Aloysio Nunes: da extrema esquerda na Ditadura à cúpula do PSDB

16/07/2014 15:50 Atualizado: 16/07/2014 17:03

“Foi como se tivesse caído uma placa de chumbo em cima da minha cabeça.” É assim que o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) resume a reação que teve ao saber que em 31 de março de 1964, destacamentos militares marchavam determinados a tirar do poder o então presidente João Goulart, abrindo caminho para uma ditadura que durou 21 anos.

Há cinco décadas atrás, Aloysio estudava Direito na tradicional faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo. Quando provocado a buscar na memória o pode destacar sobre aqueles dias, o tucano lembra que era integralmente partidário das reformas defendidas por Jango, e afirma que tinha muito “entusiasmo” pela linha de pensamento esquerdista.

Quando o golpe foi deflagrado, o líder estudantil entrou de cabeça na militância política, integrando as fileiras do Partido Comunista Brasileiro a partir de 1965. Foi nesse contexto que Aloysio conheceu os guerrilheiros Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira. A sintonia fez o senador seguir os dirigentes comunistas rumo à ALN (Aliança Libertadora Nacional), uma organização radical que apostava na luta armada contra um governo armado. Foi quando o jovem estudante de codinome Mateus teve de pegar em armas – sem nunca disparar um tiro, frisa. Ficou marcado pela participação no assalto (ou “expropriação”) ao trem pagador, e acabou chamando a atenção das autoridades.

Não tardou até que seus companheiros virassem inimigos públicos do Estado e fossem caçados pelas forças de repressão. Quando Aloysio soube, em 1968, que sua prisão estava prestes a ser decretada, exilou-se na Europa, instalado-se durante bom intervalo de tempo na França. Lá, teve acesso ao Partido Comunista Francês, a estudos marxistas e, principalmente, à história de uma Nação que coquistou a liberdade e consolidou a democraria séculos antes do Brasil.

“A partir daí, comecei a refletir sobre qual seria as consequências sobre esse tipo de estratégia [enfrentamento armado ao regime militar], e cheguei à conclusão que o caminho correto era o da luta de massas, a luta política, e fui aos poucos me afastando da ALN”, relata Aloysio Nunes, durante entrevista exclusiva ao Jornal GGN.

Aloysio deixou o PCB em 1985, ano que marca o término do período ditatorial. Depois disso,  passou pelo MDB, PMDB, até chegar à legenda atual, que o fez ministro e vice-governador. Segundo o tucano, as raízes marxistas foram deixadas para trás no mesmo passo em que o País foi evoluindo e o socialismo se consagrou como modelo de governo apenas em países como Cuba e Coréia do Norte. “Eu não haveria de continuar fazendo parte de um sistema que não existe mais”, sustenta.

Leia a entrevista na íntegra com o ex-guerrilheiro, para quem hoje o PT representa a ideologia de “centro-direita” e a Lei da Anistia “é o preço que pagamos pela democracia”, acessando: Jornal GGN.

Jornal GGN

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