sistema internacional.

As políticas de “reforma e abertura” do ex-líder Deng Xiaoping coincidiram com o fim da Guerra Fria e uma redução das barreiras políticas ao comércio internacional. Com uma força de trabalho enorme, flexível e hábil, a China rapidamente atendeu as demandas de um mercado internacional aberto.

Quando a China entrou para a Organização Mundial do Comércio (OMC), Chang esperava que a China fosse forçada a jogar pelas regras, o crescimento seria refreado e a liderança suportaria o peso do descontentamento popular.

No entanto, a comunidade internacional foi em grande parte complacente com o regime chinês, possivelmente na esperança que ele continuaria a reforma. O mundo desenvolvido fez vista grossa para as transgressões comercias e de propriedade intelectual e para a manipulação da moeda e se recusou a enfrentar a China na proteção do mercado doméstico.

O “ponto atraente” da China agora está acabado, diz Chang. “A China não está mais reformando e o ambiente externo favorável se tornou pouco acolhedor enquanto a economia global se desgasta.” “A economia chinesa pode já estar em recessão”, disse ele. No entanto, os problemas maiores da China não são econômicos, mas políticos.

A transferência de poder que ocorre uma vez a cada década e que desta vez passou de Hu Jintao para o novo líder Xi Jinping, normalmente, é tão formal e ensaiada que é chata. Mas este ano, o evento em novembro foi repleto de rumores de golpe, luta entre facções, assassinato, traição e houve até mesmo o desaparecimento por duas semanas do indicado próximo líder.

Em grande parte, o caos é resultado da luta entre os defensores da velha guarda maoísta, da facção de Shanghai do ex-líder chinês Jiang Zemin, que inclui o político desgraçado Bo Xilai e o marginalizado ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang, contra a facção da Liga da Juventude Comunista de Hu Jintao, o líder que acaba de deixar o cargo.

Ambas as facções têm usado os militares para satisfazerem suas necessidades, dando poderes políticos ao Exército da Liberação Popular. “Haverá mais oficiais militares designados para comitês oficiais e eles começarão a deter muito mais influência efetiva sobre Xi Jinping”, disse Chang.

Os gastos militares ultrapassam a estratégia e o novo estatuto deu àqueles nas forças armadas uma confiança que não augura nada de bom para a região. Jovens oficiais desenvolveram uma arrogância e predisposição para a ação, que Chang compara com os jovens oficiais japoneses de 1930. “Eles se tornaram perigosos, arrogantes e muitas vezes belicosos”, disse ele, “eles estão procurando briga.”

Chang acredita que seja a influência militar que está por trás das posições agressivas da política externa no Oriente e nos mares da China. Ao reivindicar a maior parte do território marítimo disputado para si, a China conseguiu arranjar brigas e alienar muitos de seus vizinhos.

Isso inflamou particularmente as relações com o Japão, alimentando o nacionalismo violento, tanto internamente como no exterior, ao alegar que as pequenas e desabitadas ilhas Senkaku, conhecidas como Diaoyu na China, seriam ricas em recursos naturais.

O Ministério da Defesa japonês informou que dois destroieres chineses patrulhavam a área ao redor das ilhas. “Se eles estão realmente enviando navios de grande porte, então, isso é um grande problema”, disse Chang.

Uma abordagem mais agressiva na política externa está começando a se manifestar em novas áreas também – a liderança chinesa decretando guerra econômica contra as Filipinas e o Japão, por meio de restrições comerciais, depois das disputas marítimas se intensificarem.

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