Aliança do Pacífico adota modelo de livre comércio apenas no discurso

07/07/2014 10:00 Atualizado: 06/07/2014 23:04

O mais novo bloco econômico da América Latina, a Aliança do Pacífico é constantemente aclamada pela mídia e por inúmeros economistas liberais. Geralmente, os elogios ao grupo composto por Chile, Colômbia, Peru e México vêm acompanhados de críticas e comparações ao Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai e Paraguai.

De fato, enquanto alguns membros do Mercosul, como Brasil, Argentina e Venezuela se encontram em uma situação econômica complicada (aumento do endividamento, assim como da inflação e fraco crescimento econômico) tendo seus índices de liberdade econômica caído durante os últimos anos na pesquisa da Fundação Heritage, os integrantes da Aliança mostram um ambiente de negócios muito mais estável, tendo os principais índices econômicos crescido, como é o caso do Chile.

Além disso, as tensões internas entre os membros do Mercosul, como é o caso da questão do Paraguai e dos constantes impasses entre Brasil e Argentina, contrastam com os avanços comerciais da Aliança. Recentemente, os países membros deste bloco assinaram um acordo de redução de tarifas em 92% dos produtos negociados entre si. No final, enquanto a Aliança quer fazer acordos comerciais com o mundo, o Mercosul visa o desenvolvimento regional.

Por mais que o modelo da Aliança seja mais eficiente que o do Mercosul, no que se refere ao desenvolvimento comercial, ela ainda não adota um modelo genuíno de livre mercado. Segundo o economista Murray N. Rothbard: “um genuíno livre comércio não requer um tratado”. Tal afirmação faz sentido, uma vez que, caso um produtor de maçãs argentino quisesse exportar a sua produção para o Brasil, ele só precisaria encontrar um comprador brasileiro interessado e enviar suas maçãs para ele. Não há necessidade de missões diplomáticas, rodadas de comércio, discussões na Organização Mundial do Comércio e muito menos criação de blocos econômicos, ou acordos de livre comércio.

Quando o Estado, junto com seus burocratas e figuras políticas, entra numa negociação comercial, ele não está interessado atrair os produtos de melhor qualidade e com o menor preço para o seu país. Ele está preocupado e “proteger a produção nacional”, que muitas vezes não tem capacidade para competir com a das empresas estrangeiras. Como as empresas nacionais são menos eficientes (pois produzem produtos mais caros e de menor qualidade que os estrangeiros), elas solicitam para que o governo crie quotas de importação, tarifas, leis antidumping e outras barreiras que os beneficiam em detrimento da população.

Portanto, por mais que a Aliança para o Pacífico adote um discurso liberal e de livre comércio, este modelo está longe de ser o que vai gerar o maior bem estar possível para os consumidores. No fundo, ele é ainda mais uma maneira de proteger os “amigos do Rei” da concorrência estrangeira, em detrimento de inúmeros indivíduos. Segundo Rothbard: “Se um autêntico livre comércio algum dia surgir no horizonte político, haverá uma maneira infalível de saber disso. Todo o complexo que envolve o governo, a mídia e as grandes corporações irá se opor a ele com unhas e dentes.”. Por isso não creio na Aliança do Pacífico, muito menos no Mercosul, como catalisador do comércio internacional.

Mateus Maciel é acadêmico da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ

Referências:

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=65

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,alianca-do-pacifico-assina-acordo-comercial,177529e

http://www.cartacapital.com.br/internacional/criada-a-direita-alianca-do-pacifico-rivaliza-com-o-esquerdista-mercosul

Instituto Liberal

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